O dano moral do Dr. Gandra é caro, o do peão é barato
Ontem, comentou-se aqui que o presidente do Tribunal do Trabalho, Ives Gandra Martins Filho, representava “o mais puro pensamento escravocrata e censitário, no qual as pessoas valem não como cidadãos e seres humanos, mas pelo que ganham, pela renda que tem”, pelo fato de defender, como fez a “deforma trabalhista”, que o dano moral sofrido por trabalhadores seja indenizado não pela gravidade, mas pelo salário que ele recebe.
Hoje, na Folha, Bernardo Mello Franco arrisca a razão para o Dr. Gandra pensar assim, em seu artigo “Reforma é boa para os outros“:
No sistema brasileiro, Gandra pertence a uma casta superior: a elite do funcionalismo. Além do salário de R$ 30 mil, ele recebe R$ 6,5 mil em auxílios e gratificações. Em dezembro passado, seu contracheque chegou a R$ 85,7 mil, incluindo 13º, férias e um extra de R$ 3.300 por “instrutoria interna”. Definitivamente, o ministro não precisa se preocupar com as consequências da reforma que apoia.
Portanto, é bom eu me cuidar com o que digo. A moral do Dr. Gandra é cara, não “baratinha” como a nossa, simples mortais.
Então, será que alguém pode perguntar em meu lugar porque Sua Excelência suspendeu – antes mesmo da malfadada portaria do ministro do Trabalho – a divulgação da lista dos empregadores praticantes de trabalho escravo, decisão que acabou derrubada por outro ministro do TST?
Ou, como Gilmar Mendes e a ministra Luislinda Valois, ele pensa que trabalho escravo é o dele?
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