quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Carnavalesco Jack Vasconcelos: 'Tem que se posicionar' Com críticas à Reforma Trabalhista, enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida

Carnavalesco Jack Vasconcelos: 'Tem que se posicionar'

Com críticas à Reforma Trabalhista, enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida

Por Bruna Fantti
Atualizado às 13/02/2018 10h20

Jack Vasconcelos, formado em Belas Artes pela UFRJ, gostou mais do último setor da Paraíso do Tuiuti
Jack Vasconcelos, formado em Belas Artes pela UFRJ, gostou mais do último setor da Paraíso do Tuiuti - Reprodução Instagram
Rio - Com críticas à Reforma Trabalhista, ala chamando manifestantes pelo impeachment de fantoches e um 'presidente vampiro', o enredo da Paraíso do Tuiuti foi o mais comentado da Avenida. Confira a entrevista com o carnavalesco da escola, Jack Vasconcelos.
O DIA: Seu desfile teve tom crítico à política vigente. O senhor é filiado a algum partido político ou um cidadão inconformado o atual governo?
Sou um inconformado por natureza, todo artista tem esse inconformismo dentro dele. Se a arte não proporcionar o pensamento, a discussão, ela não tem muita função.
O presidente vampiro do neoliberalismo foi entendido por todos como sendo Michel Temer. A última ala como uma crítica à Reforma Trabalhista. Foi um posicionamento político?
Sou formado pelo ensino público, fui uma criança de escola pública, me formei em uma federal, em Belas Artes. Então, a população ajudou a me formar, foi dinheiro público que ajudou a pagar meus estudos e a manter as instituições em que me formei. Preciso de alguma forma retribuir para a população esse investimento. É a maneira que eu posso prestar o serviço a ela (à sociedade), através da minha arte. Acho que é bom as pessoas se posicionarem mesmo. Acho bacana que o Carnaval tenha esse espaço e papel.
Acha que a Sapucaí é um bom espaço para isso?
No Carnaval as pessoas liberam aquilo que guardam dentro delas durante o convívio social educado e civilizado no resto do ano. E o Carnaval sempre foi o espaço para esse tipo de ideia, para as pessoas colocarem para fora o que sentem, aquilo que elas querem gritar. E na verdade o que eu sou é uma antena. Vou captando essas ideias, anseios à minha volta e construindo o meu trabalho. Porque o meu trabalho representa uma comunidade, os anseios de parte da população.
Qual sua ala favorita e por quê?
Eu não tenho uma ala preferida. Todas elas tinham uma função e é uma sequência natural de outra. Mas sei das alas que causaram e cada um terá sua preferida por conta das suas convicções. O último setor que eu falo da escravidão ou da exploração da mão de obra dos mais desvalidos, dos mais pobres, o último setor foi o mais bacana. Exercitei minha cidadania.
A recepção do público e os comentários na internet foram grandes. O senhor atingiu o seu objetivo?
As pessoas precisam aprender a ficar mais espertas ao que chega de informação para elas, que vão comprando ideias e repassando isso como se fosse verdade, sem se dar o trabalho de ouvir outra fonte, ideia ou visão. E esse poder dessa propaganda forte que vai disseminando uma ideia a ser replicada. E nisso as pessoas vão mantendo sistemas que as prejudicam e não percebem. Acho que o desfile desse ano teve esse conceito no seu interior, na sua raiz. Se as pessoas conseguiram perceber isso de alguma forma, valeu a pena.
Algumas pessoas disseram que se sentiram desrespeitadas. O senhor teve esta intenção?
Sinto muito (se alguém se sentiu ofendido). Seria bom as pessoas pararem para pensar antes de tomar a decisão de seguir uma moda ou algo que uma campanha de jornal ou de TV diga para elas fazerem.

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