quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Pedro Casaldaliga, o eterno lutador

Pedro Casaldaliga, o eterno lutador 

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Pedro, Profeta e Poeta.
Em Homenagem aos 90 anos (16 de fevereiro de 2018) do mestre de todos nós.
Em Homenagem aos 90 anos (16 de fevereiro de 2018) do mestre de todos nós.
Quem poderia imaginar um catalão, sair de sua terra, nunca mais voltar e apaixonar-se pelos
povos indígenas da America latina?
Quem poderia imaginar em plena ditadura empresarial-militar, nos confins da Amazônia, um
homem franzino, usar a fé e a coragem para denunciar e exigir justiça, em defesa dos
trabalhadores, posseiros, povos indígenas e camponeses, humilhados e explorados?
Quem poderia imaginar , que jurado de morte pelos latifundiários da região, em 1976, foram à
Delegacia interceder por duas mulheres pobres que estavam sendo torturadas. E um dos
policiais, confundiu a aparência de bispo e assassinou seu colega, padre João Bosco Burnier,
em seu lugar?
Quem poderia imaginar, que um homem de igreja relutasse até os últimos instantes por que
não queria ser nomeado bispo, até ser convencido pelo seu melhor amigo, o bispo Dom Tomas
Balduino?
Quem poderia imaginar, que quando poucos podiam, ele se engajou desde a década de
setenta em defesa da causa dos povos nicaraguense, cubano, guatemalteco..
Quem poderia imaginar que esse homem, além de pastor e profeta, era um grande poeta?
Usou as letras e a força das palavras, para denunciar o injusto, solidarizar-se com os
trabalhadores e pregar as mudanças..Com sua vocação literária, ajudou a escrever a Missa da
terra sem males, a Missa dos quilombos.. cantada por nosso querido Miltom Nascimento e
outros músicos. E escreveu centenas de poemas, que expressam a linguagem da alma e do
coração.
Quem poderia imaginar, que apesar de viver no longínquo São Felix do Araguaia, e das
dificuldades de comunicação da época, contribuiu decisivamente para articular e fundar,
primeiro, o CONSELHO MISSIONARIO INDIGENA(CIMI), na CNBB, para defender os povos
indígenas. E depois a Comissão Pastoral da Terra(CPT), como um serviço ecumênico dos
cristãos em apoio à organização dos camponeses brasileiros?
Quem poderia imaginar que um bispo brasileiro, com todo seu poder e influencia, preferisse
viver como pobre, entre os pobres, com suas sandálias havaianas e sua sabedoria de
verdadeiro mestre?
Quem poderia imaginar sua coragem, de ir a Roma e dizer umas verdades para o todo
poderoso cardeal Ratzinger? Pedro foi um defensor e praticante do ecumenismo, de todas as
práticas e crenças religiosas, de um Deus-pai- mae-irmão, de todos e todas, que aparece em
diferentes formas e práticas. Às vezes, até nas manifestações da natureza e sobretudo na voz
do povo!

Quem poderia imaginar, que apesar de conviver muitos anos com seu “primo” parkison, como
o chama, nunca desanimou , recusando-se a mudar para outros centros com maior atenção
médica.
Pedro tornou-se um grande brasileiro e latino-americano. Um exemplo de luta, dignidade e
coerência. É nosso orgulho , dos povos indígenas, dos camponeses, dos pobres e de todas as
igrejas. Com seus noventa anos de corajosa teimosia, palavra, que gosta muito de usar.
Certa vez disse aos jornalistas da imprensa burguesa, que criticavam nossas ocupações de
terra, “Se o MST não existisse teríamos que criá-lo! “
O MST se orgulha de seu carinho e agradece seu exemplo!
Por Joao Pedro stedile,
(Conheci Dom Pedro numa ocupação urbana, Vila Santo Operário, em Canoas-RS, nos idos de
1979, junto com o Irmão Antonio Cecchin. Cultivo desde então, admiração e amizade. Ele
esteve em muitas atividades do MST, sempre nos ajudou com sua presença, reflexões, escritos
e sobretudo seu exemplo. Foi um dos privilégios que a vida me deu).

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