quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Documento une esquerda no papel, mas Frente Ampla continua distante

Política

Eleições

Documento une esquerda no papel, mas Frente Ampla continua distante

por Nivaldo Souza — publicado 21/02/2018 18h38
O PSB se nega a assinar o documento conjunto na véspera do lançamento e o PDT espera que o alinhamento costure um apoio a Ciro Gomes no segundo turno
PCdoB/Câmara
Documento une esquerda no papel, mas Frente Ampla continua distante
Reunião em Brasília com dirigentes das fundações de legendas progressistas
O documento “Unidade para Reconstruir o Brasil”, lançado na terça-feira 20 pelas fundações de quatro partidos de esquerda (PCdoB, PDT, PSOL e PT), envolveu uma costura de quase seis meses de negociações em torno de um objetivo comum: redigir um manifesto sem discutir a ideia de uma candidatura única. A debandada de última hora do PSB atesta a dificuldade de união dos interesses múltiplos ao longo da negociação, que se pretendia um ensaio de formação de uma frente ampla na disputa eleitoral deste ano.
O PSB participou das conversas do documento desde o início, por meio do presidente da Fundação João Mangabeira, o ex-governador capixaba Renato Casagrande. Às vésperas do lançamento do documento, os socialistas desistiram de assinar. O alinhamento eleitoral do partido está em disputa e só deve se definir após a convenção nacional da legenda, no início de março.
O encontro será decisivo para o PSB decidir se terá candidato próprio à presidência da República – hipótese pouco viável devido à ausência de um nome com envergadura nacional - ou se apoiará outra legenda. A ala paulista, liderada pelo vice-governador Márcio França, negocia apoio ao tucano Geraldo Alckmin, a quem pretende suceder no comando do estado mais rico do País.
O presidente nacional do PSOL, Juliano Medeiros, foi pego de surpresa com a ausência do PSB no apagar das luzes da assinatura do documento. Uma das explicações, segundo ele, é que o partido vive uma “tensão interna” desde a morte de Eduardo Campos, durante a campanha de 2014.
Cada um por si?
Apesar das especulações, a formação de um bloco partidário progressista unido em torno de um nome único para disputar o Palácio do Planalto nunca esteve nas conversas preparatórias do documento.
“Ficou claro desde o começo que só tinha espaço para conversar sobre programa (partidário) se o tema eleitoral saísse da roda. Era uma reivindicação muito clara do PDT e do PCdoB. A gente também deixou muito claro que uma coisa era debater pontos comuns para reconstruir o País depois do golpe, e outra coisa era uma unidade eleitoral”, diz Medeiros.
Renato Rabelo, presidente da Fundação Maurício Grabois, do PCdoB, afirma que o documento é um passo mínimo para uma discussão de alianças eleitorais no futuro. “Antes não havia base nem para um diálogo. Agora se estabeleceram algumas diretrizes”. Segundo Rabelo, a articulação das fundações permite vislumbrar, ao menos, uma possibilidade de união no segundo turno.
Manoel Dias, presidente da fundação do PDT, confirma que os partidos evitaram discutir uma candidatura única durante a elaboração das diretrizes, mas indica que aproximação é estratégia para o PDT num eventual segundo turno com a participação de Ciro Gomes. “Claro que isso aí seguramente pode, se não no primeiro turno, ajudar no segundo turno, na medida em que cria uma afinidade ideológica, cria uma aproximação”.

Nenhum comentário:

Postar um comentário