DIA DE LUTA
1º de Maio unificado reúne milhares em Curitiba por Lula e eleições livres
Ex-presidente enviou mensagem, lida por Gleisi Hoffmann. Ato marcou unidade da esquerda na defesa da democracia e dos direitos dos trabalhadores
por Tiago Pereira, da RBA publicado 01/05/2018 20h24, última modificação 01/05/2018 20h41
RICARDO STUCKERT
Milhares sonharam com Lula, neste 1º de Maio em Curitiba, por um país que já tivemos, e podemos voltar a ter
São Paulo – As principais centrais sindicais do país realizaram ato de 1º de Maio unificado com milhares de pessoas, na Praça Santos Andrade, em Curitiba, que se reuniram em defesa da democracia e pela liberdade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além das lideranças sindicais, o ato também reuniu três pré-candidatos à Presidência, que também destacaram a unidade como estratégia para combater os retrocessos contra os direitos dos trabalhadores e a escalada da violência fascista.
A presidenta do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), leu uma mensagem enviada por Lula aos cerca de 40 mil "companheiros" que estiveram nesta terça-feira (1º) na capital paranaense, segundo os organizadores. Gleisi relatou que Lula está bem, física e emocionalmente, e "melhor ainda politicamente. E não está preocupado com a sua atual situação, mas sim com o povo brasileiro e com os rumos deste país."
O ato destacou também a importância de renovação do Congresso Nacional durante as próximas eleições. Além de "Lula Livre", que deu o tom geral das manifestações, as lideranças sindicais e políticas ressaltaram que quem votou a favor de medidas como a reforma trabalhista e a Emenda Constitucional 95, que congela investimentos sociais por 20 anos, não merecerá os votos da classe trabalhadora nas próximas eleições em outubro.
A pré-candidata do PCdoB, deputada estadual Manuela d'Ávila (RS), afirmou que Curitiba "é hoje o símbolo da nossa unidade e da nossa resistência", e porque, na mesma cidade, segundo ela, "está preso o maior líder popular do Brasil, o primeiro presidente operário da história desse gigante país."
Ela destacou que, enquanto Lula estiver preso, numa ação arbitrária que poderia atingir a qualquer cidadão do país, todos os representantes da esquerda deverão ecoar as ideias do ex-presidente. "Enquanto ele estiver proibido de falar, todos nós somos as ideias de Lula Livre, por um país com um desenvolvimento mais justo e igualitário."
Já o pré-candidato do Psol, Guilherme Boulos, afirmou que este 1º de Maio era de luta não apenas pelos direitos dos trabalhadores, mas "pela democracia do nosso país". Segundo ele, não existe democracia sem igualdade econômica e social, mas a nossa democracia, já bastante "precária e limitada" está sendo destruída, principalmente com o crescimento da violência política perpetrada por "hordas fascistas", que assassinaram a vereadora Marielle Franco, que atiraram contra apoiadores de Lula, e que tentam por a culpa nos trabalhadores sem teto pela tragédia ocorrida na madrugada desta terça-feira em São Paulo.
"Os tiros deles, as prisões, as mentiras, não vão parar a nossa resistência. Vamos continuar nas ruas ocupando e lutando. Apesar de tudo o que eles dizem, vamos seguir ocupando a política, em favor de uma sociedade justa e livre", disse Boulos.
O presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou que foi Lula que forjou a unidade ocorrida neste Dia do Trabalhador de resistência em Curitiba. "1º de maio não é feriado, é dia de resistência, de luta e enfrentamento contra a burguesia e o capitalismo. É isso que estamos fazendo aqui." Ele destacou também que a palavra de ordem "Lula Livre" já é internacional. "O mundo sabe, mesmo com a mídia brasileira mentindo, que o Lula é um preso político. E é (preso político) porque ele defende os interesses dos trabalhadores e trabalhadoras."
"Eles colocaram o pé no freio, querem acabar com as conquistas econômicas e políticas. Estão vilipendiando a Constituição Federal", afirmou o presidente da CTB, Adilson Araújo. "Vamos mudar o jogo lutando incansavelmente pela candidatura do ex-presidente Lula."
O presidente da Nova Central, José Calixto Ramos, também ressaltou o dia que misturava "alegria e tristeza", devido a ausência de Lula no evento, e disse que esse governo pretende tratar os sindicatos como organizações de segunda categoria, mas o sindicalismo, segundo ele, "é como uma chama que nunca se apaga", e que crescia na mesma medida dos ataques de Temer aos direitos dos trabalhadores.
O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, ressaltou que a unidade dos trabalhadores foi "fundamental" para impedir que Temer levasse adiante seu projeto de reforma da Previdência, e lembrou que nas próximas eleições, além de Lula candidato, é importante garantir a eleição de deputados e senadores comprometidos com os direitos da classe trabalhadora.
Antes dos discursos das lideranças sindicais e políticas, os trabalhadores puderam acompanhar shows da sambista Beth Carvalho e do rapper Renegado. A atriz Lucélia Santos bradou "Lula Livre, Marielle Presente". A festa de resistência se encerrou com a música de Aña Canas.
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