sábado, 28 de julho de 2018

MST Encontro de sem-terrinhas mostrou que diversão também forma cidadãos


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Encontro de sem-terrinhas mostrou que diversão também forma cidadãos

Evento em Brasília foi realizado pelo MST e coordenado pelas próprias crianças. Em quatro dias de atividades, cerca de 1.200 pequenos ativistas brincaram e aprenderam a lutar pelos seus direitos
por Redação RBA* publicado 27/07/2018 12h07, última modificação 27/07/2018 12h25
ELITIEL GUEDES/MST
ato sem terrinha.jpg
Depois de entregar manifesto ao MEC, crianças fazem ato na Praça dos Três Poderes
São Paulo – O Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha foi encerrado nesta quinta-feira (26), em Brasília. O evento realizado pelo MST reuniu 1.200 crianças de 24 estados com o lema "Sem Terrinha em Movimento: Brincar, Sorrir, Lutar por Reforma Agrária Popular!". E trouxe como temas principais direitos da criança a educação e a uma alimentação saudável. O movimento é um dos maiores produtores orgânicos do Brasil. 
O ensino no campo foi o assunto da terça-feira (24). A plenária lançou o Manifesto das Crianças Sem Terrinha, elaborado durante dois anos de discussão e lido por diversas crianças. 
A sem-terrinha Kaylane Dourado, de Goiás, ressaltou a importância de o poder público garantir escolas em assentamentos e acampamentos. "Quando  a gente vai para a escola, passamos mais tempo dentro do ônibus do que na própria escola. Um dia eu estava indo para escola e a van quebrou. Eu estava de calça branca e lá estava cheio de lama. Minha calça ficou vermelha”, contou. "A gente sai da roça para estudar na cidade, sendo que a gente tem direito de ter escola na roça." 

Brincadeiras e palavras de ordem

A quarta-feira (25) foi marcada pela diversão, e também por luta. As crianças fizeram uma visita cultural à Esplanada dos Ministérios. Depois entregaram ao Ministério da Educação o manifesto que denuncia o fechamento de escolas nas áreas de Reforma Agrária e em defesa da educação do campo.
As brincadeiras foram seguidas por palavras de ordem e as músicas das crianças tomaram conta da Esplanada. Do MEC, o cortejo seguiu para a Praça dos Três Poderes, onde realizaram intervenções culturais na defesa da educação.
JULIANA ADRIANO/MSTencontro nacional de sem terrinha
Crianças fazem ato de encerramento do Encontro em Brasília, que começou no último dia 23

Aprendizado

O encontro também foi marcado por atividades educacionais. Durante as tardes, os sem terrinha se dividiam em oficinas culturais e lúdicas. Foram 35 durante o segundo e o terceiro dia. 
As crianças contavam suas próprias e, integradas à equipe de comunicação do Encontro, foram produzidos fotos, textos, vídeos, uma cobertura de rádio sobre o evento. Ao final do encontro, um Jornal Sem Terrinha foi impresso para que os presentes levassem para casa.
Josué Rodrigues Costa, de 11 anos, participou da oficina Construção de Histórias. Nela, o garoto, que deseja se tornar escritor, relatou sua vida no assentamento Dom Tomás Balduíno, na cidade de Formosa, em Goiás. Escreveu sobre plantação e colheita de alimentos saudáveis, e também o descontentamento quando o assunto são os agrotóxicos e a caça de animais.
"Eu gosto de plantar e colher alimentos orgânicos, sem agrotóxicos, sem qualquer adubo, porque além de prejudicar nossa vida, prejudica a vida dos animais silvestres, como, por exemplo, matam muitos peixes. A regra que tem que ser cumprida é que não poderia usar nenhum tipo de química nas plantas", escreveu Josué. 
JÉSSICA MOREIRA/MSTjosué.jpg
Josué expressa seu gosto pela plantação e colheita de alimentos saudáveis

Alimentação saudável

No último dia do encontro as crianças também debateram como o modelo agrícola predominante no Brasil, que transforma alimentos em mercadoria, é responsável por danos à saúde humana e às culturas alimentares regionais.
Durante as falas das crianças, foi apontada a necessidade de preservação das sementes crioulas como contraponto ao modelo mercadológico. A sem terrinha vinda do Ceará Dandara dos Santos Feitosa, de 10 anos, destacou a importância de sua família para a compreensão de que um modelo agrícola alternativo é possível..
"Minha escola é dentro do assentamento. Lá, a merenda escolar é produzida por assentados e assentadas. Os sem terrinha se alimentam do fruto da reforma agrária. Com as pessoas e a natureza convivendo em harmonia, teremos comida saudável em nossa mesa todo dia", disse.
O 1º Encontro Nacional das Crianças Sem Terrinha foi coordenado pelas próprias crianças durante os quatro dias de atividades, com ajudo de cerca de 400 educadores.
Com informações do MST

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