sábado, 28 de julho de 2018

VIOLÊNCIA NO CAMPO Famílias de acampamento em Marabá são ameaçadas e atacadas por pistoleiros

VIOLÊNCIA NO CAMPO

Famílias de acampamento em Marabá são ameaçadas e atacadas por pistoleiros

Ação aconteceu na madrugada deste sábado no acampamento Hugo Chávez, do MST. Pertences das famílias foram destruídos pelo fogo
por Redação RBA publicado 28/07/2018 11h04, última modificação 28/07/2018 11h48
MST
acampamento hugo chavez 28 jul18.jpg
Pertences das famílias, inclusive automóveis, foram destruídos pela ação dos pistoleiros, que atearam fogo no acampamento
São Paulo – As famílias do acampamento Hugo Chávez, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), na região de Marabá, sudeste do Pará, foram ameaçadas e atacadas por pistoleiros na madrugada deste sábado (28). As 450 famílias reocuparam na manhã de ontem a fazenda Santa Tereza, que é uma área grilada.
Durante a noite, homens armados ameaçaram a retirada do acampamento e fizeram disparos com armas de fogo. A assessoria de imprensa do MST informou que não há feridos até o momento, mas que os pistoleiros atearam fogo em todo o acampamento. Algumas pessoas estão desaparecidas.
Segundo as últimas informações da assessoria de imprensa do MST, todo o ataque foi feito pela policia da região. Um dos policiais que estava no ataque é da Delegacia do Conflitos Agrários, e foi reconhecido por uma acampada.
As famílias relataram os momentos de pânico e terror que sofreram. O MST divulgou nota de repúdio, para denunciar e informar a sociedade e as autoridades para que tomem medidas contra mais esta tentativa de assassinato e intimidação de trabalhadores e trabalhadoras no campo.

Descaso do poder público

Desde dezembro, quando foram despejadas às vésperas do natal, as famílias estavam em uma área provisória. Cansadas do descaso do poder público e como forma de denúncia da paralisia da reforma agrária retornaram para área que é grilada pelo latifundiário Rafael Saldanha.
Desde 2014, a área é reivindicada para reforma agrária e as famílias camponesas sofrem constantes ameaçadas de pistoleiros da região. Vários foram os episódios de violências inúmeras situações de violação de direitos humanos relatados e denunciados nacionalmente e até internacionalmente, segundo o MST.
Os camponeses e camponesas retornaram para reconstruir a escola, fazer as roças e produzir seu próprio alimento. Fazer do lugar moradias para famílias e não servir de pasto e degradação do meio ambiente.
No final do ano passado na região Sul e Sudeste do Pará, mais de 20 áreas reivindicadas para a reforma agrária receberam reintegração de posse durante o período do Natal e inúmeras pessoas ficaram desalojadas.
As famílias que retomaram o acampamento afirmam que continuarão na terra resistindo. A ação também faz parte da Jornada de lutas que ocorre em todo país por terra, em defesa da Reforma Agrária que reivindica o assentamento imediato das mais de 150 mil famílias Sem Terra e contra a judicialização da política.
Durante o governo de Michel Temer nenhuma família foi assentada no ano de 2017 e os cortes no orçamento para na área chegaram a 80%. No Pará, segundo os dados preliminares divulgados recentemente do IBGE, do Censo Agropecuário de 2017 apresenta 281 mil produtores rurais, mas a maior uso da terra é destinada somente para pastagem. No entanto, é sabido também que mais de 70% da produção de alimentos no campo advém de pequenos produtores rurais, de famílias camponesas e que o estado do Pará continua campeão em mortes no campo.
MST / TWITTERfamilias no acampamento hugo chavez.jpg
Famílias retomaram ontem a ocupação, cansadas de esperar por uma ação do poder público em favor da reforma agrária
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