segunda-feira, 6 de agosto de 2018

Eleições 2018 Quem são os candidatos a vice escolhidos até agora?

Eleições 2018

Quem são os candidatos a vice escolhidos até agora?

por Redação — publicado 03/08/2018 14h07, última modificação 06/08/2018 14h26
PSDB fechou com a senadora Ana Amélia, enquanto Marina Silva vai de Eduardo Jorge; Bolsonaro escolheu um general da reserva e Ciro forma chapa puro-sangue
Fábio Rodigues Pozzebom / Agência Brasil e Marcelo Camargo / Agência Brasil
Ana Amélia e Eduardo jorge
Ana Amélia ficou marcada por defender violência contra caravana de Lula. Eduardo Jorge, pelos memes
Após Michel Temer manobrar para tirar Dilma Rousseff do poder, a escolha de um vice para compor as chapas presidenciais passou a ter um peso simbólico ainda maior. Quadros menos comprometidos com a fisiologia do Congresso ou de perfil mais ideológico são as principais apostas até o momento. 

Neste domingo 5, Jair Bolsonaro, do PSL, anunciou seu vice após diversas negociações frustradas: será o general da reserva Hamilton Mourão, que tem uma postura linha dura semelhante à do presidenciável. 
Na quinta-feira 2, o PSDB convenceu Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, a integrar a chapa de Geraldo Alckmin. Conhecida por seu perfil reacionário, a senadora tenta aproximar o tucano dos votos da extrema-direita, concentrados por ora em Jair Bolsonaro.
Já Marina Silva, da Rede, convidou Eduardo Jorge, do PV, para ser seu vice. Candidato a presidente em 2014, Jorge ficou famoso por seu estilo tranquilo e por comentários e reações que fizeram sucesso na internet naquelas eleições. Curiosamente, ambos são ex-petistas.
Com dificuldades para amarrar alianças com outros partidos, Ciro Gomes oficializou na manhã desta segunda-feira 6 a chapa puro-sangue com a também pedetista Kátia Abreu. No anúncio Ciro ressaltou a atuação de Kátia contra o impeachment de Dilma Rousseff, na época sua chefe. 
Álvaro Dias, do Podemos, também definiu seu vice. Será Paulo Rabello de Castro, do PSC, ex-presidente do BNDES. Já Henrique Meirelles, do MDB, anunciou Germano Rigotto, ex-governador do Rio Grande do Sul. Guilherme Boulos, do PSOL, foi o primeiro a definir sua chapa, e conta com Sônia Guajajara ao seu lado. 
Conheça um pouco da trajetória de alguns dos vices escolhidos até o momento. Novas definições devem ocorrer até 6 de agosto, quando as chapas devem apresentar um nome, que ainda pode ser modificado antes de 15 de agosto, limite para o registro das candidaturas presidenciais.
General Mourão (Bolsonaro): Fã de Ustra assim como o cabeça de chapa
 Antonio Hamilton Martins Mourão ingressou no Exército em 1972, na Academia Militar das Agulhas Negras, em Resende, no Rio de Janeiro, também frequentada por Bolsonaro. Foi instrutor da mesma academia, cumpriu missão de Paz em Angola e foi adido militar do Brasil na Venezuela. Ele também comandou a 6ª Divisão de Exército e o Comando Militar do Sul. 
Embora também seja militar, Bolsonaro tem um currículo bem mais modesto que o de seu vice no Exército. O presidenciável chegou a capitão, enquanto Mourão foi general de exército, segunda patente mais alta da coorporação. 
Nos últimos anos, Mourão passou a adotar um perfil linha dura semelhante ao de Bolsonaro. Em seu último discurso como general no Salão de Honras do Comando Militar do Exército, no fim do ano passado, chamou o torturador Carlos Bilhante Ustra de "herói". 
Chefe do DOi-Codi quando foram registradas 45 mortes e desaparecimentos de presos políticos, segundo a Comissão Nacional da Verdade, Ustra também costuma ser enaltecido por Bolsonaro. Na sessão da Câmara que aprovou o impeachment contra Dilma Rousseff, o presidenciável referiu-se ao torturador como o "terror" da ex-presidenta. Em recente entrevista ao Roda Viva, Bolsonaro disse que seu livro de cabeceira era "Verdade Sufocada", de autoria de Ustra. 
Antes de deixar o cargo de secretário de Economia e Finanças do Comando do Exército e seguir para a reserva, Mourão causou enorme polêmica ao defender, em uma palestra promovida pela maçonaria em Brasília em 2017, uma possível intervenção das Forças Armadas caso as instituições não resolvessem "o problema político"
À época, o militar afirmou que ou o Judiciário retirava da vida pública "esses elementos envolvidos em todos os ilícitos" ou o Exército teria de "impor isso". Ele afirmou que não existe uma fórmula de bolo para uma revolução ou uma intervenção, mas que haveria "planejamentos muito bem feitos".
Muitos cobraram à época uma punição para o general, mas Villas Bôas preferiu resolver o caso internamente e acelerar a aposentadoria de Mourão. 
Em 2015, o comandante do Exército também resolveu internamente outra polêmica. Exonerou Mourão do Comando Militar do Sul e o transferiu para a secretaria de Finanças após seu subordinado criticar abertamente o governo de Dilma Rousseff.
Há três anos, Mourão chegou a afirmar em uma apresentação que a mera substituição da petista, embora necessária em sua visão, não traria uma mudança significativa no "status quo", que dependeria do "despertar para a luta patriótica".
Ana Amélia (Geraldo Alckmin), "relho" contra os petistas
A senadora Ana Amélia fez carreira como repórter e apresentadora da RBS, afiliada da TV Globo no Rio Grande do Sul. Ela deixou a emissora em 2010 para concorrer ao Senado.
Como parlamentar, ela notabilizou-se por um discurso bastante conservador, um dos trunfos de Alckmin para tentar cativar o eleitorado de Bolsonaro.
Em abril deste ano, a senadora reagiu a uma entrevista da também senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT, à tevê Al-Jazeera. Ela declarou na tribuna do Senado sua preocupação com “essa convocação ao apoio dos países do mundo árabe [para libertar o ex-presidente Lula da prisão]”.
Ana Amélia acrescentou: Não teria “sido também um pedido para que o exército islâmico venha ao Brasil atuar aqui”, e sugeriu enquadrar Hoffmann na Lei de Segurança Nacional. Críticos da postura de Ana Amélia apontaram sua ignorância em relação à Al-Jazeera e à tentativa de reduzir o mundo árabe a extremistas religiosos.
Em março deste ano, ela também incentivou a violência contra a caravana de Lula pelo Sul do País, durante a qual os petistas foram alvos de ataques com pedras, ovos e até tiros. Em um encontro do PP para definir a candidatura do governo ao Rio Grande do Sul, a parlamentar elogiou os atos de manifestantes contra o ex-presidente.
"Penso que nós, o Rio Grande, sabemos fazer política de maneira respeitosa, atirar ovo, levantar relho (chicote), é para mostrar onde estamos nós, onde estão os gaúchos.", discursou. "Por isso que hoje quero cumprimentar Bagé, Santa Maria, Passo Fundo, Santana do Livramento, que botou a correr aquele povo que foi lá levando um condenado.
Kátia Abreu, a ruralista fiel a Dilma e crítica de Temer 
Kátia Abreu é umas figuras mais complexas da política brasileira, goste-se ou não dela.
Em 2014, assumiu o Ministério da Agricultura, Pecuária e Desabastecimento de Dilma Rousseff sendo chamada por ambientalistas de organismos como o Greenpeace de "Miss Desmatamento".
Tornou-se um dos quadros mais fiéis à ex-presidenta e uma rara exceção entre os agropecuaristas a se levantar contra seu impeachment, sendo uma das mais combativas parlamentares durante o processo. Agora, não estará ao lado da ex-chefe na disputa presidencial. 
Quando assumiu como ministra do governo Dilma, Kátia Abreu recebia críticas constantes da esquerda. Seu discurso favorável a transgênicos e agrotóxicos incomodava diversos setores. 
Dona de uma fazenda de soja e de gado no Tocantins, ela nunca escondeu suas posições contra a demarcação e o assentamento de terras.
Eduardo Jorge, sucesso nas redes sociais em 2014
Eduardo Jorge fez grande sucesso nas eleições presidenciais de 2014. Não nas urnas, mas nas redes sociais. Seus comentários e reações em meio aos debates foram alvos de diversos memes. 
Assim como Marina, Jorge é ex-petista.  Começou na política como deputado estadual e federal pelo PT em várias legislaturas. Ele filiou-se ao PV em 2004.
Jorge foi secretário de diversos prefeitos paulistas, como Luiza Erundina, Marta Suplicy, José Serra e Gilberto Kassab.
Nas eleições de 2014, ele ficou em sexto lugar no primeiro turno, com 0,61% dos votos. Mas o sucesso nas redes sociais foi estrondoso: foram muitas as brincadeiras com seu estilo tranquilo e com sua forma espontânea de responder aos seus fãs nas redes sociais, além de comparações com o "Seu Madruga".
Sônia Guajajara (Guilherme Boulos), representatividade indígena
Foto: Mídia Ninja
A vice da chapa do PSOL, Sonia Guajajara, concorre pela primeira vez a uma eleição. Essa é também a primeira vez que a campanha presidencial tem uma candidata indígena.
A maranhense de 44 anos nasceu na terra indígena de Arariboia, no povo Guajajara. Até os 14 anos trabalhou como doméstica e babá. Aos 15 se mudou para Minas Gerais a convite da Funai para estudar em um colégio interno, onde também cursou o magistério. Nesse período, retornou a terra natal e passou a dar aulas sobre os prejuízos do álcool, medidas preventivas de saúde, DST’S e drogas. Também dava aulas na rede municipal e começou a pesquisar o uso de plantas medicinais. Formou-se enfermeira e atuava principalmente com deficientes.
Sua atuação política de maneira mais articulada começou em 2001, quando entrou para Coordenação das Articulações dos Povos Indígenas do Maranhão. Em 2008, participou do Fórum Permanente da ONU - Organização das Nações Unidas para Questões Indígenas, em New York.
A partir desses espaços institucionais Sonia desenvolveu mobilizações e agendas de lutas do povo indígena no Brasil e no mundo. Nesses espaços passou a articular com os movimentos que lutam pelas causas ambientais e com parlamentares que se interessavam por essa agenda. Foi nesse momento que se aproximou do PSOL e depois de Guilherme Boulos.

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