O
futuro do trabalho no Brasil.
Nuvens muito sombrias avançam sobre o futuro da classe
trabalhadora brasileira. Enquanto os governos do PT se pautavam pela
valorização do salário mínimo, fortalecimento das organizações sociais e
geração de empregos através de investimentos feitos por estatais, o golpe de
2016 trouxe desespero e uma situação de ainda desconhecida insegurança para os
trabalhadores.
O trabalho informal, sem registro em carteira e sem
direitos, como salário fixo mensal, férias e 13º, voltou a crescer no Brasil.
Em 2017, um ano depois do golpe de estado, o país tinha 37,3 milhões de pessoas
trabalhando sem carteira assinada. O total de informais representa 40,8% da
população ocupada no país, o que significa que dois em cada cinco trabalhadores
e trabalhadoras estavam na informalidade no ano passado.
Os dados foram divulgados na quarta-feira (05) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE) e têm como base
informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Pnad Contínua. No
total, O Brasil perdeu mais de 2,3 milhões de postos de trabalho formal em dois
anos. Os dados analisados fazem referência até dezembro de 2017.
O número de trabalhadores no mercado informal, que
vinha diminuindo desde 2012, quando teve início a pesquisa, voltou a crescer,
sobretudo, após a entrada em vigor da reforma Trabalhista do ilegítimo Michel Temer
(MDB-SP), que legalizou o trabalho informal e as formas fraudulentas de
contratos de trabalho.
Em 2017, a proporção de trabalhadores informais era de
59,5% na Região Norte e 56,2% no Nordeste. Já no Sudeste e no Sul, as
proporções eram de 33,8% e 29,1%, respectivamente.
Os trabalhadores e trabalhadoras domésticas, que no
governo da ex-presidenta Dilma Rousseff tiveram os seus direitos reconhecidos
por meio da PEC das Domésticas, são as mais sofrem com a informalidade. A proporção
de informais entre as domésticas é agora de 70,1%.
Em segundo lugar, estão os trabalhadores que atuam em
atividades ligadas à agropecuária. A informalidade nesse setor atingiu 68,5% em
2017, ou seja, praticamente 2/3 do total de trabalhadores.
Os dados do IBGE apontam ainda que a proporção de
trabalhadores informais cresceu em todas as outras atividades, de 2014 a 2017,
com destaque para construção, indústria e demais serviços.
Os dados mostram ainda que a diferença entre os
salários pagos ao trabalhador com carteira assinada é, na média nacional, 76%
maior que daquele que não tem registro formal.
O rendimento médio mensal do trabalhador brasileiro em
2017 foi de R$ 2.039. Para o empregado com carteira assinada, o salário médio
era de R$ 2.038, enquanto para o sem carteira foi de R$ 1.158
P O negro no mercado de trabalho. Os números agora
apresentados pelo IBGE mostram que os arrochos feitos ao trabalhador nos
últimos anos pioraram especialmente a vida de segmentos da sociedade que na
última década haviam conquistado mais espaço.
Quase metade (46,9%) da população preta ou parda está
na informalidade. O percentual entre brancos é 33,7%. Um trabalhador branco
recebeu, em média, 72,5% a mais do que um profissional preto ou pardo em 2017.
Enquanto uma pessoa branca teve rendimento médio de R$ 2.615 no ano passado, um
negro (soma da população preta e parda) recebeu R$ 1.516.
“Ao longo da década tivemos uma melhora para a
população negra e para as mulheres de forma geral. De 2012 a 2014 eles tiveram
conquistas importantes, e agora eles se reposicionam ao lugar onde estavam
antes, e que é feito da estrutura histórica das condições de trabalho e de vida
no Brasil, calcado no racismo e no machismo”, explica a pesquisadora do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE),
Lucia Garcia, em matéria publicada por Carta Capital.
P E a pobreza aumenta. Em apenas um ano, entre 2016
e 2017, mais de 2 milhões de pessoas ultrapassaram a linha da pobreza no
Brasil. Outros 1,7 milhão passaram a viver na extrema pobreza no mesmo período.
Este é o resultado do golpe de 2016 para a grande maioria da população
brasileira que depende de políticas públicas e de emprego para viver com o
mínimo de dignidade.
Os golpistas que empalmaram o governo depois de 2016 já
reduziram ou extinguiram as políticas públicas criadas pelo ex-presidente Lula.
Paralisaram todos os investimentos em áreas como saúde e educação e suspenderam
obras de infraestrutura que geravam emprego e renda.
A consequência, como vimos acima, é o crescimento das taxas
de desemprego, contribuindo com o aumento da pobreza e extrema pobreza no
Brasil.
As informações da Síntese de Indicadores Sociais (SIS
2018) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que analisou o
mercado de trabalho, aspectos educacionais e a distribuição de renda da população
brasileira, a partir dos dados da PNAD Contínua e outras fontes trazem uma
única boa notícia.
O estudo mostra que um dos poucos dados positivos
encontrados pelos analistas foi na área da Educação. De acordo com os técnicos,
a análise educacional mostrou que a proporção de matrículas por cotas no ensino
superior público triplicou nos últimos sete anos: de 2009 a 2016, esse
percentual subiu de 1,5% para 5,2%.
Nas instituições privadas, no mesmo período, o
percentual de matrículas com ProUni subiu 28,1%, passando de 5,7% para 7,3%.
P Ainda o trabalho escravo! Uma operação de resgate
comandada por auditores-fiscais do Ministério do Trabalho, com apoio da Polícia
Rodoviária Federal, libertou 22 trabalhadores mantidos em condições análogas à
escravidão nas terras de Bom Retiro, em Santa Catarina, na sexta-feira (30). O
proprietário das terras ainda não foi identificado para ser autuado pelo
Ministério Público do Trabalho do estado (MPT-SC).
Os trabalhadores foram recrutados no Piauí para fazer a
colheita de cebola em diversas propriedades da serra catarinense, sem qualquer
comunicação ao Ministério do Trabalho e sem registro em Carteira de Trabalho.
Isso configura, em tese, crime de aliciamento e está previsto no artigo 207 do
Código Penal brasileiro.
Os auditores-fiscais encontraram os trabalhadores em
uma casa com três quartos, sem as mínimas condições de conforto e higiene. Eles
dormiam em pedaços de espuma improvisados, conviviam com graves problemas de
infiltração e a água da chuva invadia os cômodos do alojamento atingindo os
colchões e pertences.
Além disso, o empresário que contratou os trabalhadores
não fornecia água potável e filtrada, as instalações sanitárias estavam em
condições precárias de manutenção e higiene e tinha sujeira acumulada no local.
A equipe de fiscalização e autoridades da esfera criminal
estão investigando uma denúncia de que existem outros aliciadores na região e
que os trabalhadores estariam sendo pagos com drogas, especialmente crack.
P Quem é o “guru” do ex-capitão? Em várias oportunidades
o ex-militar que agora tomará posse no país como presidente já demonstrou seu
imenso “apreço” ao falso filósofo Olavo de Carvalho. Pelo que vimos nos jornais
mais recentes, o pulha que vive nos EUA indicou dois ministros para postos
influentes na Esplanada dos Ministérios: Ernesto Araújo nas Relações Exteriores
e Ricardo Vélez Rodríguez na Educação. E até se ofereceu para ser embaixador
brasileiro na terra dos patrões.
Mas quem é Olavo de Carvalho? O que se esconde por trás
desse fascista que mantém páginas na Internet para doutrinar jovens e criar
ódio contra todos os que desejam progresso e independência para o Brasil?
Sempre na penumbra, agora o “filósofo” foi desnudado e
a autora do favor ao povo brasileiro foi sua própria filha que concedeu uma
esclarecedora entrevista à Carta Capital e nos permitiu conhecer mais sobre
ele.
Sua imagem passada no Brasil é de um exemplo de “chefe
de família católica”, frequentando igrejas e fazendo adocicados discursos onde
defende a “família tradicional” e a “necessidade da fé para superar os problemas
do mundo moderno”.
Mas a realidade parece ser um pouco diferente. É o que
mostrou Heloisa de Carvalho, agora com 49 anos, na entrevista. Com detalhes e
muitas informações, conta que, na década de 1980, foi impedida pelo pai de
frequentar a escola. E só conseguiu se alfabetizar porque uma tia resolveu
enfrentar o sacripanta e a matriculou no Mobral, programa já extinto que servia
para alfabetização de adultos.
O ponto mais grave da entrevista é quando Heloisa conta
que Olavo de Carvalho, hoje ferrenho defensor da fé cristã e dos valores tradicionais
da família, viveu com sua família por mais de cinco anos em uma comunidade
esotérica muçulmana, em companhia de 20, 30 fieis. O grupo dividia quartos.
Neste período, diz a filha, Carvalho era adepto da poligamia, mantendo por
perto até três esposas ao mesmo tempo.
Na entrevista ela diz ainda que, quando tinha dez anos,
viu a mãe tentar dar cabo de sua própria vida, cortando os pulsos dentro de uma
banheira. Estava em um estado de depressão profunda em virtude do casamento com
Olavo de Carvalho, que se relacionava com outras mulheres sem tentar esconder. “A
situação estava muito difícil para ela. A gente estava sem dinheiro, prestes a
sermos despejados por falta de aluguel, e meu pai constantemente se envolvia com
outras pessoas”, relata.
Para um ex-militar fascista e troglodita, um guru bem
talhado!
P Rússia e Venezuela assinam novos acordos. Nicolás
Maduro visitou a Rússia e encontrou-se com Vladimir Putin. Os dois mandatários assinaram
importantes acordos comerciais e novas alianças estratégicas que são de grande
importância para o momento de disputas imposto pelo governo Trump.
Desde o período de Hugo Chávez, Rússia e Venezuela já
assinaram mais de 260 acordos de cooperação e isso tem ajuda ao desenvolvimento
venezuelano e permitido mais investimentos russos na América Latina. Muitos
desses acordos dizem respeito à área de petróleo e são muito importantes, agora
que ficou comprovada a imensa reserva existente na Bacia do Orinoco (as maiores
reservas do planeta).
Foram também assinados convênios para criação de
empresas conjuntas destinadas às obras de infraestrutura, construção e
prestação de serviços para ampliar a produção de petróleo. E é muito importante
a decisão de participação da gigante russa, Gazprom, nos investimentos.
Nicolás Maduro qualificou de muito importante sua
visita e destacou que o nível das relações entre os dois países já vem de longa
data. Isso demonstra que a Venezuela é um firme aliado da Rússia na América
Latina, mas serve também como um alerta aos projetos militaristas de Trump.
P Arriba México! (1) Há muitas décadas não vemos uma
mudança tão importante no México e, e depois de trinta anos de neoliberalismo,
a esquerda chegou ao poder. Depois de vencer as eleições presidenciais em julho
passado, com 53% dos votos, Andrés Manuel López Obrador (AMLO) foi empossado
como novo presidente.
E precisamos destacar que ele chega ao poder com a
maioria absoluta em ambas as câmaras, e com a vitória de cinco governadores, da
qual (a vitória) mais importante é a da Cidade do México, ganha por uma mulher,
Claudia Scheimbaum.
Vale lembrar que estamos falando de um país assolado
pela violência e com metade da população vivendo abaixo da linha da pobreza, com
desigualdades insustentáveis, muita corrupção e uma impunidade, que faz com que
mais de 90% dos delitos não sejam sequer investigados. Ninguém mais confia nas instituições
judiciais e o povo vive refém de quadrilhas internas ou saqueadores
estadunidenses que ameaçam constantemente a população. Sem falarmos nas
vergonhosas maquiladoras, empresas estadunidenses que apenas montam peças no
México, aproveitando a mão de obra barata e a isenção de impostos, para depois
espalhar seus produtos pelo mundo.
P Arriba México! (2) López Obrador é profundo conhecedor
da História do seu país. Trouxe um projeto de refunda a a política do Estado
mexicano através do saneamento e da reconstrução do tecido institucional. Uma grande
reforma da constituição atual está prevista com a proposta de novas leis e
instituições para combater a corrupção e melhorar o sistema de justiça.
Por exemplo, em seu programa ele prometia incriminar
como delitos graves os casos de corrupção, criar uma nova guarda nacional, redigir
uma “constituição moral”.
O programa que ele chamou de “Quarta Transformação” é
um projeto de modernização econômica do país, com propostas de grandes obras de
infraestrutura e transporte, tais como o desenvolvimento das ferrovias,
especialmente no sudeste do país (a região mais atrasada), a criação de
refinarias e um forte impulso à agricultura.
Durante sua campanha eleitoral, López Obrador falava de
um projeto de mais solidariedade social e de ajuda aos mais pobres: espera-se
um forte apoio, principalmente, aos jovens e aos idosos através de vários
programas de bolsas de estudo e pensões sociais e a criação de universidades e
hospitais. Por outro lado, pretende reduzir significativamente as
desigualdades: já reduziu para metade, o salário do presidente e já foi aprovada
uma lei proibindo qualquer funcionário público de ganhar mais do que o
presidente.
P Arriba México! (3) Como era de esperar, López
Obrador tomou posse com uma enorme pressão de empresários e políticos
vinculados aos interesses da Casa Branca prontos para impedi-lo de governar
como deseja e como prometeu.
Um dos seus primeiros desafios é o de suspender a
construção do novo aeroporto da Cidade do México que ele criticou durante a campanha
eleitoral. Vale saber que o projeto é um perfeito exemplo de “monstro” criado
para enriquecer empreiteiras e grandes construtoras locais. Apontado por muitos
estudiosos como o mais perfeito absurdo ecológico e econômico, beneficiando
apenas um pequeno grupo de empresários da oligarquia, em detrimento da grande
maioria dos mexicanos.
Em carta escrita na prisão, Lula da Silva destaca a
importância da eleição de López Obrador e diz estar “muito entusiasmado” com as
mudanças em curso. “Sua eleição traz uma mensagem de esperança para o desafio
de uma América Latina mais autônoma, soberana e integrada pela solidariedade
entre os países”, escreveu ele.
P Arriba México! (4) Andrés Manuel López Obrador foi
empossado no cargo de Presidente do México no sábado (01/12) e já anunciou, na
segunda-feira (03) seu primeiro decreto presidencial criando uma comissão
especial para investigar a fundo o ataque e desaparecimento dos 43 estudantes
rurais, da região de Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero.
“Conheceremos toda a verdade sobre Ayotzinapa”, disse Obrador,
durante a assinatura do decreto, na presença de familiares dos estudantes
desaparecidos. O presidente também garantiu que não haverá impunidade. “Todo o
governo vai ajudar em esse propósito e garanto que não haverá impunidade, nem
desse caso doloroso, nem de nenhum outro”, disse.
Ele anunciou também uma série de medidas em matéria de
segurança pública. Conforme havia dito em campanha eleitoral, Obrador se reuniu
com o Conselho de Segurança e assegurou que isso se tornará prática comum,
reunindo-se todos os dias, no mesmo horário, para dar respostas e soluções ao
problema da criminalidade no país.
P Sobre os “coletes amarelos” (1). Durante a semana,
no Facebook, comentamos sobre a vitória dos chamados “coletes amarelos” na França
(veja a seguir).
Interessante é que logo surgiram três ou quatro comentários
de pessoas dizendo que “não passa de um movimento de classe média” e que “pode
ser manipulado pela direita”. Outros disseram que o movimento “não atingia toda
a França” ou que “não representava a totalidade dos franceses”. Em outras palavras,
pessoas que eu conheço (e outras que não sei quem são) saíram em defesa do
presidente neoliberal, Emmanuel Macron e de suas políticas de austeridade. E o
mais curioso é que não foram franceses fazendo o comentário, mas brasileiros
que vivem na França ou que acompanham o que se passa por lá.
Minha surpresa é imensa! Essas mesmas pessoas se
deslumbraram com os movimentos de jovens de classe média, da direita, em junho
de 2013. E em nenhum momento disseram que aquele movimento nas ruas poderia ser
aproveitado pela direita para derrubar um governo legitimamente eleito, não é?
São as mesmas pessoas que endeusaram, em 2016, o movimento da classe
privilegiada nas grandes cidades brasileiras contra uma suposta “corrupção” que
nunca foi provada ou que só envolvia seus próprios ídolos.
Mas, em se tratando de Brasil, era válido aquele
movimento. Na França não pode porque é “manipulação das massas pela direita”?
P Sobre os “coletes amarelos” (2). A verdade é
simples e precisa ser bastante divulgada: após os franceses tomarem as ruas do país
para protestar contra o aumento de impostos da agenda liberal do governo de Macron,
o primeiro-ministro da França, Édouard Philippe, anunciou, na terça-feira (4),
o congelamento dos preços do gás, da eletricidade e dos impostos sobre os
combustíveis como medidas para conter os protestos do movimento.
Como primeiras medidas, a França suspenderá, por seis
meses, o aumento da “taxa de carbono”, a convergência de preços entre o diesel
e a gasolina, o aumento da tributação sobre o gasóleo dos veículos agrícolas e
o endurecimento das condições de inspeção técnica a veículos, que deveria
entrar em vigor em 1º de janeiro. Também não haverá aumento nas tarifas de
eletricidade e gás durante todo o inverno. E, tentando sair com boa imagem no meio
de tanta pressão, ele assegurou que “nenhum imposto merece colocar em risco a
unidade da nação”.
A maior entidade patronal francesa, o Medef, alerta que
a França está quase em estado de emergência econômica. Só nos setores de
transporte e turismo, as perdas causadas pelos bloqueios dos coletes amarelos a
zonas comerciais vão de 20% a 30% no faturamento das empresas.
As reservas de hotéis para as festas de fim de ano em
Paris caíram mais de 10%. Já o movimento tende a engrossar, com a adesão de
estudantes do Ensino Médio e agricultores, além dos coletes laranjas, os
trabalhadores independentes da construção civil.
P Sobre os “coletes amarelos” (3). Para quem
pretende analisar o movimento francês dentro de uma visão de conjuntura do
mundo neoliberal, é preciso perceber que o que está acontecendo agora supera
qualquer outro movimento social no país, desde o conhecido maio de 1968.
Pelos informes que recebemos através de várias fontes
na Europa, o movimento engloba desde setores de classe média urbana até camponeses,
camadas pobres da cidade, aposentados, desempregados e, agora, estudantes. É
uma onda social bastante complexa que começa também a atrair setores sociais
que há muito alimentam ódio contra os ricos e que já começam a aproveitar o
movimento para promover saques. Ou seja, o movimento pode degenerar (esse é o
grande medo da classe média acomodada) por falta de controle dos trabalhadores
ou pode, ainda, ser cooptado pela direita mais fascista que só aguarda uma
oportunidade.
Um movimento social de tal importância, no momento que
vivemos, precisaria de uma ação imediata da classe trabalhadora que assumisse a
sua direção e o controle das ações. Ou seja, é tempo de deixar de lado, mesmo
que temporariamente, algumas divergências dentro da esquerda organizada e do
movimento sindical francês para passar à ação de forma coerente e apontando
para a derrubada do neoliberalismo.
É preciso que o movimento dos trabalhadores traga suas
próprias bandeiras anticapitalistas para dar aos “coletes amarelos” uma
estratégia e um programa de luta mais amplo do que as questões imediatas contra
os aumentos impostos por Macri.
Essa unidade poderia iniciar, por exemplo, com uma
grande mobilização dos sindicatos lutando por aumentos gerais de salários,
pensões, aposentadorias e auxílios sociais.
P Espanha vê a extrema direita voltar. A matéria
está em Carta Capital e diz que a Espanha vive um momento de perplexidade
política após o partido ultradireitista Vox surpreender nas eleições regionais
na Andaluzia no domingo (02) e conseguir pela primeira vez representação em um
Parlamento regional espanhol, na maior e mais populosa comunidade autônoma do
país.
O partido nacionalista conquistou 12 das 109 cadeiras
do Parlamento da região autônoma do sul da Espanha, obtendo o maior êxito
eleitoral de um grupo de extrema direita desde a volta da democracia ao país em
1975, com o fim da ditadura do general Francisco Franco.
O Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE), que
governa a região há 36 anos, foi o mais votado nas eleições regionais, ainda
que tenha registrado uma perda de 47 para 33 cadeiras – o pior resultado da
história da sigla esquerdista.
O Vox foi criado em 2013 com o objetivo de atrair
eleitores frustrados com o Partido Popular do então primeiro-ministro Mariano
Rajoy, com um discurso conservador centrado na defesa da família tradicional,
da monarquia e da unidade do país frente aos movimentos de independência de regiões
como País Basco e a Catalunha.
P Agora é uma ameaça real! A possibilidade de uma
nova crise que continue e aprofunde a de 2008 está deixando de ser apenas uma
suposição de alguns analistas e já começa a ser uma preocupação real entre os
grandes capitalistas internacionais. Nosso Informativo vem trazendo constantes
informações sobre os avanços desse grande risco, mas agora são as grandes
instituições (FMI, OCDE e OMC) que fazem acender o alerta laranja. A próxima
etapa pode ser o alerta vermelho e aí já será muito tarde.
Para complicar ainda mais a atual situação, que já é
bem ruim, agora sabemos que o sistema financeiro internacional continua a agir
exatamente com a mesma volúpia de 2008. Ou seja, tende a arrastar todo o
planeta para uma nova quebradeira geral.
Pelo informe divulgado pela OCDE, “nuvens acumulam-se
no horizonte” e a combinação de elevações de tarifas, preço do petróleo e juros
pode “abalar seriamente o crescimento”. O mesmo tipo de análise vem sendo agora
divulgado por entidades como Organização Mundial do Comércio e o Fundo Monetário
Internacional.
Todos se calam na hora de determinar quando vai se dar
o novo colapso, mas parece haver uma concordância entre eles de que está se aproximando
muito rapidamente.
Uma posição está sendo comum em todos os analistas
atuais: na origem do problema está o mau funcionamento do sistema financeiro
mundial que, apesar de protagonizar o desencadeamento do colapso de 2008,
conservou o poder conquistado sob o neoliberalismo e continuou a funcionar e a
crescer sem restrições.
Esse crescimento pode ser melhor entendido olhando para
os EUA, onde as instituições financeiras representam só 7% do PIB e apenas 4%
do total de empregos, mas respondem por 25% do lucro empresarial total. Algo
absurdo em termos de economia e que o velho Karl Marx já denunciava ao dizer
que “capital que gera capital por si mesmo, sem produzir mercadoria, é o
fetiche perfeito”. E o nosso velho filósofo renano dizia que esse “capital que
gera capital sem ter um intermediário” levaria a uma crise sem precedentes.
P E sobra para os trabalhadores. No início da crise
de 2008 um dos símbolos da força do capitalismo estadunidense, a grande General
Motors, faliu e foi necessário que o governo investisse para salvar “as aparências”
e não deixar a empresa fechar. A ameaça está de volta.
A empresa que é símbolo do setor automotivo nos EUA
anunciou, na segunda-feira (26), que cortará 15% de sua força de trabalho como
parte de uma grande reestruturação. O objetivo é economizar 6 bilhões de dólares
para se tornar mais competitiva.
O plano inclui o fechamento de três fábricas de
montagem na América do Norte em 2019, além da interrupção de atividades em
outras plantas de produção. Segundo a empresa, o objetivo é “priorizar
investimentos futuros” para sua próxima geração de veículos elétricos.
O sindicato UAW, um dos principais do país, colocou a
culpa instalação de atividades da montadora no exterior. “A decisão da GM de reduzir
ou parar a produção em fábricas americanas e, ao mesmo tempo, aumentar a
produção no México e na China para vender os carros aos consumidores americanos
é algo profundamente prejudicial para os assalariados americanos”, declarou
Terry Dittes, representante da entidade.
Vamos aguardar...
“Coletes
Amarelos” - Especial
A manhã deste sábado (08) foi marcada por mais uma etapa
de manifestações da população francesa. Convocada pelos “coletes amarelos” e agora
chamado de “ato 4”, milhares de pessoas foram para as ruas de Paris. Mal o dia
começava e a polícia já anunciava a prisão de 728 pessoas.
Pela manhã, o barulho de bombas de gás lacrimogênio já
podia ser ouvido no entorno da avenida dos Champs-Elysèes.
Um plano inédito de segurança foi organizado pelas
forças francesas para mais este protesto dos “coletes amarelos”, que acontece
em diferentes cidades da França. Ao todo, foram mobilizados 89 mil policiais -
8 mil deles só em Paris – para tentar evitar novas cenas de violência durante o
ato.
Para evitar um novo fim de semana de distúrbios, as
autoridades francesas decidiram fechar uma dezena de museus e teatros da capital
– Louvre, d'Orsay, Museu de Arte Moderna, Museu do Homem, Ópera, entre outros.
As principais lojas de departamento da cidade – Galeries Lafayette, Le Bon
Marché, BHV e Printemps –, assim como a Torre Eiffel, não abrirão as portas ao
público neste sábado.
Agências bancárias, cinemas, lojas, cafés e
restaurantes cobriram suas vitrines com tapumes e placas de fibra de vidro para
se proteger de atos de vandalismo dos manifestantes. Dezenas de estações de
metrô foram fechadas.
Segundo declarações oficiais da polícia francesa, os cidadãos
foram presos por “suspeita de que poderiam fazer parte dos grupos organizados
para cometer atos violentos”. Uma versão inédita na história da repressão aos
movimentos populares: “suspeita que de poderiam fazer parte...”!
Impressionante.
Mas a pergunta que agora todos fazem é: por que os “coletes
amarelos” continuam nas ruas e promovendo protestos? Afinal de contas, as
mobilizações tiveram como estopim o aumento dos impostos sobre combustíveis e
contra os cortes nos investimentos públicos na área social, reivindicações que
foram atendidas pelo presidente Macron para evitar perder o controle da
situação. Por que as manifestações não pararam?
Acontece que agora os manifestantes exigem a saída de
Macron do governo e denunciam uma política que não atende aos interesses da maioria
dos franceses. Já aparece uma proposta de assembleia geral de cidadãos com o
objetivo de debater propostas que seriam depois submetidas a referendo popular.
E neste sábado, como escrevemos acima, já surge a
exigência de “recuperação do poder aquisitivo do povo com aumento do salário
mínimo para 1.300 euros por mês” (atualmente é de 1.150 euros) e também “correção
dos valores das aposentadorias e pensões”. Agora o movimento exige mudanças na
política econômica como solução para superar a crise atravessada por toda a
economia europeia.
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