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A mágoa de Magno Malta, primeira baixa do novo governo: o ex-senador era dado como certo na equipe de Jair Bolsonaro. Durante a campanha foi chamado pelo ex-capitão de vice dos sonhos e articulou a decisiva aliança com evangélicos. Mas as semanas foram passando e o pastor foi esquecido por Bolsonaro. Malta então correu para o interior do Espírito Santo e se recusava a falar com a imprensa. A repórter Amanda Audi sabia que teria só 1% de chance de falar com ele. O pastor que estava fugindo dos jornalões falaria com a gente, que fomos muito duros com ele durante a campanha? Ela não se intimidou: saiu de Brasília rumo a Vitória de avião e em seguida contratou um motorista para levá-la a Cachoeiro do Itapemirim, onde Malta mantém uma chácara para tratamento de dependentes químicos. Foi lá que ela conheceu um primo do pastor, que passou uma dica por WhatsApp: o ex-senador viajaria para Brasília no dia seguinte, num voo direto. Era exatamente o mesmo voo no qual Amanda retornaria para casa. No check-in, ela pediu à atendente que a colocasse numa poltrona ao lado dele. Foi assim que nossa repórter conseguiu o que todos os jornalistas desejavam naqueles dias: saber o que pensava Magno Malta sobre o novo governo – e sobre o chute que tomou do ex-capitão. Conversaram durante as duas horas de viagem e Amanda registrou com exclusividade a mágoa do ex-senador: “Eu achava que ia ser ministro e eu não fui”.
O glifosato, agrotóxico que mata bebês em formação e contamina o leite materno: tivemos acesso uma pesquisa da Universidade Federal do Piauí que mostrava que 83% das mães residentes no município de Uruçuí tinham o leite materno contaminado. A região é conhecida pelas vastas plantações de soja e pelo uso contínuo do glifosato, agrotóxico mais utilizado no Brasil e que causa graves danos à saúde. Poderíamos dar uma matéria apenas com a pesquisa, mas não seria suficiente. Por isso a repórter Nayara Felizardo atravessou o Piauí de ônibus, numa viagem de 12 horas, para investigar como o veneno de fato interfere na vida da população. Ela acabou descobrindo que a cidade vive uma aparente epidemia de abortos espontâneos: uma em cada quatro grávidas sofre aborto e 14% dos bebês nascem com baixo peso (quase o dobro da média nacional). Nayara conversou com profissionais de saúde, trabalhadores, mulheres grávidas, e fez uma segunda viagem, para o município de Floriano, onde conheceu Maria Félix, que aos 21 anos sofreu o aborto do primeiro filho e contou sobre sua vida rodeada por plantações de soja. Essa reportagem foi uma das vencedoras do 4º Prêmio Synapsis FBH de Jornalismo.
Traições, prisões e batalhas: o fim de uma das maiores facções criminosas do Brasil: analisamos a base de dados do Disque Denúncia para contar como as milícias dominaram o Rio de Janeiro. Mas os dados mostravam outra coisa interessante: as facções estavam perdendo importância no xadrez do crime. Tínhamos nas mãos uma base de dados gigantesca, algumas hipóteses e um fato novo: a disputa pelo comando da Rocinha estava em curso. Ao final dela, a facção ADA perdeu a área mais valorizada da cidade para o Comando Vermelho. Isso era muito significativo no mapa da cidade, mas para quem não é do Rio é difícil compreender o significado da queda da Rocinha. Era uma história complicada, com muitos nomes e localidades. Um tabuleiro complexo. A solução era “desenhar”, e foi assim que fizemos. Foram 8 meses de investigação, dezenas de entrevistas e pelo menos 13 profissionais envolvidos entre designers, editores, pesquisadores e repórteres no Brasil e nos Estados Unidos para produzir uma narrativa em cima de 50 mapas. Enquanto o jornalismo tradicional se recusa a nomear as facções que comandam as grandes cidades do país, nós mostramos no detalhe, com mapas e entrevistas exclusivas, como funciona o cotidiano do crime.
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