sábado, 16 de fevereiro de 2019

Pedro dos Anjos e Gerson Carneiro: Interpretar a barbárie já não basta; é preciso confrontá-la antes que seja tarde demais!

VIOMUNDO 
Diário da Resistência
    

Pedro dos Anjos e Gerson Carneiro: Interpretar a barbárie já não basta; é preciso confrontá-la antes que seja tarde demais!
VOCÊ ESCREVE

Pedro dos Anjos e Gerson Carneiro: Interpretar a barbárie já não basta; é preciso confrontá-la antes que seja tarde demais!


16/02/2019 - 21h14
No RJ, segurança do Extra (de uniforme preto, estilo paramilitar) sufoca e mata o jovem Pedro Gonzaga, 19 anos, e  bolsonaristas destroem placa em homenagem a Marielle Franco.
O de camisa da seleção é Daniel Silveira, eleito deputado federal pelo PSL-RJ.  Nesta quarta, ele apresentou dois projetos de lei que tratam da “cessão compulsória de órgãos, no caso em que o cadáver apresenta indícios de morte por confronto com agentes de segurança pública. Pela proposta,“a retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica” não precisará de autorização expressa familiar. 
Interpretar a Barbárie Já Não Basta! É Preciso Confrontá-la!
Por Pedro dos Anjos, especial para o Viomundo
“[…] uma outra técnica crucial que Zweig identificou em Hitler e seus ministros: eles introduziram suas medidas mais extremas gradualmente –estrategicamente – a fim de avaliar como cada novo ultraje era recebido.
“Apenas uma única pílula de cada vez e depois um momento de espera para observar o efeito de sua força, para ver se a consciência mundial ainda digeria a dose”, escreveu Zweig. “As doses tornaram-se progressivamente mais fortes até que toda a Europa finalmente perecesse delas”. When it’s too late to stop fascism, according to Stefan Zweig” [Quando é tarde demais para acabar com o fascismo, segundo Stefan Zweig, por George Prochnik, na New Yorker, em 06/02/2017 
Um homicídio covarde, ato das trevas, foi cometido à luz do dia. E ninguém não fez nada não!
Um ser humano, treinado para trucidar, desabou mortiferamente sobre outro semelhante e ninguém não fez nada, não!
Um vigilante de aluguel, em circunstâncias obscuras, escolheu como alvo um jovem negro – apenas mais um na lista dos cabras pretos anônimos marcados pra morrer. E ninguém não fez nada, não!
Uma rede de supermercado contrata vigilantes paramentados à moda paramilitar, para intimidar, reprimir e – como vimos agora na Barra da Tijuca – até matar excluídos sociais que ousem adentrar suas dependências. E ninguém não faz nada, não!
Uma chacina culposa ma non troppo no Ninho do Urubu e outra suspeitosamente dolosa no Fallet-Fogueteiro, ambas na maravilhosa cidade. E posteriormente quase ninguém não fez nada, não!
Um celerado deputado skinhead , com intelecto diametralmente oposto à sua farta musculatura,  propondo o sequestro de órgãos de cadáveres tombados em dantescas ocorrências policiais. E quase ninguém não faz nada, não!
O mundo cada um de nós modifica a partir de onde a gente está.
Diante de atos de barbárie fascista devemos agir confrontando abertamente seus autores – na força e/ou na moral.
Serpentes já deixaram os ovos e temos que levantar a voz e agir pra combatê-las, antes que o Brasil pereça.
Até quando vamos aguentar esses brucutus?
por Gerson Carneiro, especial para o Viomundo
Desde quinta-feira, não me sai da cabeça a cena do segurança do supermercado Extra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio Janeiro, que, com uma ”gravata’, sufocou e matou Pedro Gonzaga, de 19 anos.
No judô, aprendemos (para não usar) técnicas de sufocamento capazes de desacordar a vítima em cinco segundos.
O vigilante, além de despreparado, foi vaidoso e cruel. Babaca!
Em cinco segundos, você desacorda uma pessoa cortando o fluxo de sangue para o cérebro.
Ela volta ao normal,  sem lembrar de nada, após cair completamente horizontalmente.
Mas é preciso ter conhecimento para aplicar a técnica de forma correta e, claro, sem se preocupar com exibicionismo.
Por que não estou presente nesses momentos?
Mostraria para esse porra como se faz! Sem precisar matar!
Quero passar por essa vida sem precisar revidar alguém na base da força, mas  está difícil.
Em algum momento vamos ter que reagir para nos defender. Esse momento não está distante. Graças a eles.
Eu só quero paz.
Paz com voz. Sem medo.
Ao começar a escrever este texto eu pensei muito no Moa do Katendê, assassinado com 12 facadas nas costas por um bolsonarista por dizer que tinha votado no PT.
É uma sucessão de tragédias da mesma natureza: banalização da vida humana.
Na época, o jornalista Ricardo Boechat classificou como ”bobagem” a morte de Moa.
Durante programa na BandNews, ele comparou o crime que vitimou Moa com cenário nacional: ”Tem um capoeirista morto, mas somos 200 milhões de pessoas”.
Até quando vamos aguentar esses brucutus?

Nenhum comentário:

Postar um comentário