General, o senhor dá “desculpas” a bandidos?
É uma vergonha a declaração do Ministro da Defesa, general Fernando Azevedo e Silva, de que as milícias surgiram para “proteger as comunidades”.
— A milícia começou numa intenção de proteger as comunidades. Na boa intenção. Começou com uma intenção de ajudar, mas desvirtuou. Desvirtuou e são bandos armados
Quem lhe contou esta história, general? O Jair ou o Flávio Bolsonaro?
As milícias não nasceram assim, nasceram de uma coisa que, aqui no Rio, chamava-se “polícia mineira”, policiais extorsionistas que cobravam por proteção ao comércio da periferia. Sabe, general, como a Máfia, de quem o senhor não diria que nasceram para “proteger a comunidade”.
Não havia virtude alguma para perder e desvirtuarem-se.
Não era uma “polícia amadora e benemérita”: exploravam os gatos de energia, de TV a cabo, de internet, a venda de botijões de gás (o senhor sabe que é um preço “diferenciado” que os pobres pagam para a milícia deixar que o entreguem em certas áreas?), grilagem de terras, e tudo o mais que possa render dinheiro, inclusive as “bocas de fumo” toleradas? O senhor devia mandar a inteligência da Defesa saber o que é um “rachuncho”, para saber de onde sempre vieram seus ganhos.
O senhor, general, já ouviu falar do “jacaré do japonês”, um ex-policial da Zona Oeste do Rio que criava num sítio os ameaçados animais e para os quais policiais levavam, como ração, os seus desafetos? Isso é “boa intenção”?
Os soldados que fuzilaram o carro onde uma família inofensiva estava, neste caso, também podem ter tido “boa intenção”.
Daquelas que, como dizia a minha avó, lotam o inferno.
O que o senhor disse é uma vergonha para as Forças Armadas brasileiras. Os seus soldados deveriam saber que devem agir dentro das regras, não por intenções, boas ou más.
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