A democracia nos Estados Unidos não está sequer em sua constituição
08/07/2019 14:19
Créditos da foto: (Brendan Smialowski/AFP)
Um novo aniversário da independência de Estados Unidos constitui uma ocasião propícia para submeter a consideração a imagem que as classes dominantes desse país oferecem ao mundo. Graças a uma intensa e insistente campanha propagandística que mostra o país como a terra da liberdade e da democracia. Ou mais que isso, como país escolhido por Deus para a missão de percorrer o mundo semeando a liberdade, a justiça, os direitos humanos e a democracia por todos os cantos. Essa visão messiânica e autoproclamada é tão falsa quanto a autoproclamação de Juan Guaidó como presidente da República Bolivariana da Venezuela, e foi sistematicamente desmentida ao longo de mais de dois séculos de história independente.
Há apenas um par de meses, o ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) afirmou que seu país era a nação mais beligerante do mundo: esteve em guerra durante 222 anos de sus 243 como nação independente. Guerras de espoliação e conquista, em países como México, Cuba e vários outros do Caribe e da América Central, que consolidaram a hegemonia de um vasto império informal de alcance mundial. Seu trabalho, sobretudo nos países do chamado Terceiro Mundo, foi o de destruir democracias onde houvesse, e substituí-las por cruéis tiranias que submeteram e escravizaram seus povos, em nome dos interesses estadunidenses.
Evidentemente, os porta-vozes e jagunços do império têm a cautela de cuidar permanentemente das aparências, para não revelar estas dolorosas verdades. Mas suas rastreiras adulações – amplamente difundidas nos meios de comunicação, na academia, a intelectualidade e a política – são insuficientes para ocultar um feito decisivo: na própria Constituição dos Estados Unidos, com suas correspondentes emendas, a palavra “democracia” não aparece nem uma só vez. Talvez os Vargas Llosa (pai e filho), Krauze, Kovadlof, Montaner e toda essa imensa trupe de publicitários do império não se deram ao trabalho de ler a Constituição dos Estados Unidos, para não falar dos governantes atuais da América Latina que fizeram da genuflexão de do puxa-saquismo os seus sinais de identidade, como Mauricio Macri, Jair Bolsonaro, Sebastián Piñera e Iván Duque, para ficar somente com os mais importantes.
Por isso, quando o mundo todo celebra mais um aniversário da independência das treze colônias originárias, é necessário, mais do que nunca, recordar que nem seus fundadores, e tampouco seus sucessores, jamais pretenderam fundar um Estado democrático. E mal poderíamos, na Nossa América progredir na direção de uma democracia emulando um país que nunca se atreveu a incorporar esse regime político em sua Constituição. Será suficiente para que aprendamos qual é a verdadeira natureza do sistema político norte-americano?
Caso alguém tenha alguma dúvida sobre o que se afirmou neste artigo, pode comprovar o argumento entrando neste link: https://constitutionus.com/
*Publicado originalmente em pagina12.com.ar | Tradução de Victor Farinelli
Há apenas um par de meses, o ex-presidente Jimmy Carter (1977-1981) afirmou que seu país era a nação mais beligerante do mundo: esteve em guerra durante 222 anos de sus 243 como nação independente. Guerras de espoliação e conquista, em países como México, Cuba e vários outros do Caribe e da América Central, que consolidaram a hegemonia de um vasto império informal de alcance mundial. Seu trabalho, sobretudo nos países do chamado Terceiro Mundo, foi o de destruir democracias onde houvesse, e substituí-las por cruéis tiranias que submeteram e escravizaram seus povos, em nome dos interesses estadunidenses.
Evidentemente, os porta-vozes e jagunços do império têm a cautela de cuidar permanentemente das aparências, para não revelar estas dolorosas verdades. Mas suas rastreiras adulações – amplamente difundidas nos meios de comunicação, na academia, a intelectualidade e a política – são insuficientes para ocultar um feito decisivo: na própria Constituição dos Estados Unidos, com suas correspondentes emendas, a palavra “democracia” não aparece nem uma só vez. Talvez os Vargas Llosa (pai e filho), Krauze, Kovadlof, Montaner e toda essa imensa trupe de publicitários do império não se deram ao trabalho de ler a Constituição dos Estados Unidos, para não falar dos governantes atuais da América Latina que fizeram da genuflexão de do puxa-saquismo os seus sinais de identidade, como Mauricio Macri, Jair Bolsonaro, Sebastián Piñera e Iván Duque, para ficar somente com os mais importantes.
Por isso, quando o mundo todo celebra mais um aniversário da independência das treze colônias originárias, é necessário, mais do que nunca, recordar que nem seus fundadores, e tampouco seus sucessores, jamais pretenderam fundar um Estado democrático. E mal poderíamos, na Nossa América progredir na direção de uma democracia emulando um país que nunca se atreveu a incorporar esse regime político em sua Constituição. Será suficiente para que aprendamos qual é a verdadeira natureza do sistema político norte-americano?
Caso alguém tenha alguma dúvida sobre o que se afirmou neste artigo, pode comprovar o argumento entrando neste link: https://constitutionus.com/
*Publicado originalmente em pagina12.com.ar | Tradução de Victor Farinelli
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