quinta-feira, 4 de julho de 2019

A tragédia da austeridade


A tragédia da austeridade, por Gilberto Maringoni

Quantas mortes anônimas aconteceram até que um empresário falido pela crise feita para congelar gastos e garantir a conta de juros abrisse as portas do inferno em nosso país?

A tragédia da austeridade

por Gilberto Maringoni

Quantos mortos produz uma recessão econômica? Quantos casos fatais produz uma depressão planejada? Quem são os responsáveis por afundar o país desde pelo menos 2015 e que se escondem por trás de discursos racionais, de loas ao “maior ajuste fiscal da História”, das economias de “um trilhão”, da “contração para crescer”, dos estelionatos eleitorais e das planilhas de cortes de gastos?
Quantas mortes anônimas aconteceram até que um empresário falido pela crise feita para congelar gastos e garantir a conta de juros abrisse as portas do inferno em nosso país? Quantos pobres e esquecidos não aguentaram o desemprego, o desespero e a falta de futuro até que num salão confortável um “dos nossos”, branco, de boa posição social decidisse meter uma bala na cabeça?
Os responsáveis não são apenas os que assinam decretos e portarias, que decidem as variações da Selic, que legislam sobre reformas e deformas e que têm poder sobre o Diário Oficial. Eles estão também na mídia, nos comentários de especialistas e consultores nos talk shows esclarecidos e na ideia de que Economia é coisa técnica.
Quem manda nisso tudo? Quem definiu ser este o melhor e único caminho para um país que multiplicou por cem seu PIB em um século e é um caso de absoluto sucesso e não de fracasso ao longo do século XX? Um país que em 1930 era uma fazenda de café e cinquenta anos depois era o único da periferia capitalista a internalizar toda a cadeia produtiva da indústria. Nós não merecemos o destino imposto por capitães do lumpesinato castrense, por militares entreguistas e por milicianos do capital financeiro!
Yes, ‘n’ how many times can a man turn his head
And pretend that he just doesn’t see?
Yes, ‘n’ how many ears must one man have
Before he can hear people cry?
Yes, ‘n’ how many deaths will it take till he knows
That too many people have died?

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