quarta-feira, 24 de julho de 2019

Irã reage a Bolsonaro e ameaça cortar importações do Brasil

Irã reage a Bolsonaro e ameaça cortar importações do Brasil

O Irã reagiu à decisão do governo Bolsonaro de não reabastecer dois navios do país ancorados no porto de Paranaguá e ameaçou nesta terça-feira cortar suas importações do Brasil; Irã é o maior comprador do milho brasileiro, respondendo por 1/3 do total exportado e relevante parceiro comercial do país; embaixador do Irã, Seyed Ali Saghaeyan, diz que seu país pode facilmente encontrar novos fornecedores de milho, soja e carne
(Foto: Reuters)
Sputnik - O Irã tem ameaçado cortar suas importações do Brasil, a menos que este permita o reabastecimento de pelo menos dois navios iranianos ancorados ao largo do porto de Paranaguá (PR) por falta de combustível.
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A petroleira Petrobras se recusa a vender combustível para que as embarcações voltem ao país de origem como sinal da repercussão global das sanções norte-americanas sobre a República Islâmica.
Sem o combustível, os navios iranianos que transportam milho brasileiro não podem voltar ao país persa, comunicou Bloomberg. Segundo informações, o navio iraniano Bavand está carregado com 48 mil toneladas de milho enquanto a embarcação Termeh está vazia.
O embaixador do Irã em Brasília, Seyed Ali Saghaeyan, disse às autoridades brasileiras na terça-feira (23) que seu país poderia facilmente encontrar novos fornecedores de milho, soja e carne se o país sul-americano se recusar a permitir o reabastecimento dos navios.
"Eu disse aos brasileiros que deveriam ser eles a resolver esse problema, e não os iranianos", disse Saghaeyan em uma rara entrevista na Embaixada do Irã em Brasília.
"Se não for resolvido, talvez as autoridades de Teerã queiram tomar alguma decisão porque este é um mercado livre e outros países estão disponíveis", ressaltou o embaixador.
Devido ao risco de sanções americanas, a petroleira estatal brasileira se recusa a vender combustível para os navios iraniano que estão há mais de mês ao largo do porto de Paranaguá, a cerca de 450 km ao sul de São Paulo.

Interferência de terceiros

Como forte apoiador do presidente norte-americano Donald Trump, Bolsonaro alertou os exportadores sobre o risco do comércio com o Irã, acrescentando que o Brasil está do lado dos EUA em sua política em relação ao Oriente Médio.
O embaixador iraniano comunicou que, para resolver o impasse, o Irã considera enviar combustível para os navios que estão parados, embora essa opção demore mais tempo e seja cara.
"Países independentes e grandes como o Brasil e o Irã devem trabalhar juntos sem interferência de qualquer terceira parte ou país", acrescentou Saghaeyan, que solicitou uma reunião, ainda sem resposta, com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.
Em comunicado, a chancelaria brasileira disse que seguiria as orientações legais sobre o assunto.
O Brasil exporta cerca de US$ 2 bilhões (R$ 7,5 bilhões) para o Irã por ano, principalmente milho, carne e açúcar, enquanto Teerã compra um terço de todas as exportações de milho brasileiro.

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