quinta-feira, 22 de agosto de 2019

O BICHO PAPÃO DA AUDITORIA


  • Eloá dos Santos Cruz

O BICHO PAPÃO DA AUDITORIA

Atualizado: há 2 dias
Eu sei que certos assuntos (como o bicho papão da nossa primeira infância) suscitam medo, receio, pavor até, mas, considerando os valores morais positivos que as boas pessoas do Brasil costumam alimentar intimamente, não posso esconder de mim mesmo pelo menos a reflexão de que a Constituição Cidadã – aquela que deve reger o nosso destino de Nação − há mais de 30 anos, desde 05 de outubro de 1988, proclamou para o mundo (“urbi et orbe”) vários postulados essenciais, entre eles o de que constituímos um Estado DEMOCRÁTICO de Direito, em que todo o poder emana do Povo, Estado Democrático esse em que nos propusemos a cultuar como fundamentos a Soberania, a Cidadania, a Dignidade da Pessoa Humana, os Valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o Pluralismo político, tudo como está também na Grande Carta objetivando (a) construir uma sociedade livre, justa e solidária; (b) garantir o desenvolvimento nacional; (c) erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais e (d) promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. Um sonho de Nação realmente civilizada!
Imagino que isso tudo não se reduz a um discurso vazio de palavras ocas e, por isso mesmo, embora reconheça os riscos que podemos correr, se contrariarmos os interesses econômico-financeiros de nações muito mais poderosas sob os pontos de vista cultural, econômico e militar, não consigo entender porque, depois de decorridas as mesmas três décadas de promulgação da Constituição Cidadã, ainda não promovemos, através de Comissão mista do Congresso Nacional (Câmara dos Deputados e Senado Federal, onde estão nossos representantes eleitos para isso), exame analítico e pericial dos atos e fatos geradores do endividamento externo brasileiro, tal como preconizado literalmente no Art. 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias.
Será porque, se concluirmos ser o nosso débito nacional com credores externos muito menor do que o alardeado habitualmente, a exemplo do que se apurou em outros países supostamente menores com a preciosa ajuda da Cidadã Brasileira Maria Lucia Fattorelli, corremos o risco de ter em nossa costa atlântica a presença de esquadras de marinhas estrangeiras?
Contudo, em minha opinião, não devemos ter receio de nada. Façamos as nossas contas, pelo menos para consumo doméstico. Essa coisa de censura prévia por receio de resistir a uma submissão econômica indevida é inaceitável, inadmissível, inconcebível: Havendo coragem cívica rechaçaremos as ameaças potenciais.
Lembremos nossa própria História, quando, até menos de um século e meio atrás, intelectuais afamados (v.g. o escritor e senador José de Alencar, autor de Iracema - a "virgem dos lábios de mel") alegavam que, sem a existência do "elemento servil" o Brasil iria à falência total. No entanto, apesar das sequelas repulsivas ainda persistentes nos dias atuais, aconteceu a Lei 3.353, do domingo 13/05/1888. Essa que foi cognominada "Lei Áurea" e que muitos achavam improvável acontecer, muita gente tendo dificuldades até hoje de reconhecer em seus corações e mentes, afinal declarou extinta a escravidão humana institucionalizada durante séculos no Brasil, em prova perene de que vale a pena lutar por dias melhores! Ou não?

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