Por Rafa Santos (@rafasantors)
Sempre que empunha o microfone nos shows para cantar “Dança do Patinho” e destilar uma saraivada de ironias sobre o tecido social brasileiro, Bernardo Santos, o BNegão, costuma brincar dizendo que a música tem mais de 500 anos. Que assim que o primeiro índio no território que hoje se conhece como Brasil aceitou um espelhinho de um português a canção foi tocada ao fundo.
A verve crítica do músico o colocou no centro do debate político na última semana. Dos maiores nomes do punk, hip hop e R&B nacional,
BNegão teve seu show com a banda Seletores de Frequência interrompido no Festival de Bonito no Mato Grosso do Sul. O fato aconteceu na madrugada de sábado para domingo no último dia 28 de julho. Acontecimento inédito na carreira do artista que também integra o Planet Hemp.
Leia mais entrevistas
Envolto em polêmicas, o Festival de Inverno de Bonito (MS) teve ação no mínimo controversa de autoridades públicas. Dois produtores do evento foram presos e teriam supostamente sofrido violência policial. “Entre uma música e outra eu falei sobre essa questão. Expliquei de forma bem resumida e depois de duas músicas mandaram parar o show”, disse BNegão. A organização do evento alega que o show iria estourar o tempo previsto no alvará do evento. Em entrevista ao Yahoo Notícias, BNegão falou sobre o episódio e deu sua opinião sobre o atual momento político do país.
Yahoo Notícias: Passados alguns dias desde que o senhor teve um show interrompido pela PM. Qual o balanço que faz dessa situação? Acredita que isso pode acabar se naturalizando nos próximos anos?
BNegão: O balanço que eu faço na verdade é que foi importante acontecer. Porque é importante conhecer os limites que eles dizem que não têm, mas têm... Você confrontar esses limites... Você só sabe que eles existem esses limites quando você confronta. Comentaram comigo alguma coisa sobre a polícia ter entrado em uma reunião do PSOL hoje... É óbvio que estamos vivendo um Estado de Exceção já. O que falta para as pessoas entenderem isso? Uma declaração oficial do presidente dizendo que estamos vivendo um estado de exceção? Isso não vai acontecer. O que eu tiro dessa situação é que consegui dar voz para quem estava sem voz lá no Mato Grosso. Isso para mim foi o mais importante dessa situação. Outra é entender o limite que estão dando sem falar que estão dando. Tirar o véu. Essa coisa de mostrar e deixar claro para as pessoas que vivemos um momento chave. Se as pessoas não se manifestarem e continuarem amortecidas vai dar uma merda que vai demorar para voltar atrás. Estava falando ontem no show em homenagem ao Tim Maia Racional no Blue Note... No fim do show tocamos “Ela Partiu” –que é um clássico que não estava originalmente no disco, mas estava no disco pirata que fez todo mundo conhecer a obra— e eu fiz uma analogia com a nossa democracia. Minha visão é que a gente nunca atingiu a democracia em si. Estamos em um limbo entre a democracia e a não democracia. Vivemos nesse limbo e estamos sempre andando algumas vezes para frente e outras para trás. Democracia é quando todo mundo tiver direito a estudo, a saúde e a vida digna. Isso é democracia. Poder do povo. Poder do povo só para apertar botão não dá... E ainda sendo obrigatório. O voto obrigatório é uma coisa que faz o gado aparecer. Se o voto não ser obrigatório o gado diminui... As pessoas não querem mudar isso porque sabem que a manutenção do voto sem consciência se deve ao voto obrigatório. Passamos 20 e tantos anos proibidos de votar e depois de 20 anos agora é proibido não votar. É um negócio autoritário. Estamos na última chamada. O sinal tocando. E eu não quero cantar “ela partiu e nunca mais voltou” e lembrar da nossa democracia. Quero que meus filhos vivam em um país minimamente com possibilidade de andar para frente.
Yahoo Notícias: Além do caso da plenária do PSOL e do seu show interrompido na metade; temos o caso dos agentes da PRF que invadiram uma reunião de professores que planejavam uma manifestação contra o governo em Manaus. O senhor acredita que as posições do atual presidente encorajam esse tipo de atitude?
BNegão: Teve um lance com a Linn da Quebrada também
–cantora teve apresentação na para LGBT de João Pessoa por ter um discurso muito “pejorativo” para o evento. A artista que é de esquerda alega censura—que eu vi por alto. O momento é esse. As pessoas têm que entender que já existe esse estado de exceção feito com a permissividade dos governantes. Seja do Doria aqui em São Paulo, seja do Bolsonaro no Governo Federal, seja do Witzel do Rio e de outros governantes conservadores... Eles dão a carta branca... Por que o Sérgio Moro e o Bolsonaro são heróis desses policiais sinistros? Eles são defensores do excludente de ilicitude que permite ao policial fazer o que quiser sem responder porra nenhuma. Que se foda. É tudo que os caras querem. Outra coisa importante na história de Bonito é que os policiais estavam sem identificação. E policial sem identificação significa que ele está pronto para fazer uma merda fora da lei. Se você estiver em algum lugar e for abordado por um policial sem identificação você fica piano porque a chance de ele fazer merda é muito grande. É um clássico que eles usam... Tira a identificação e vão fazer as merdas. Pela lei o cara não pode tirar a identificação.
Yahoo Notícias: Se resume apenas a permissividade desses governantes?
BNegão: Temos a permissividade de parte da população também. A culpa é de todo mundo. Falo de política desde sempre. Decidi entrar na música a partir do punk rock e do hip hop porque são estilos críticos por natureza... Acredito que se formos falar de culpa temos que responsabilizar todo mundo. Temos a mídia que muitas vezes coloca interesses financeiros para definir a pauta política... Parte da esquerda também que demorou para entender que isso não era brincadeira. No governo Lula e no governo Dilma existiam mecanismos para barrar isso tudo. Existiam mecanismos para explicar melhor as coisas para população e trazer a parte social para dentro do governo e não fizeram. Não precisávamos de Copa do Mundo e nem de Olimpíada aqui. Isso quebrou tudo. Um monte de estádio superfaturado. Um monte de merda absurda que deu no que deu. A Fifa que é um dos organismos mais absurdamente bandidos do mundo ficaram por um tempo mandando país. Eles pediram apenas seis estádios e o Lula decidiu fazer onze para atender interesses políticos. E olha que eu sou contra a prisão do Lula. Só que tem uma visão crítica. Não acho ele nem um santo, mas também não acho nenhum demônio. Para mim o Lula é preso político. Se nego achar alguma coisa contra o cara...É assim que se faz. A legislação é essa. É preciso provar a culpa do cara. Lula é um preso político clássico. Temos vários outros políticos comprovadamente culpados que não estão presos. Temos também a questão clássica da Dilma ter que assinar a porra da Lei Antiterrorismo que era uma exigência da Fifa. Essa lei que agora vai foder geral. Uma lei feita pela galera de esquerda. Nego diz que não existe governo de esquerda. Você pode até eleger um candidato de esquerda só que quando ele chega no governo ele vira automaticamente centro-esquerda. O cara coloca a faixa e já vai um pouco para o centro. Isso fora a questão de desinformação. Do Steve Bannon que conseguiu aprovar o Brexit, aprovar o Trump e manipular a opinião das pessoas para levar essas pessoas completamente sem noção ao centro do poder. O Bolsonaro não tem condição nem de ser síndico do condomínio dele. Ele não tem cognição para ser presidente. Ele é burro. Ele é resultado das fake news do WhatsApp misturado com o apoio de pastores e de gente fazendo graça achando que estava votando no Tiririca. E muita gente com medo. Ele é o candidato do medo. A parada clássica da política do medo que sempre existiu. Tanto o cara que fomenta o medo ganha com isso como também ganha quem fala que vai acabar com a razão do medo das pessoas. As pessoas sofrem com a violência urbana e cara chega dizendo que vai dar arma para todo mundo... O cara pensa? Pô... É tu. Vai resolver o problema da bandidagem na minha área. Os telejornais e os jornais de rádio se tornaram todos um grande “Aqui e Agora”. Você percebe que a pessoa não está querendo informar. Que ela quer amedrontar a população. E com a população amedrontada...
Yahoo Notícias: O senhor relatou que fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro e a Sérgio Moro. Qual a sua opinião sobre o ministro da Justiça?
BNegão: O Sérgio Moro para mim é um dos maiores canalhas da história do Brasil. Eu já tinha isso muito claramente desde que vi o comecinho da situação. Logo quando ouvi falar pela primeira vez da Lava Jato eu até pensei que poderia ser bom, mas depois de pouco mais de uma semana eu entendi e pensei... Pô que merda. Os caras se fizeram dentro de uma ideia que a população sempre teve de que os políticos graúdos tinham que pagar. É um tema caro a população. Por isso que teve tanto apoio e até hoje tem quem acredite que esses caras estão contra a corrupção e não envolvidos em um projeto de poder. Desde o início você percebe que tudo foi orquestrado para destruir o PT e prender o Lula. Só dançou quem tinha ligação com o governo naquele certo momento. O que se diz claramente em Brasília é que a Dilma caiu por não ter aceitado proteger o Eduardo Cunha... Enfim... Todo mundo que foi preso tinha ligação com o PT. Quem foi preso do centrão tinha ligação com o governo do PT. O Geddel chegou a ser ministro em algum momento... Essa ligação de PT com o PMDB, por sua vez, é promiscua. Não tinha como dar certo. Tinha que ter outro jeito. Imagina eu e você aqui e aparece um cara aqui que é bandido e matador e a gente começa a andar os três juntos. Vai dar merda. Alguns dizem que a Lava Jato pegou políticos que não eram do PT... Só pegaram quem tinha alguma ligação com o PT. Cabral tinha ligação forte... O Cabral é um bandido desde sempre. Isso é uma coisa que eu sempre fiquei muito bolado com o Lula e com a Dilma. Eles sempre deram apoio total ao Cabral. O Cabral é um mega bandido. O Paes igual. Os caras tinham ligação com milícia. E o PT com a Lula e a Dilma no comando fechou os olhos para o crescimento da milícia sim. E hoje a parada está gigante. Se tivessem prestado atenção antes... Não tinha nem dado Bolsonaro.
Yahoo Notícias: Essa é outra questão... O crescimento das milícias.
BNegão: Já tinha apoio do Estado antes por meio do Cabral e do Paes e agora eles elegeram um governador deles que é um miliciano. O Witzel. No Rio de Janeiro é impossível você ter um negócio de rua e não ter que pagar para a milícia.
Yahoo Notícias: Algo como abrir um bar...
BNegão: Qualquer coisa. O cara vai chegar lá e vai dizer que está fazendo a segurança na área e tem taxa... Aquele papo clássico de máfia. E se a pessoa argumentar que tá começando o negócio e que é difícil... O cara responde que se de repente você não pagar a taxa pode acontecer alguma coisa e ele não vai fazer nada... Sabe com aquele olhar? E a pessoa vai lá amedrontada e paga. E em 12 anos de governo do PT eles fecharam os olhos para isso. É a mesma galera que matou a Marielle Franco. É a mesma galera que ameaça o Freixo... É a mesma galera de onde veio o Bolsonaro. E parte da culpa é da esquerda que estava no poder e não fez o seu papel.
Yahoo News: E sobre o atual governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel. O que achou dele fazer do combate ao o uso de maconha na praia uma bandeira de sua gestão?
BNegão: Vou te falar que isso aí é o de menos. Perto do que o cara faz de metralhar favela... Isso é uma fumacinha. Esse cara é um genocida clássico. Para mim ele é pior que o Bolsonaro. E olha que tem que se esforçar para ser pior que o Bolsonaro. Como eu digo que estamos no limbo buscando a democracia que tá no horizonte e estamos andando para trás... Para barbárie. O Witzel e o Bolsonaro estão no limbo entre o ser humano e o bicho. Eles não são seres humanos ainda. Infelizmente. Porque aí o ser humano é a pior coisa que já inventaram no universo. Esses caras são antivida...
Yahoo Notícias: No mesmo show o senhor protestou contra a morte de uma liderança indígena da etnia Wajãpis. Acredita que a violência contra povos indígenas e o meio ambiente tende a aumentar?
BNegão: A violência contra os povos indígenas mesmo no governo do PT já era grande, mas havia alguma boa vontade em conter... Essa preocupação existia. Agora existe o incentivo para matar os indígenas. O Bolsonaro já fez discurso no Congresso Nacional falando que os grupos de extermínio fazem um papel importante na sociedade. Está no diário oficial. Não estou inventando. Ele já disse que uma das prioridades dele é abrir as aldeias para garimpo. E quem invadiu a aldeia Wajãpis foram garimpeiros. Se eles conseguirem resistir a esse governo e sei lá que virá depois... Se eles conseguirem resistir e não serem exterminados por completo nesses governos conseguem sobreviver a qualquer outra coisa. Agora é o apocalipse para os caras... As pessoas falam das “autoridades”. Que autoridades? O prefeito é a favor do garimpo nessas terras, o governador também apoia, o ministro da Justiça que dá quer dar excludente de ilicitude com o Bolsonaro... A primeira declaração de Bolsonaro sobre o caso foi para duvidar do assassinato do cacique. Não tem autoridade. Autoridade é o povo que vai protestar e falar com organismo internacionais para fazer pressão. A pressão tem que existir. Seja ela política ou monetária. O acordo da União Europeia prevê combate ao desmatamento e a violência contra os povos indígenas. O Bolsonaro finge que não tem nada disso no acordo... É como se esses caras tivessem 14 anos... Essa parada do Bolsonaro desmarcar com o chanceler francês para cortar o cabelo é porque ele não queria ser cobrado. Desmarcou o encontro faltando uma hora para a parada... Coisa de criança.
Yahoo Notícias: Sobre desmatamento tivemos recentemente a demissão do presidente do Inpe Ricardo Galvão...
BNegão: Tô ligado. Ele foi demitido porque o Bolsonaro contestou dados científicos e ele defendeu a integridade dos dados. É que nem Idade Média. É Galileu dizendo que a terra é redonda e a igreja falando que a terra é plana. E esses caras são todos terraplanistas. Inclusive né.
Yahoo Notícias: A biografia do Planet Hemp narra um episódio ocorrido em 1996 em que o senhor e Marcelo D2 quase foram presos e tiveram que sair de um show escondidos. Acredita que a situação atual é parecida com essa? Teme acabar sendo preso por fazer música?
BNegão: Eu não penso. Tento eliminar o medo da minha vida sempre. O medo é meio que uma energia vampiresca que destrói o ser humano. Parafraseando o ex-presidente do Corinthians Vicente Matheus... “Tá na chuva é para se queimar”. Como venho desde a infância de uma família ativista que combateu a Ditadura... Nada disso me espanta. Eu faço o que eu tenho que fazer, mas contando com advogados... Não posso deixar de fazer porque isso faz parte do ativismo. De sacrificar algo em algum momento. Você não pode aderir a lei da mordaça porque o silêncio de um pode fazer a desgraça de muita gente. Se você tem possibilidade de falar. Tem voz para falar... Tem que falar.
Yahoo Notícias: O senhor é autor da letra da canção “Procedência”. Ela foi inspirada em uma entrevista do antigo presidente da Associação dos Agentes da Polícia Federal, Francisco Carlos Garisto em que ele revela a existência do Comando Delta. Um suposto colegiado da elite brasileira que funcionaria como uma fábrica de presidentes. Bolsonaro poderia ser enquadrado como um representante destas elites?
BNegão: Essa entrevista é maravilhosa. Tenho a revista guardada na minha casa até hoje. Infelizmente é bem difícil de achar na internet. O Bolsonaro é claramente um efeito colateral indesejável das ações destas elites. Nego fez tudo isso para colocar o PSDB no poder. Nem o Bolsonaro sabia que poderia ser presidente. Ele foi crescendo... Chegou uma hora que só sobrou ele e o Haddad e claramente decidiram apoiar o Bolsonaro mesmo. Tem uma charge clássica em que um soldado chega no general e fala que conseguiu um idiota para ser nosso governante. E o general respondeu: precisava ser tão idiota? As pessoas vieram com uma sanha tão grande de antipetismo que esqueceram que nunca ganharam tanto dinheiro como na época do PT. O PT nasceu como um partido de esquerda. É um partido de esquerda. Só que fez governos de centro-esquerda. E muitas vezes de centro com acenos a direita.
Yahoo Notícias: Como o senhor enxerga a atual polarização da sociedade? Ela sempre existiu ou se aprofundou nos últimos anos?
BNegão: Piorou. Alguma coisa aconteceu. Não sei se é o flúor na água ou o excesso de agrotóxico que deixa todo mundo burro. Esse lance da polarização é a coisa mais triste do mundo. Quando começaram a pipocar as manifestações antigolpe eu me apresentei em várias. O meu DJ é um cara completamente anarquista e sempre reclamava de ter que defender a merda do governo da Dilma... Eu sempre falava que era para defender o mínimo de uma possível de democracia. Uma possibilidade de civilização mínima. E eu sempre me apresentei de forma crítica. Uma vez só me apresentei quando tiraram milhares de bandeiras do PT do palco... Eu não sou do PT. Eu quero manter minha independência e poder criticar. Fiz apresentações em várias manifestações e chegou uma hora que pararam de me chamar porque eu sempre criticava. No dia do impeachment quando o Bolsonaro exaltou o Ustra... Eu estava em uma manifestação antigolpe no Espírito Santo e eu estava falando sobre a necessidade de falar dos próprios erros... Algumas pessoas pediram para cortar meu microfone... Na hora pensei... Agora é que vocês vão ouvir. Esse lance da polarização é o emburrecimento máximo. Se eu falo mal do Bolsonaro e do Moro... Sou petista. Se critico Lula e Dilma sou de direita. Eu sou do tempo do Darcy Ribeiro (1922-1997) e do Milton Santos (1926 -2001). Considero o Darcy Ribeiro quase como um tio meu de tanto que a gente falava dele lá em casa. Gostava muito do Brizola também. Para mim o PDT ideal seria apenas o Brizola e o Darcy Ribeiro. Esquece todo o resto que é ruim para caralho. Então assim... É muito bizarra essa visão reducionista... É como se só pudesse existir Samba Canção e Bossa Nova. A polarização é uma ofensa a inteligência do ser humano. É o fim.
Yahoo News: Na sua opinião, o que aconteceu de mais grave até aqui no governo Bolsonaro?
BNegão: Difícil essa pergunta. É tanta coisa casa... É como se você me perguntasse qual a pior música que eu ouvi. Entre as piores eu destaco essa reforma da Previdência bizarra... Digo isso porque eu sou um cara que luta contra essa parada e não tenho nada a ver com isso. Eu não ganho com isso. Eu não sou o cara que vai pagar aposentadoria. Eu sou completamente fora desse negócio. Mas, eu vejo pela população que vai se foder mesmo. E já está se fodendo. Tem também essa coisa de basicamente dar o Brasil para os gringos. Uma vassalagem escrota. E tem essa coisa de incentivar a polícia no que ela tem que pior... Tem a coisa da matança indígena, dos agrotóxicos... Eu posso ficar falando aqui com você a noite inteira. É um desgoverno antivida... Essa coisa de tirar a sociedade civil dos conselhos... Esse esforço para sufocar a sociedade. É impressionante as pessoas defendendo esse cara. Lógico que tem muito robô, muito robotizado humano, muita gente paga para isso... Mas, tem gente que vai na onda desses animadores de torcida. Isso é basicamente animação de torcida. Essa coisa de você pensar com a sua própria cabeça e andar com suas próprias merdas é algo fora de moda.
Yahoo Notícias: O senhor sempre foi crítico a governos tanto de direita como de esquerda. Como lida com assédio de redes sociais?
BNegão: Na verdade eu sou bem tranquilo em relação a isso. Se tiver algo muito violento eu printo e envio para os advogados. Crime virtual é algo que tem sido combatido.
Yahoo Notícias: O Planet Hemp vai lançar disco esse ano?
BNegão: É provável que saia esse ano. A gente começou a gravar na Bahia. Em Santo Antônio de Jesus. O produtor de um dos festivais que a gente tocou tem esse estúdio que fica em uma fazenda. Ficamos dez dias lá e saímos com 12 bases. Eu queria lançar no ano que vem, mas o resto da banda inteira quer lançar e deve sair esse ano. Também teremos uma turnê de encerramento dos seletores que vai finalizar as atividades em julho do ano que vem. E eu estou trabalhando em um álbum solo... Tenho um projeto em que canto canções do Dorival Caymmi em que vou gravar algumas músicas que fizemos uma versão diferente do original. Esse é um processo para mim fundamental. É como se fosse uma reza. Uma transmutação musical. Faz bem para quem vai no show. Faz bem para gente que está tocando. Tem muita coisa acontecendo ao mesmo tempo. Vai sair esse ano uma versão nova da “Dança do Patinho” com o Bayana Systen com updates... Uma versão 2099.
Nenhum comentário:
Postar um comentário