Câmara de Salvador troca Paulo Freire por José Bonifácio em nome de escola
Autor do projeto, o vereador Alexandre Aleluia (DEM) imitou Bolsonaro e também chamou o filósofo de energúmeno
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Autor do projeto, o vereador Alexandre Aleluia (DEM) comemorou em sua rede social. O parlamentar reforçou a expressão usada por Bolsonaro para se referir a Freire e publicou uma foto para zombar do educador.
“Salvador não tinha nenhuma escola com o nome de José Bonifácio, mas existia uma Escola Municipal Educador Paulo Freire. Hoje, o meu Projeto de Lei nº 242/19 foi aprovado. Sai o ‘energúmeno’ e entra a Escola Municipal José Bonifácio”, escreveu.
O nome escolhido para substituir Paulo Freire é do “Patriarca da Independência”, como ficou conhecido o professor José Bonifácio de Andrada e Silva. Nascido em 1763, ele foi professor universitário e participou do Primeiro Reinado de D. Pedro I, tendo papel, posteriormente, na preparação e na consolidação da Independência do Brasil.
Para a vereadora do PT, Marta Rodrigues, a aprovação ocorreu por meio de um “golpe”, porque, segundo ela, a proposta pegou a Câmara de surpresa. Para a parlamentar, o objetivo é perseguir a memória de Paulo Freire. Em sua rede social, ela criticou a matéria.
“Além de absurda a aprovação desse projeto que quer trocar o nome de uma escola municipal de Paulo Freire para José Bonifácio, foi também um golpe, pois o projeto do vereador Aleluia não estava no acordo de votação da Câmara. Não vamos permitir!”, afirmou.
O projeto ainda precisa ser publicado no diário oficial da cidade. Para isso, o texto deve ser sancionado pelo prefeito ACM Neto, do mesmo partido que Aleluia, o DEM. Só depois disso a medida entra em vigor.
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O desprestígio com Paulo Freire vai na contramão da decisão do Senado Federal, que aprovou requerimento para realizar uma sessão especial de homenagem ao filósofo em 4 maio de 2020, mês em que sua morte completa 23 anos. A proposta teve autoria do senador Weverton (PDT-MA).
Em 2012, o educador passou a ser reconhecido como patrono da educação brasileira por ter dedicado grande parte da sua vida à alfabetização e à educação da população mais pobre. Em sua obra mais conhecida, “A Pedadogia do Oprimido”, ele propôs um novo modelo de ensino com dinâmica mais vertical entre professores e alunos. O texto teve tradução para mais de 40 idiomas.
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