sábado, 23 de janeiro de 2021

Carta Maior: duas décadas de resistência

 








 

Carta Maior: duas décadas de resistência

 
(Arte/Carta Maior)

Carta Maior surgiu em meio às esperanças e utopias que marcaram o Fórum Social Mundial de 2001, em Porto Alegre. Um momento totalmente oposto ao que vivemos hoje, daí a importância de sua rememoração.

Contrapondo-se ao neoliberalismo, de notória brutalidade, o FSM daquele ano preparou o terreno para a onda de governos progressistas no continente. Governos que lutaram, ao longo de uma década, por uma agenda efetivamente soberana para a América Latina, com justiça social, direitos básicos, cidadania.

No Brasil, entre janeiro de 2003 e abril de 2016, a despeito da campanha ideológica e difamatória dessa tal “imprensa profissional”, os governos petistas acumularam quatro vitórias eleitorais consecutivas, em 2002, 2006, 2010 e 2014, ancoradas nas reais transformações na vida das pessoas, e no combate aos bolsões de miséria neste país de dimensões continentais.

Aquela política externa altiva e soberana, e socialmente inclusiva no âmbito doméstico foi garroteada já nas primeiras horas do golpe, com a proposição e aprovação do Teto de Gastos, combatida pela CM através do especial “A PEC do” Fim do Mundo. Aliás, essa é a obra de Michel Temer: o desmantelamento, em tempo recorde, do estado de bem-estar social que estava em processo de construção nos governos anteriores.

Esse desmonte do Estado de bem estar social, iniciado por Temer e continuado, com a mesma voracidade, pelos sanguessugas do patrimônio nacional, é solenemente ignorado pela imprensa neoliberal que, sem crise de consciência, recusa-se a investigar ou sequer debater qualquer tema que desagrade ou confronte seus acionistas e patrocinadores. Para eles, comunicação é mercadoria.

Fundamentalmente de direita – mais ou menos extrema –, esses veículos transpiram os discursos e valores desse neoliberalismo sem lei e sem ética; e atuam como partidos políticos a serviço das elites, ou nas palavras do saudoso Paulo Henrique Amorim, do Partido da Imprensa Golpista (PIG).

Diante da fragilidade ética da imprensa, e contra a instrumentalização da comunicação, vista pela mídia alternativa como um direito e não como qualquer mercadoria, que Carta Maior surgiu, em meio à luta pela democratização da comunicação. Aliás, em 2016, coube a nós dizer, em alto e bom som: “é golpe!”

Incomodamos e tanto que uma das primeiras medidas de Temer, o vice golpista de Dilma Rousseff, foi asfixiar economicamente os veículos da mídia alternativa, interrompendo contratos de publicidade, em plena vigência (algo impensável em outros setores), entre o governo federal e as microempresas de comunicação independente no país, entre elas, Carta Maior.

O fato é que dissemos “Não ao Golpe” e eles deram o golpe. “Fora Temer”, Temer ficou. “Ele não”, Bolsonaro se elegeu. “Fora Bolsonaro” e somente agora, após chegar ao ponto que chegou, o impeachment acena como possibilidade, e urgência, aos que acompanharam estarrecidos a última aparição de Jair Bolsonaro e seu ministro da Saúde, Eduardo Pazuello.

Nesta altura do campeonato, com o que já sabemos sobre a pandemia, após a escandalosa situação de Manaus, em uma live que atinge milhões de pessoas, Pazuello duvidou da eficácia do uso de máscaras e do isolamento social. A tragédia de Manaus é reflexo dessa política, e alguns intelectuais vêm usando o termo genocida ao se referirem às ações e não ações deste governo em relação à pandemia.

Ironias do destino, coube a Nicolas Maduro, presidente da Venezuela, satanizado pelos bolsonaristas, levar oxigênio à população amazonense, em ato de solidariedade. E o que dizer dos médicos cubanos? Jamais esqueceremos as consequências da estupidez ideológica dos que tanto atacaram o programa, privando-nos da expertise desses profissionais com exemplar atuação no combate à pandemia, em vários lugares do globo.

Sem dúvidas, a posse de Joe Biden como presidente dos Estados Unidos, nesta terça-feira (20 de janeiro), é um baque para a extrema direita, de Bannon (indultado por Trump, horas antes dele sair da Casa Branca) a Bolsonaro. Mas, todos sabemos, Biden não é Sanders. Assim como Clinton e Obama anteriormente, ele escalou o colombiano Juan Gonzalez como “diretor sênior para o Hemisfério Ocidental do Conselho de Segurança Nacional”, respondendo pelos assuntos relativos à América Latina, e buscando retomar o espaço ocupado pela China na região.



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Recado dado, confiram três boas novas neste janeiro de aniversário:

Acabamos de fechar os prazos, e até meados de fevereiro – talvez antes – estaremos com novo layout no site. Nós procuramos garantir uma leitura confortável e uma navegação mais fácil por nossas editorias. Tivemos também maior cuidado em relação ao aplicativo de CM no celular. Em breve, daremos notícias.

A partir da próxima segunda-feira, 25 de janeiro, vocês poderão acompanhar o especial “Carta Maior 20 anos”, com uma série de análises sobre esses vinte anos de comunicação independente, com depoimentos de quem fez e faz este “portal da esquerda” com a qualidade e a credibilidade que vocês conhecem.

Estão todos convidados, no próximo dia 25 de janeiro, a acompanhar a mesa “Resistência democrática, comunicação, desigualdades e violência”, organizada pela Carta Maior e pelo Fórum 21, no Fórum Social Mundial. Ela acontece das 14h30 às 19h, com transmissão ao vivo pela página da Carta Maior (www.cartamaior.com.br) e pela TV Carta Maior no YouTube (/tvcartamaior)

Boas leituras e bom Fórum Social Mundial,

Joaquim Palhares, diretor da Carta Maior

***



Confiram a programação do evento:


Programação:

Data: 25 de janeiro (segunda-feira)

Horário: 14h30h às 19h (GMT -3h)

Primeira parte

14h30 - 15h

Abertura: 20 anos da Carta Maior

Flávio Aguiar

15h - 15h30

Mesa: Conjuntura política: a democracia resiste

com Carina Vitral, Liszt Vieira e Sebastião Velasco e Cruz

15h30 - 16h

Mesa: Carta Maior, Comunicação e Democratização da Mídia

Com Mariana Serafini, Heloísa Machado, Bia Barbosa e Laurindo Lalo Leal Filho

16h – 16h30

Mesa: Economia Global pós-pandemia

com Noam Chomsky

16h30 - 17h

Mesa: Violência e atração pela violência

Com Maria Rita Kehl e Preta Ferreira

Segunda parte

17h – 19h

Mesa: Capitalismo, desigualdades, relações sociais e mundo do trabalho

Conferencista: Luiz Gonzaga Belluzzo

Debatedores, entidades de estudiosos do mundo do trabalho:

ABED – Associação Brasileira de Economistas pela Democracia,

ABET - Associação Brasileira de Estudos do Trabalho,

CESIT – Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho/Unicamp,

GT Mundos do Trabalho – CLACSO

FÓRUM 21

FRENTE AMPLA Em Defesa da Saúde dos Trabalhadores e Trabalhadoras,

REMIR – Rede de estudos e monitoramento interdisciplinar da Reforma Trabalhista

Coordenação - GT Mundos do Trabalho do CESIT/Unicamp


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