*** Só de cloroquina, temos estoque para 18 anos. O Ministério Público investiga compras suspeitas. Teve gente ganhando muito dinheiro com isso. É preciso desovar os comprimidos. *** Pior: programadores descobriram que o TrateCov estava destinado a receitar, em seu código, sempre os mesmos medicamentos por princípio. Em tese, não era necessário nem mesmo preencher a ficha. Se o paciente simplesmente optasse pelo tal tratamento precoce, lá estavam elas: Hidroxicloroquina, Ivermectina, Azitromicina... *** Flavio Cadegiani critica o uso de sua metodologia pelo Ministério da Saúde. Diz que não foi consultado. Defende que ela só poderia ser usada em pacientes acima de 18 anos, o que não era o caso; que não poderia indicar nenhum tipo de medicamento; que não poderia exigir do paciente, que não quisesse o tal tratamento precoce, que justificasse seus motivos (como era pedido); que o sistema deveria ter sido liberado apenas para médicos; que o objetivo do diagnóstico era acelerar o isolamento das pessoas e evitar mais contágios, não medicá-las no atacado. *** Durante a conversa, Cadegiani fez questão de dizer que sua atuação “não é ideológica” e que, em alguns casos, tem “posições muito mais à esquerda” que as do governo. No entanto, o médico é próximo da presidência. Ele contraiu covid de uma assessora direta de Bolsonaro, a qual acompanhou em uma cirurgia. E esteve no Palácio do Planalto em novembro para apresentar seu estudo – ele afirma que não teve mais notícias depois daquele dia. Também é assíduo em lives que defendem Bolsonaro e o “tratamento precoce” (aqui, aqui e aqui), com apresentadores que são costumeiros espalhadores de mentiras (1, 2, 3, 4, 5). Um de seus colegas – pesquisador que co-assina o estudo que embasou o TrateCov –, o infectologista Ricardo Ariel Zimerman, virou notícia por compartilhar uma fake news contra o isolamento social. Cadegiani diz não se importar. “Eu falo onde me chamam”, ri, enquanto brinca com o apelido informal que recebeu nas redes: Dr. Cloroquiner. *** O médico não acredita em má-fé do governo, mas entende que, diante de toda a carga de decisões tomadas pelo Ministério da Saúde, o TrateCov entra como a cereja podre de um bolo estragado. *** Depois da nossa denúncia, o Ministério da Saúde tirou o aplicativo do ar alegando que o sistema foi “invadido e ativado indevidamente”. Ou seja: algum tipo de hacker desocupado teria posto o TrateCov no ar por motivos insondáveis. E depois esse hacker teria usado as redes sociais do Ministério da Saúde para lançar o aplicativo (?). E depois ele invadiu a TV Brasil (!!!) e fez uma reportagem sobre o lançamento do TrateCov (??) E finalmente o hacker obcecado pelo TrateCov se fantasiou de Eduardo Pazuello em pessoa (!!!) e lançou o aplicativo em Manaus, em uma cerimônia ao vivo (???) *** Cadegiani disse que enviou uma lista com dezenas de sugestões para que o governo ajuste a desgraça (ele não usou essa palavra). Ele espera que o app volte a ser usado caso deixe de ser uma desgraça. *** A pessoa que mais trabalha nesse governo é o hacker imaginário do Pazuello. |
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