A eleição que definiu o comando no Congresso Nacional deu o start para uma outra disputa: a eleição presidencial de 2022. É consenso entre políticos - mesmo que informalmente - e especialistas que a sucessão ou reeleição de Jair Bolsonaro já estão em jogo. Da vitória de Arthur Lira na Câmara e de Rodrigo Pacheco no Senado saiu Bolsonaro fortalecido, de um lado, e uma oposição, da esquerda à direita moderada, frágil e fragmentada. As principais peças desse xadrez já começam a se movimentar. O PT de Lula anunciou que colocará o "bloco na rua" com Fernando Haddad à frente. O movimento foi criticado por Guilherme Boulos, que disse que a prioridade deve ser um projeto e não um nome. Dias depois, no aniversário de 41 anos do PT, a presidente da legenda, Gleisi Hoffmann, fez acenos ao próprio Boulos, Ciro Gomes e Flávio Dino. Na ala da autoproclamada direita moderada, o tucano João Doria tentou se tornar o presidente nacional do PSDB, posição que lhe colocaria como o favorito do partido na eleição nacional de 2022, mas viu seus planos naufragarem - ao menos por ora. Em entrevista ao canal de CartaCapital no Youtube, o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta admitiu a ambição pela faixa, mas não se sabe por qual partido. A sua sigla, o DEM, perdeu Rodrigo Maia, ex-presidente da Câmara que viu a sua tentativa de formar uma frente ampla contra o bolsonarismo não dar certo. Parte do antigo PFL optou em dar suporte ao presidente. Com a oposição a Bolsonaro dividida, aumentam as chances de reeleição de Bolsonaro. É esta a avaliação do filósofo Marcos Nobre. "O que me chama atenção é que muitas pessoas dizem que a situação é muito grave, mas eu não consigo ver as pessoas tomando as atitudes correspondentes a essa gravidade", diz Nobre. "Muitos acham que quem chegar contra o Bolsonaro no segundo turno ganha e todo partido acha que vai chegar. Esse é o raciocinio que demonstra total deslocamento da realidade, pois Bolsonaro é o candidato mais forte", acrescenta o filósofo que preside o Cebrap. Na sexta-feira 12, Haddad condenou a "direita civilizada" que não faz nada contra Bolsonaro. Foi rebatido por Orlando Silva, deputado do mesmo campo progressista, que afirmou: "Haddad insiste em olhar o Brasil pelo retrovisor".
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