A semana caminhava para o fim quando o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou a instalação, pelo Senado, da CPI para apurar a omissão do governo federal no enfrentamento à pandemia. O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente da Casa, reagiu imediatamente, criticando a determinação de Barroso. “A CPI, neste momento, vai ser um ponto fora da curva. E pode ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento à pandemia”, afirmou. Já Bolsonaro acusou o ministro de praticar "militância política". “Falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial. Não é disso que o Brasil precisa. Vivemos em um momento crítico de pandemia, pessoas morrem, e o ministro do STF faz politicalha junto ao Senado.”, disse o presidente a apoiadores. O tom da resposta do presidente dá a medida do que ele pode enfrentar daqui para frente. O pedido apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cita o fato de o governo federal não ter seguido "as orientações científicas de autoridades sanitárias de caráter mundial, incluindo a Organização Mundial de Saúde". Também aponta que o governo "tentou impedir que os entes federados pudessem tomar medidas para diminuir o ritmo de propagação do vírus". O texto também inclui a demora na aquisição de imunizantes contra a Covid-19. Entre o requerimento apresentado por Randolfe, no dia 15 de janeiro, e a decisão do STF, Bolsonaro substituiu o general Eduardo Pazuello pelo cardiologista Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde. Sem Pazuello no comando, parte das responsabilidades pela tragédia sanitária brasileira pode cair no colo do presidente. Eis grande temor de Bolsonaro. Preocupado, o presidente ainda disse que não é o momento de buscar culpados. “Está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir o Supremo, o Executivo e o Legislativo na busca de soluções”, afirmou. Outra derrota A instalação da CPI não foi a primeira derrota do presidente na semana. Antes, o próprio STF garantiu, por 9x2, a constitucionalidade da proibição de celebrações religiosas presenciais no momento mais dramático da pandemia. Votaram dessa forma os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowksi e Luiz Fux. Kassio Nunes Marques e Dias Toffoli foram os únicos a defender a liberação das cerimônias. A Bolsonaro, o maior derrotado da semana, restou jantar com empresários em São Paulo em busca de apoio ao que lhe resta de governo. |
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