domingo, 11 de abril de 2021

Carta Capital

 

STF manda o Senado instalar a CPI da Covid e Bolsonaro reage

Presidente criticou a determinação; com a saída de Pazuello, parte das responsabilidades pode cair em seu colo

FOTO: EVARISTO SA / AFP

A semana caminhava para o fim quando o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal, determinou a instalação, pelo Senado, da CPI para apurar a omissão do governo federal no enfrentamento à pandemia.

O senador Rodrigo Pacheco (DEM-MG), presidente da Casa, reagiu imediatamente, criticando a determinação de Barroso.

“A CPI, neste momento, vai ser um ponto fora da curva. E pode ser o coroamento do insucesso nacional no enfrentamento à pandemia”, afirmou.

Já Bolsonaro acusou o ministro de praticar "militância política".

“Falta coragem moral para o Barroso e sobra ativismo judicial. Não é disso que o Brasil precisa. Vivemos em um momento crítico de pandemia, pessoas morrem, e o ministro do STF faz politicalha junto ao Senado.”, disse o presidente a apoiadores. 

O tom da resposta do presidente dá a medida do que ele pode enfrentar daqui para frente.

O pedido apresentado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) cita o fato de o governo federal não ter seguido "as orientações científicas de autoridades sanitárias de caráter mundial, incluindo a Organização Mundial de Saúde".

Também aponta que o governo "tentou impedir que os entes federados pudessem tomar medidas para diminuir o ritmo de propagação do vírus".

O texto também inclui a demora na aquisição de imunizantes contra a Covid-19.

Entre o requerimento apresentado por Randolfe, no dia 15 de janeiro, e a decisão do STF, Bolsonaro substituiu o general Eduardo Pazuello pelo cardiologista Marcelo Queiroga no Ministério da Saúde.

Sem Pazuello no comando, parte das responsabilidades pela tragédia sanitária brasileira pode cair no colo do presidente. Eis grande temor de Bolsonaro.

Preocupado, o presidente ainda disse que não é o momento de buscar culpados.

“Está na hora de, em vez de ficar procurando responsáveis, unir o Supremo, o Executivo e o Legislativo na busca de soluções”, afirmou.

 

Outra derrota

A instalação da CPI não foi a primeira derrota do presidente na semana. Antes, o próprio STF garantiu, por 9x2, a constitucionalidade da proibição de celebrações religiosas presenciais no momento mais dramático da pandemia.

Votaram dessa forma os ministros Gilmar Mendes, Alexandre de Moraes, Edson Fachin, Luís Roberto Barroso, Rosa Weber, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowksi e Luiz Fux.

Kassio Nunes Marques e Dias Toffoli foram os únicos a defender a liberação das cerimônias.

A Bolsonaro, o maior derrotado da semana, restou jantar com empresários em São Paulo em busca de apoio ao que lhe resta de governo.

 
 
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Brasil acima de todos 

Na quinta-feira, 4.249 novos óbitos por Covid-19 foram registrados. Mais um recorde diário

CEMITÉRIO EM MANAUS. FOTO: MICHAEL DANTAS / AFP

Pela primeira vez na história, o número de registros de mortes ultrapassou o de nascimentos no Brasil.

Essa é uma das tantas representações da tragédia à brasileira do coronavírus — lideramos, sem qualquer ameaça, o ranking das mortes diárias no mundo.

Na quinta-feira 8, foram 4.249 novos óbitos por Covid-19 registrados. Mais um recorde diário.

Em um novo boletim, o Observatório Covid-19 da Fiocruz alertou que a pandemia pode permanecer em “níveis críticos” ao longo do mês de abril.  A análise também mostra que o vírus Sars-CoV-2 e suas variantes “permanecem em circulação intensa em todo o País”.

Um outro estudo, feito por pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), encontrou dois genomas com um conjunto “inédito” de mutações em pacientes da região metropolitana de Belo Horizonte.

Os ineditismos do Brasil não param por aí.

Enquanto o mundo corre para vacinar a população com o braço do estado, por aqui, 317 deputados federais entenderam que é razoável “institucionalizar o fura-fila da vacina” e permitir a venda de imunizantes para a iniciativa privada.


O texto altera a lei 14.125/2021, sancionada há menos de 1 mês, que autorizava a compra de vacinas pelo setor privado desde que, até o fim da vacinação dos grupos prioritários, todo o volume adquirido fosse doado ao SUS.

Em entrevista a CartaCapital, o economista e divulgador científico Thomas Conti, do Insper, afirmou que o projeto surge como "uma resposta à pressão do grupo de empresários em busca de uma saída fácil para os atrasos da imunização no Brasil".

Mas eles não são unanimidade. Em contrapartida, a presidente do Conselho da Magazine Luiza, Luiza Heleno Trajano, negou categoricamente a compra de doses por parte da gigante varejista e dos empresários parceiros do grupo Unidos pela Vacina e defendeu a posição do SUS como melhor caminho para a vacinação.

CartaCapital levantou as perguntas ainda sem respostas sobre o projeto aprovado na Câmara e entrevistou um ex-ministro da Saúde que comentou o tema.

 


 

 
 
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E HÁ ALGUMAS RESPOSTAS

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