No Globo, Míriam Leitão fala do pacto entre oposição e independentes na CPI para dar foco às investigações. "O foco está sobre as ações e omissões do governo federal nesta pandemia, como diz o fato determinado", pontua. "Houve pelo menos 11 oportunidades de compra de vacina que o governo desperdiçou, há inúmeros indícios de prevaricação e negligência na gestão da pandemia que já se aproxima de 400 mil mortos".
Estadão destaca em manchete que o governo acionou as "milícias digitais" para fustigar os integrantes da CPI. Senadores viraram alvo de uma campanha orquestrada de ataques virtuais que tem como origem ativistas do bolsonarismo nas redes sociais. As mensagens incluem desde a disseminação de fake news, como a publicação de declarações descontextualizadas, até ameaças veladas. Em outra frente, parlamentares passaram a receber "dossiês" apócrifos contra adversários do presidente em seus gabinetes.
Segundo texto de Malu Gaspar no site do Globo, o roteiro de Renan Calheiros na CPI favorece Lula, seu grande aliado. Renan vai fazer sangrar o governo sem necessariamente chegar ao impeachment. Segue "o roteiro que interessa ao seu maior aliado, o ex-presidente Lula". Escreve a colunista: "Para o petista, o melhor dos mundos é polarizar a eleição de 2022 com um Bolsonaro enfraquecido, mas não com uma candidatura de centro-direita — que tende a ganhar espaço se Bolsonaro estiver fora do páreo".
O texto é direto: "O escândalo de milhares de mortes diárias por Covid-19 não pode continuar, nem passar em branco. O atraso na compra de vacinas, combinado a discursos negacionistas que não cessam de provocar o aumento da contaminação, aponta inexoravelmente para a acumulação dos óbitos. Em nome dos que perdemos e dos que podemos preservar, esperamos que os senadores não poupem esforços e coragem".
Sobre a pandemia, uma boa notícia no Painel da Folha. Covas está negociando vacina contra a Covid-19 com Cuba, anuncia Marta Suplicy. A secretária de Relações Internacionais de Bruno Covas (PSDB), disse que a Prefeitura de São Paulo abriu negociações com Cuba para compra da vacina Soberana 2, contra a Covid-19. Ela disse que as tratativas são iniciais, mas envolvem também a possibilidade de instalação de uma fábrica do imunizante na capital paulista. "Vimos que Cuba, segundo a Opas nos informou, a vacina deles sempre foi de excelência. Foram os primeiros que fizeram a vacina de hepatite, que foi apoiada pela OMS", disse.
Na economia, destaque do dia está na Folha: Brasil deve ter menor crescimento entre as dez maiores economias do planeta. Estudo da FGV com dados do FMI mostra que França e Reino Unido se aproximarão do país em 2021. Se for considerado o tamanho das economias mundiais com base na PPC, o Brasil deve manter em 2021 a 8ª posição pelo terceiro ano seguido. Em 2018, era o sétimo colocado.
LULA
Folha noticia que a esquerda tenta reduzir favoritismo de Bolsonaro em segmento evangélico para 2022. Lula prepara carta pública a religiosos, e Ciro e Boulos tentam romper preconceito de denominações com progressistas. A ideia no PT é que o documento seja distribuído em templos, igrejas e terreiros e ressalte a importância das medidas de isolamento e a solidariedade com a população vulnerável, que tem passado fome com a paralisação da atividade econômica. "Nas próximas semanas, Lula também pretende se reunir com integrantes da bancada evangélica que já apoiaram governos petistas", informa.
ELEIÇÕES
Painel da Folha informa que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) quer adiar prévias do partido para 2022 e diz que momento é de buscar nome de consenso do centro. O movimento ocorre após o senador Tasso Jereissati (CE) se manifestar a favor da mudança. O tucano mineiro defende prévias em março de 2022.
A subprocuradora Elizeta Maria de Paiva Ramos diz que o objetivo da sindicância é esclarecer se houve irregularidades nas conversas entre a Lava Jato e as autoridades estrangeiras e se todas as cooperações seguiram as regras.
A defesa do ex-presidente Lula acusa a Lava Jato de realizar tratativas informais para obter informações com autoridades americanas e suíças durante as negociações do acordo de leniência da Odebrecht. Os advogados do petista citam conversas que indicariam que a suposta colaboração ocorreu fora dos meios formais. Os procuradores negam.
GUEDES
Outro assunto importante é a decisão do ministro Marco Aurélio de Mello, do STF, que mandou o governo realizar o Censo 2021, cancelado por falta de verba. Ministro determinou ao Executivo que adote as medidas necessárias para fazer o levantamento neste ano. O Censo do IBGE foi cancelado por falta de dinheiro. O ministro acolheu pedido do estado do Maranhão e determinou ao governo a "adoção de medidas voltadas à realização do censo".
Mais surpreendente, contudo, foi a reação do ministro Paulo Guedes, culpando o Congresso por corte no Censo. O ministro afirmou que o governo não foi responsável por cortar as verbas para a realização do Censo Demográfico neste ano, mas sim o Congresso. "Não fomos nós que cortamos o Censo. Quando houve corte no Congresso, a explicação que nos deram é que o isolamento social impediria que as pessoas fossem de casa em casa transmitir o vírus", afirmou. "Porque é físico, os pesquisadores vão de casa em casa fazendo perguntas e preenchem os relatórios. Então, me pareceu que essa era a explicação, vou me informar a respeito", disse.
No GGN, Luís Nassif aponta a perda de tração de Guedes no governo. Ele teve de se desfazer de parte da equipe para conter os críticos. "Sua passagem desastrosa pelo ministério terá o único mérito de acelerar a perda de hegemonia do mercado sobre a política econômica", destaca o colunista no artigo Guedes, o canto de cisne do ultraliberalismo tupiniquim. "Conseguiu a unanimidade, de ser condenado pela esquerda, pela direita mercadista racional, por desenvolvimentistas e pelo próprio mercado", aponta. "Os elogios que eventualmente recebem significam apenas a esperança de que consiga dar uma última tacada nas privatizações, antes de soçobrar".
No Tijolaço, Fernando Brito também escreve sobre as mudanças na equipe econômica, destacando a falta de senso de Guedes e sua demonstração de covardia ao atribuir ao Congresso a não realização do Censo em 2021. Brito antevê que ele vai para o limbo e perderá espaço para o Centrão. "O bestialógico de Paulo Guedes de ontem para hoje, foi coroado por suas declarações cândidas sobre o Censo de 2021, dizendo que o Congresso havia cortado suas verbas por conta da pandemia, que iria impedir a busca de informações 'de casa em casa'", observa. "Desde ontem era voz corrente entre os repórteres em Brasília que as substituições no Ministério da Economia foram consumadas à sua revelia".
O francês Le Monde diz que "Biden se envolveu em uma batalha histórica contra a desigualdade". Em editorial, o jornal lembra que o democrata prometeu aos trabalhadores americanos 'reconstruir a América, para melhor'. "Virando as costas à ortodoxia das índices, empurrado pela esquerda, Biden continua no caminho certo para reabilitar as classes média e popular", sublinha.
No discurso ao capitólio, ao lado de Kamala Harris e Nancy Pelosi, Biden fez um balanço dos primeiros 100 dias no cargo e anunciou um novo pacote: o Plano das Famílias Americanas no valor de US$ 1,8 trilhão que se concentra nas crianças, e deve trazer à tona os tópicos de reforma policial e justiça racial, a crise climática e um enorme plano de infraestrutura, unidade e imigração. O plano da Casa Branca vai investir bilhões em um programa nacional de creche, pré-escola universal, faculdade comunitária gratuita, subsídios de seguro saúde e redução de impostos para trabalhadores.
Se o plano for aprovado, cerca de US$ 300 bilhões serão dedicados ao financiamento da educação, US$ 225 bilhões para creches e outros US$ 225 bilhões para subsidiar férias familiares. O programa reflete ideias progressistas, incluindo um programa nacional de licença familiar, que só recentemente foi adotado pelos legisladores democratas convencionais. Os EUA são a única nação rica que não tem uma política federal de licença-maternidade paga e faz parte de um grupo muito pequeno de países mais ricos que não oferecem licença-paternidade.
Na imprensa inglesa, o pesadelo político do primeiro-ministro Boris Johnson é manchete de capa dos principais jornais. The Guardian destaca a fúria de Johnson durante confronto na Câmara dos Comuns com Sir Keir Starmer. O jornal traz quatro fotos do primeiro-ministro com o rosto vermelho usando um dedo para apresentar seu caso durante sessão. O diário diz que a disputa pelo "dinheiro das cortinas" está cada vez mais engolfando Johnson. Ele insiste que não fez nada de errado. O jornal o chama de Coringa.
O Times abre outro flanco: Há preocupação em Downing Street com a "trilha de papel" nas reformas do apartamento do primeiro-ministro. O jornal afirma que há alegações de que o presidente do partido conservador, Ben Elliot, alertou Johnson em fevereiro do ano passado que os planos de financiar o projeto por meio de doações eram "loucura". Até o Financial Times trata da crise política no Reino Unido na manchete. A investigação da Comissão Eleitoral é a manchete e o jornal relata que uma segunda investigação sobre o apartamento do primeiro-ministro será conduzida por Sir Christopher Geidt, o ex-conselheiro sênior da Rainha.
NA GRINGA
Sobre a crise sanitária brasileira, o americano Wall Street Journal destaca que a variante da Covid-19 do Brasil está "rasgando a América do Sul em advertência ao mundo". Os países que recentemente controlaram a disseminação do Covid-19 agora estão vendo hospitalizações e aumento de mortes. A variante P1 já foi detectada em mais de 30 países e está devastando o Uruguai.
O francês Le Monde distribui um podcast sobre a crise sanitária brasileira que desembocou numa crise política. "O Brasil tornou-se nos últimos meses um dos principais centros da epidemia de Covid-19. Por trás de uma situação de saúde catastrófica, um duelo político está acontecendo entre o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Lula", destaca o jornal. Bruno Meyerfeld, correspondente do Monde no Rio de Janeiro, fala sobre esse duelo. O podcast está no Spotify e pode ser ouvido aqui.
No Financial Times, o editor Michael Stott escreve artigo defendendo que a América Latina deve adotar um caminho fora das polarizações ideológicas na reconstrução da região após a pandemia. "Retornar ao status quo não é uma opção", diz o título do artigo. "Os cabos-de-guerra políticos devem dar lugar ao consenso à medida que a região emerge dos destroços do Covid-19", pondera.
"Por décadas, a América Latina foi dividida por um cabo de guerra amargo e muitas vezes destrutivo sobre a política econômica, que opôs 'neoliberais' a favor de mercados livres contra estatistas de grandes governos", lembra. "Um lado puxaria os eleitores em sua direção; quatro anos depois, o eleitorado viraria na direção oposta e o time rival alcançaria a vitória. Seu primeiro ato no cargo seria desfazer o mais rápido possível o trabalho dos ocupantes anteriores".
"A chave é 'reconstruir melhor' – termos usados por todos, desde o Banco Mundial até os acadêmicos, para aproveitar a oportunidade criada pela pandemia e tornar as economias da região mais competitivas, inclusivas e sustentáveis", diz. "Isso envolve abraçar as oportunidades abertas por uma digitalização mais rápida para melhorar tudo, desde a educação até os serviços de saúde e o governo, e usar a transição para uma energia mais verde para investir em infraestrutura que ofereça melhores serviços públicos mais baratos".
No português Diário de Notícias, a notícia sobre o Brasil é a constatação de autoridades e médicos no país sobre a crescente onda de mortes de grávidas por covid. "Só entre janeiro e abril de 2021, 433 grávidas ou mães recentes perderam a vida, número muito elevado quando comparado aos 546 óbitos registados em todo o ano passado", informa. Já o francês Libération fala do imbróglio envolvendo Brasil e Rússia na controversa decisão de banir a Sputnik no maior país da América Latina: Brasil duvida da vacina Sputnik V, Rússia denuncia decisão política.
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