quarta-feira, 1 de setembro de 2021

Carta Capital, de 28/8/2021

 

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28 DE AGOSTO DE 2021

Amigo leitor,

Os atos pró-Bolsonaro marcados para o dia 7 de Setembro podem se tornar um divisor de águas na percepção pública sobre o apoio da sociedade ao ex-capitão.

Se essas manifestações contarem com a adesão de PMs, o que representaria um risco para a ordem democrática, o presidente ganharia mais um motivo para insistir em suas já recorrentes ameaças.

Mas se as ruas repetirem o que indicam as pesquisas de opinião, essas bravatas restariam mais próximas das anedotas do que de uma chance real de ruptura.

O feriado da Independência, portanto, deve se tornar o dia D do presidente e de seu governo.


 

O Dia D

Bolsonaro depende da adesão de policiais militares aos atos do 7 de Setembro para persistir com ameaças

 FOTO: EVARISTO SA / AFP

"Bolsonaro está esticando a corda para fazer o 7 de Setembro ser o ponto de não retorno, e temos pouco anteparo para evitar que isso aconteça".

A declaração é do sociólogo Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, em entrevista a CartaCapital.

O especialista teme a adesão de policiais militares aos eventos. O assunto também preocupa governadores, que alertam para o risco de motins nas forças de segurança.

Em São Paulo, coroneis da reserva e da ativa defenderam a participação de PMs nos atos.

“Liberdade não se ganha, se toma. Dia 7/9 eu vou”, bradou o coronel Aleksander Lacerda nas redes sociais. Ele comandava forças policiais em 78 municípios paulistas, o que representa cerca de 5 mil agentes. Terminou afastado pelo governador João Doria.

Policiais militares não podem comparecer a manifestações como essa. O regulamento da Polícia Militar veda a participação ou promoção de atos político-partidários por parte dos seus integrantes.

Não há clareza sobre a dimensão do apoio dos PMs ao presidente. O que se sabe é que a adesão não é total.

Também nas redes sociais, o tenente-coronel da reserva da Polícia Militar Paulo Ribeiro alertou colegas de farda para que não caiam ‘num canto da sereia’.

“Chega de sermos massa de manobra", afirmou. Para ele, ao contrário do que muitos dizem, o apoio ao presidente não represente 80% da corporação. “Esse pessoal indisciplinado é pouco, mas é barulhento."

Já o ex-comandante da Polícia Militar Glauco Carvalho classificou Bolsonaro como a pessoa mais ‘despreparada’ para ocupar função pública ou militar.

“Servi dentro do Exército por três anos como oficial de ligação da Polícia Militar de São Paulo. Havia uma grande ojeriza ao capitão Bolsonaro. Não entendo o que aconteceu nesses 25 anos, pois se há uma pessoas despreparada para o exercício da função política e para a função militar, essa pessoa é Jair Bolsonaro", disse.

O feriado nacional dará a dimensão do que ainda resta de sustentação ao presidente: se uma quantidade capaz de fazer Bolsonaro incentivar uma guerra civil, como alertou o governador Flávio Dino, ou se o público fiel é muito reduzido, como sustenta a cientista política Carolina de Paula.

 

 
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Lula enquadra as Forças Armadas

Os discursos públicos do petista não indicam um novo aceno conciliatório à caserna

FOTO: ARISSON MARINHO / AFP

 

O ex-presidente Lula, que nos últimos dias visitou estados do Nordeste de olho em alianças para 2022, não poupou as Forças Armadas em seus discursos.

No Rio Grande do Norte, o petista reforçou que só conversará com os militares caso vença as eleições presidenciais.

“Os militares têm de entender que têm um papel importante na defesa da soberania brasileira e do bem-estar do povo brasileiro", afirmou. "O que eles não podem é dar sustentação a um genocida responsável por quase 600 mil mortes neste País.”

As declarações indicam que o ex-presidente não parece disposto, ao menos por ora, a uma reconciliação com as Forças Armadas — hoje entranhadas no governo Bolsonaro.

Em entrevista a CartaCapital, o ex-ministro da Defesa Celso Amorim disse que Lula não precisa fazer um novo aceno aos militares, pois eles foram 'muito bem tratados' nos governos petistas.

"O aceno é o histórico. O Lula sempre tratou com respeito as Forças Armadas e a Dilma também." 

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