terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Ettore Scola

Ettore Scola

Ettore Scola

“O cinema não pode mudar o mundo nem a realidade, mas pode ajudar a refletir”.

Discípulo de Vittorio De Sica, o cineasta italiano Ettore Scola nasceu em 1931 em Trevico na Itália. Começou sua carreira no cinema como roteirista e foi ator, produtor e assistente de direção. Filho de médico, estudou direito na faculdade em Roma, mas nunca teve a intenção de seguir a carreira. Em pouco tempo, sentiu o fascínio do jornalismo, trabalhando como diagramador de um jornal humorístico. Acabou indo para o rádio onde fazia scripts para comédias, alguns para um programa com Alberto Sordi, então extremamente popular. Em pouco tempo, Scola também já era um roteirista conceituado no cinema. Porém, ele demorou para optar pela direção. Com quase 40 filmes no currículo, Scola descende de um grupo politizado, socialista (no real sentido da palavra) e bem humorado que transformou o cinema italiano depois da II guerra mundial.

Estreou com o filme Se Permettete Parliamo di Donne (1964), com Mônica Vitti e Vittorio Gassman, que viria a ser um ator constante em seus filmes, e, desde 2003 não produz nada. Sensível aos dramas familiares e aos temas políticos, seus filmes tem em comum essas temáticas, sempre retratadas com bom humor.

Seu primeiro sucesso foi com o filme Ciúme à Italiana (1970), uma sátira a política de seu país. O reconhecimento internacional, no entanto, veio quatro anos mais tarde com Nós Que Nos Amávamos Tanto (1975), sobre o encontro de ex-combatentes da Segunda Guerra Mundial. Um ano mais tarde, Scola ganhou o prêmio de melhor direção no Festival de Cannes por Feios, Sujos e Malvados(1976), uma bem-humorada paródia da utopia urbanista do filme Milagre em Milão (1951), de Vittorio De Sica. Desenvolveu uma parceria das mais produtivas com o músico Armando Trovajoli, um constante colaborador de suas películas.

Com Sophia Loren e Marcello Mastroianni em Um Dia Muito Especial (1977), foi indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. Em O Baile (1983), um filme sem narrativa nem diálogos, apenas com números de música e dança que contam histórias do século XX (guerras, amores e pragas) ele inovou na estética cinematográfica. Com Casanova e a Revolução (1982) ele foge da Itália para retratar a revolução francesa, depois veio o ótimo O Jantar (1998) e Concorrência Desleal (2001), o melhor filme do cineasta na minha opinião. Esses filmes fazem parte da mostra que começa hoje sobre esse genial diretor italiano. Infelizmente, com quase 40 filmes lançados, a obra de Scola não chegou ao Brasil na sua totalidade, por isso iremos nos concentrar nos filmes lançados em DVD, quatro ao todo e VHS, dois.

Dono de uma caligrafia privilegiada na construção de diálogos, Ettore Scola busca transmitir em suas películas uma análise real da vida, algo comparável a Robert Altman, com um pouco menos de sarcasmo. Outra característica em suas obras é a visão infantil que costuma encerrar suas películas, um toque do gênio criativo. No próximo post trarei uma interessante entrevista do diretor ao site português cine cartaz.

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