Justiça argentina investigará Mauricio Macri por suposto enriquecimento ilícito
Segundo declaração divulgada na última quinta-feira, patrimônio do presidente argentino aumentou 111% em um ano; denúncia foi apresentada por ex-deputada opositora
Após denúncia apresentada nesta segunda-feira (30/05) por Gabriela Cerruti, ex-deputada da cidade de Buenos Aires e integrante do partido de oposição Nuevo Encuentro, a Justiça argentina investigará o presidente da Argentina, Mauricio Macri, por suposto enriquecimento ilícito.
Em declaração juramentada apresentada na última quinta-feira (26/05), Macri indicou que seu patrimônio passou de aproximadamente 52 milhões de pesos (cerca de R$ 13,4 milhões) no fim de 2014 para 110 milhões (R$ 28,3 milhões) no fim do ano passado. O valor corresponde a um aumento de 111% durante 2015.
EFE
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi acusado de enriquecimento ilícitio pela ex-deputada portenha Gabriela Cerruti
O presidente da Argentina, Mauricio Macri, foi acusado de enriquecimento ilícitio pela ex-deputada portenha Gabriela Cerruti
“Nos encontramos diante de uma situação de uma entrada declarada de 6.890.707,16 pesos e um aumento patrimonial no mesmo período de 61.034.684 pesos. Obviamente, estamos diante de um escandaloso aumento patrimonial que automaticamente nos leva a presumir a existência do crime de enriquecimento ilícito”, disse Cerruti na denúncia. O juiz federal Sebastián Ramos e o promotor Gerardo Pollicita ficaram responsáveis pelo caso.
A assessoria de Macri afirmou que um dos motivos do aumento foi a valorização de parte das ações que o presidente possui, antes registradas na OA (Oficina Anticorrupção) com o valor simbólico de 1 centavo de peso “por questões técnicas vinculadas ao formulário de apresentação”.
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Segundo a assessoria, o aumento se deu também porque os ativos de Macri no exterior antes estavam avaliados com o dólar cotado a 8 pesos, valor que chegou a 12 pesos no final do período tratado pela declaração.
“O aumento patrimonial de mais de 60 milhões de pesos não encontra justificativa nem no Ingresso Líquido Anual (6.890.707,16 pesos segundo a declaração juramentada), nem na diferença de avaliação dos bens no início e no fim do ano (0,00 segundo a declaração juramentada)”, afirmou Cerruti, que também é jornalista e escreveu uma biografia de Macri publicada em 2010.
Estoy presentando la denuncia contra @mauriciomacri por enriquecimiento ilícito porque #NoDanLasCuentas nuestrasvoces.com.ar/entendiendo-la … #BuenLunes
No mês passado, Macri foi citado nos “Panama Papers”, série de mais de 11 milhões de documentos vazados da firma panamenha Mossack Fonseca. O presidente é investigado por suposta “omissão maliciosa” de sua participação nas empresas Fleg Trading Ltda, com sede nas Bahamas e citada pelos “Panama Papers”, e Kagemusha SA, revelada também em abril apósinvestigação de um jornalista argentino.
Dinheiro nas Bahamas
O presidente da Argentina também declarou ativos nas Bahamas, país considerado internacionalmente como um paraíso fiscal, no valor de 18 milhões de pesos (R$ 4,6 milhões). Durante uma entrevista coletiva nesta segunda-feira na Casa Rosada, Macri afirmou que repatriará o dinheiro que possui nas Bahamas. Ao ser questionado por jornalistas sobre o assunto, o presidente disse que tomou a medida por “acreditar que fará muito bem à Argentina”.
Um interlocutor de Macri afirmou ao jornal argentino La Nación que a quantia é “o mesmo dinheiro que tinha depositado nos Estados Unidos e na Suíça com [o banco norte-americano] Merrill Lynch”. “O que aconteceu é que [o banco suíço] Julius Baer comprou o Merrill Lynch e mudou sua sede para as Bahamas. É apenas uma mudança legal de seu agente financeiro”, disse a fonte próxima ao presidente.
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