Onde foram parar as pesquisas do Datafolha e do Ibope? Por Paulo Nogueira
Onde foram parar as pesquisas?
Na campanha movida contra Dilma pela imprensa, elas foram um elemento vital. Datafolha e Ibope produziam pesquisas em larga quantidade, e elas iam imediatamente dar nas manchetes de jornais, telejornais e o que mais for. Colunistas das grandes empresas jornalísticas — os chamados fâmulos dos patrões — se regozijavam em repercuti-las.
O público mais influenciado por Globo, Folha e congêneres — os analfabetos políticos ou midiotas — babava agarrado aos números.
E eis que elas sumiram.
Por uma razão: interessava à imprensa minar Dilma. E agora interessa proteger Temer.
Conheço de dentro o mundo dos Marinhos e dos Civitas. Suspender pesquisas é uma coisa que os patrões podem combinar com meia dúzia de telefonemas.
É um momento delicado para os golpistas enfrentarem os resultados certamente péssimos para Temer. Senadores podem achar mais conveniente bater em retirada do golpe caso fique claro que os eleitores desprezam Temer e seu governo de corruptos.
Bastam apenas três votos para que o afastamento de Dilma seja revisto e Temer enxotado.
Os barões detestariam isso. Temer representa o livre acesso deles ao dinheiro público. Publicidade federal, financiamentos do BNDES, este tipo de coisa e outras mais.
Lembremos que Temer colocou Maria Sílvia na presidência do BNDES. No passado, cerca de dez anos atrás, ela foi contratada pela Globo para defender que o BNDES socorresse (sempre com recursos do contribuinte) as empresas de mídia, então quebradas.
Lembremos que Temer colocou Maria Sílvia na presidência do BNDES. No passado, cerca de dez anos atrás, ela foi contratada pela Globo para defender que o BNDES socorresse (sempre com recursos do contribuinte) as empresas de mídia, então quebradas.
Se Temer estivesse brilhando, estaríamos engolindo pesquisas sobre pesquisas na imprensa.
O silêncio agora diz o que a ausência de levantamentos esconde.
Nestes dias, a Folha escreveu num editorial que Gilmar Mendes deveria ao menos preservar as aparências.
Lindo isso. Há anos, Gilmar debocha da sociedade — e da civilização — ao se comportar como um torcedor de arquibancada na suprema corte sem que a Folha jamais falasse nada.
Mas agora ela pediu cuidado pelo menos com as aparências. Ela deveria olhar para o espelho e dizer o mesmo a si própria.
A supressão das pesquisas do Datafolha é apenas mais um sinal de que a Folha passou a fazer propaganda política conservadora nos últimos anos — e não jornalismo.
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