quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Emails de Clinton revelam sabotagem contra a Venezuela

Emails de Clinton revelam sabotagem contra a Venezuela

Como secretária de Estado, Hillary Clinton liderou um time compromissado em deslegitimar as políticas de Hugo Chávez e a Revolução Bolivariana.


TeleSur English
Tech Sgt. Cohen A. Young
Enquanto Hillary Clinton publicamente acolheu o aprimoramento das relações com a Venezuela como secretária de Estado, ela reservadamente ridicularizou o país e continuou a apoiar os esforços de desestabilização, como revelou seus emails vazados pelo WikiLeaks.
 
Em 2010, Clinton perguntou a Arturo Valenzuela, então secretário assistente de Estado de Relações Ocidentais, como “reinar sob Chávez”. Valenzuela respondeu que, “precisamos considerar com cautela as consequências em confrontá-lo publicamente mas devemos avaliar as oportunidades de outros na região ajudarem”.
 
Sua resposta estava alinhada com a estratégia da embaixada norte-americana em 2006, também revelada nos telegramas da inteligência do WikiLeaks: “uma proximidade criativa dos EUA até os parceiros regionais de Chávez irá desencadear um abismo entre eles e Chávez”, disse o telegrama confidencial da embaixada. “Nos recusando a levar a sério cada surto de Chávez, vamos frustrá-lo ainda mais, pavimentando o caminho para mais erros Bolivarianos. Também abrimos espaço para que outros atores internacionais respondam”.
 
A Espanha estava entre os países dispostos a ajudar os EUA em sua estratégia subversiva de relações exteriores. A ex-secretária de Estado, Madeleine Albright, passou a mensagem da administração do primeiro ministro conservador, Mariano Rajoy, em 2012, expressando intenções de “reorientar a política estrangeira da Espanha para que possa trabalhar com a dos EUA na América Latina, especialmente na Venezuela e em Cuba … Com o aparecimento de uma transição em Cuba e algo significante na Venezuela (e possivelmente nos Andes), uma relação forte de trabalho entre os EUA e a Espanha seria de grande ajuda”.





 
Se tratando de reuniões regionais, Clinton estava especialmente preocupada com a Venezuela. Respondendo a uma declaração da ONU contra o golpe de Honduras em 2009 – que ela apoiou – Clinton mudou de assunto para a Venezuela: “Ok – mas eles já condenaram a Venezuela por negar liberdade de imprensa?” ela escreveu para o chefe de gabinete assistente, Jake Sullivan.
 
Ele respondeu: “eu duvido muito. E isso é só a ponta do iceberg”, ao que Clinton escreveu, “Ah, esse iceberg proverbial”. Clinton foi cautelosa em não responder a todas as “artimanhas” de Hugo Chávez, mas sua equipe insistiu que as políticas venezuelanas eram uma ameaça aos interesses estadunidenses. 
 
Um e-mail aconselhando como gastar os fundos da Agência Estadunidense de Desenvolvimento internacional (USAID) sugeriu fortemente frear o apoio a estados de esquerda como Venezuela, Equador, Nicarágua e Cuba porque o dinheiro “poderia prejudicar um desenvolvimento democrático real ao entregar 'propriedade' a populistas centralizadores”.
 
Clinton deveria usar linguagem como “'propriedade local' de um modo sutil” para evitar que suas palavras sejam “usadas contra ela por demagogos e cleptocratas”, disse o e-mail. Quaisquer fundos canalizados em tais estados não confiáveis, adicionou o e-mail, deve ser acompanhado de “mudanças de comportamento humano”.
 
Ajuda internacional para a Venezuela foi deslocada, mas transmissões para contrariar “propaganda” local foram amplificadas.
 
O Conselho de Transmissão de Governantes (BBG) – que comanda as estações Marti, Voz da América, Rádio Livre Europa/Rádio Liberdade, Rádio Livre Ásia e as Redes de Transmissão do Oriente Médio – exigiram mais financiamento em um e-mail de 2010 enviado para Clinton para “combater os esforços de diplomacia pública para os inimigos da América, os quais ele (presidente Walter Isaacson) identifica como Irã, Venezuela, Rússia e China”.
 
O BBG, com um orçamento anual de $700 milhões – agora em $750 milhões – estava “encarando uma competição crescente de  incursões de outros governantes na transmissão internacional … incluindo a TeleSur da Venezuela”.
Um mês depois, quando o Conselho estava sofrendo com cortes, a senadora da Flórida, nascida em Cuba, Ileana Ros-Lehtinen sugeriu que os recursos fossem focados em países de alta prioridade como Cuba, Venezuela e Equador. “Que a diversão comece – e vamos continuar com nossos planos”, respondeu Clinton.
 
Outro e-mail vazado da agência de inteligência, Stratfor, descreveu o BBG como “responsável pelas agressões via TV e rádio contra Cuba”, que recebeu sua própria categoria de financiamento estatal de quase $40 milhões. O Conselho se separou do controle do Departamento de Estado em 1999, se tornando oficialmente uma agência independente. “O Congresso concordou que a credibilidade do sistema de transmissões internacional dos EUA era crucial para sua efetividade como ferramenta diplomática”, de acordo com o orçamento de 2008 do Congresso sobre operações estrangeiras.
 
Enquanto agia com frieza e desprezo com a Venezuela, Clinton era gentil com 'jogadores' da América Latina que se opunham às políticas de esquerda do país. Sua conselheira e chefe de gabinete, Cheryl Mills, a enviou uma recomendação para que Mari  Carmen Aponte fosse apontada como embaixadora dos EUA em El Salvador. Aponte, notou o e-mail, “lutou consistentemente contra os esforços de Cuba e da Venezuela para ganhar influência  na América Central e como resultado de suas habilidades de negociação, os EUA e El Salvador irão abrir um centro de monitoramento eletrônico novo e conjunto que será uma ferramenta para lutar contra crimes transnacionais”.
 
Ela ganhou a indicação e depois se tornou secretária de Estado assistente de Relações Ocidentais.
 
Clinton também foi bombardeada por dizer, “estamos ganhando!” quando a oposição venezuelana ganhou a maioria de assentos no parlamento em 2015 e por servir como secretária de Estado enquanto a Administração Nacional de Segurança (NSA) espionava regularmente e Venezuela.
Créditos da foto: Tech Sgt. Cohen A. Young




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