Vice-ministro da Bolívia foi torturado por horas antes de ser morto, aponta Procurador-geral
Autópsia indicou traumatismo craniano e fratura de costelas no corpo de Rodolfo Illanes, encontrado após ter sido sequestrado por mineiros; 43 pessoas estão detidas
O vice-ministro de Interior da Bolívia, Rodolfo Illanes, foi torturado durante seis ou sete horas antes de ter sido assassinado na quinta-feira (25/08), afirmou nesta sexta-feira (26/08) o procurador-geral, Ramiro Guerrero.
Em entrevista coletiva à imprensa, Guerreno afirmou que essa é uma das conclusões da autópsia realizada no corpo de Illanes, que foi encontrado coberto por uma manta na madrugada desta sexta-feira. O cadáver estava em uma estrada da região de Panduro, a cerca de 180 quilômetros da capital La Paz, região onde Illanes foi sequestrado por mineiros que realizavam manifestações e bloqueavam estradas.
Agência Efe
Familiares de Rodolfo Illanes e autoridades bolivianas participaram do funeral do vice-ministro nesta sexta
Familiares de Rodolfo Illanes e autoridades bolivianas participaram do funeral do vice-ministro nesta sexta
Segundo Guerrero, o exame médico indicou também um "severo traumatismo craniano e fratura de costelas", resultado dos golpes sofridos por Illanes, que tinha 56 anos.
O relatório confirma também que sua morte ocorreu entre 17h30 e 18h de quinta-feira. Como o corpo do vice-ministro foi encontrado por volta de 1h da manhã de sexta, "se presume que [Illanes] foi torturado por aproximadamente seis a sete horas", segundo um comunicado distribuído pela Procuradoria a meios de comunicação.
O exame mostrou lesões nos centros nervosos superiores, vascular e nervosa, hemorragia subdural, subaracnóidea, edema cerebral, traumatismo crânio encefálico e politraumatismo facial, torácico e genital.
"Isso significa que ele foi espancado em todo o corpo, no crânio e nos membros, e ficou evidenciada a fratura de várias costelas e do septo nasal. Aparentemente o golpe que acabou com sua vida foi na cabeça com um objeto", disse Guerrero, que acrescentou que Illanes teria ficado ajoelhado por várias horas.
Illanes foi feito refém por um grupo de mineiros na quinta-feira enquanto tentava negociar a suspensão de um bloqueio dos mineiros em Panduro, no caminho de La Paz para a cidade de Oruro.
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Manifestantes entraram em confronto com a polícia durante a semana, que resultaram na morte de dois trabalhadores na quarta-feira (26/08). Os mineiros alegam que houve uma terceira vítima fatal, que não foi confirmada pelo governo boliviano.
Agência Efe
Polícia entra em confronto com mineiros que bloqueavam estradas em Panduro
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Os cooperativistas querem alugar suas concessões mineradoras para empresas privadas ou estrangeiras, o que é vetado pela Constituição boliviana.
De acordo com o governo boliviano, Illanes havia entrado em contato para informar sobre seu sequestro pelos mineiros, que estariam lhe fazendo ameaças.
Segundo informações do jornal La Razón, os dirigentes mineiros confirmaram estar com Illanes, mas disseram tratar-se de uma "retenção" do vice-ministro e não de um sequestro.
Nesta sexta, fiscais da Procuradoria de La Paz realizaram buscas nos escritórios de duas cooperativas de mineiros, no âmbito das investigações sobre o assassinato do vice-ministro de Interior. A rádio de uma cooperativas, que transmitia informações diretamente do local dos confrontos, também foi fechada.
Até o momento 43 estão detidas suspeitas de envolvimento com o caso, incluindo o presidente da Fencomin (Federação Nacional de Cooperativas Mineiras da Bolívia), Carlos Mamani. Desde a morte de Illanes a polícia prendeu outras cem, que já foram liberadas.
(*) Com Agência Efe
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