Brasil:
de mal a pior!
(Ernesto Germano Parés)
No dia 8 de fevereiro de 1954 militares tentaram o
primeiro golpe contra o processo democrático no país e tentaram impor um modelo
liberal, mais afinado com a política de Washington. Naquele dia, 81 oficiais,
sendo 42 coronéis e 39 tenentes-coronéis, assinaram um Manifesto à Nação
pedindo a queda de Getúlio Vargas porque ele havia anunciado um aumento de 100%
no salário mínimo.
Mas, já antes desse pronunciamento militar, Getúlio era
alvo de uma campanha caluniosa que inventava dezenas de denúncias para
desacreditar o presidente eleito. Desde um falso apartamento que Getúlio teria
comprado até a farsa do atentado na Rua Toneleros, tudo servia para justificar
o golpe que já estava em andamento.
Mas Getúlio suicida-se e o povo vai para as ruas.
Muitos golpistas fugiram apressadamente para o exterior enquanto carros dos
jornais que faziam campanha do golpe eram incendiados pelo povo.
Com o suicídio, o Brasil passa por uma fase de
transição até que houvesse nova eleição. O Congresso Nacional tenta montar mais
uma farsa para impedir a candidatura de Juscelino Kubistchek. O então marechal
Henrique Teixeira Lott, um democrata, bota as tropas na rua e garante o
prosseguimento do processo democrático.
Depois da eleição, Carlos Lacerda, uma das principais
lideranças golpistas, chega a dizer em seu jornal que Juscelino e Jango não
deveriam tomar posse, pedindo a intervenção dos militares e uma ação no
Congresso. Foi novamente derrotado e fugiu para Cuba, na época ainda governada
pelo tirano Fulgêncio Batista.
Com a posse de Juscelino, a direita não desistiu de
seus projetos e manteve acesa a ideia de um golpe. Em fevereiro de 1956, um
levante militar em Jacareacanga (Pará) tenta destituir JK, mas o movimento foi
rapidamente sufocado. Em dezembro de 1959 os militares tentam um novo golpe,
agora em Aragarças (Goiás). Nessa segunda tentativa participam alguns dos
golpistas de Jacareacanga e muitos novos. Chegam a sequestrar cinco aviões para
invadir o Rio de Janeiro e bombardear o Palácio do Catete que, na época, era a
sede do Governo. Mas também foram derrotados e quase todos fugiram para o
exterior.
O momento tão desejado só chegou com a renúncia de
Jânio Quadros e a posse de João Goulart. Curiosamente, muitos dos militares golpistas
de Jacareacanga e Aragarças fizeram parte do golpe de 1964, mas essa já é uma
história conhecida por todos.
Fizemos esse retrospecto da nossa história apenas para
mostrar que o golpe atual é diferente. Não há fardas ou tropas nas ruas, mas um
Congresso servil e um Judiciário corrupto e completamente afinado com o modelo
liberal. Em 1964, por não confiarem no Judiciário, os militares criaram o
Superior Tribunal Militar (STM) que, simplesmente, calou todo o restante do que
ainda havia de justiça honrada no país. E impuseram o Ato Institucional Número
1, dando aos militares o poder de cassar mandatos e suspender os direitos
políticos. Ou seja, colocou o Congresso “de quatro”.
Em 2016 vimos um golpe de novo estilo. Mesmo contando
com o monopólio dos meios de comunicação e desenvolvendo campanhas sistemáticas
contra o governo, a direita não conseguiu voltar ao poder. Depois de perder
quatro eleições presidenciais consecutivas, manteve sua meta de destruir o
Estado de Bem-Estar Social que o PT estava criando. Milhares de propagandas
mentirosas foram divulgadas contra os programas sociais e criou uma verdadeira
“lavagem cerebral” em grande parte da população. Curiosamente, a mesma
população que os seguidos governos do PT estava tirando da miséria e levando para
a classe média.
E hoje nós temos um Estado plenamente alinhado com as
políticas liberais, com os projetos de dominação do grande capital, com a
subserviência aos desígnios do FMI, etc. Um Congresso totalmente cúmplice e
corrupto, um STF que não deixa nada a dever ao antigo STM, uma Polícia Federal
e uma Procuradoria-Geral da República lotadas de simpatizantes da causa
anti-povo e, como sempre, uma mídia que segue fielmente as orientações e agora
faz propaganda do golpe e contra qualquer oposição popular.
Nossa Constituição, promulgada em 1988, estabelece que
somos a República Federativa do Brasil. Mas, será isso verdade diante o golpe?
Pelo que sabemos, a Republica, do latim “res publica”
ou “coisa pública” é uma forma de estrutura política ou de organização do
Governo. Para Cícero seriam necessárias três condições fundamentais para que a
República existisse: um número razoável de pessoas (multitude); uma comunidade
de interesses e de fins (communio); e um consenso do direito (consensus iuris).
Vejamos: a) um número razoável de pessoas – claro que
não, pois, no nosso caso, “um número razoável de pessoas” votou na presidenta
deposta por um grupo “não tão razoável assim”; b) uma comunidade de interesses
– claro que também não, porque os interesses dos trabalhadores e do povo,
grande maioria da nação, são muito diferentes dos interesses liberais dos
golpistas e; c) um consenso de direito – aí é preciso gargalhar, porque os
nossos direitos estão sendo diariamente pisados, cortados, suspensos,
derrotados por dois poderes totalmente antagônicos ao povo (o Legislativo e o
Judiciário).
Isso esclarecido, o Brasil de agora não é democrático e
nem mesmo uma República (coisa pública), mas uma piada de péssimo gosto contra
os brasileiros. O que mais nos espera?
• Os golpistas só fazem vergonha! Parece piada das redes sociais, mas não é. O fato é
verdadeiro e está bem documentado e gravado.
O presidente interino Michel Temer foi ridicularizado
poucas horas depois do Senado aprovar o afastamento da presidenta Dilma Rousseff.
Em diversos jornais televisivos, o golpista foi mostrado ao telefone tentando
falar um pouco de espanhol. Tudo bem, todos nós falamos um pouco de “portunhol”
e tudo dá certo.
Do outro lado da linha estaria falando o presidente
argentino Mauricio Macri e nossa imprensa, sempre “de quatro”, tentou mostrar a
importância do momento e que o “temeroso” tinha respaldo internacional. Mas a
verdade logo surgiu e ficamos sabendo que era um radialista argentino passando
um trote no presidente não-eleito. Pagou um “mico” internacional e não falou
mais no assunto.
Daí para a frente foi uma coleção de atos ridículos que
estão fazendo do Brasil um palhaço internacional. Jornais, em várias partes do
mundo, comentam o fato de Alexandre Frota, ator pornô e conhecido por suas
fotos decadentes, ter se tornado, de uma hora para outra, um “cidadão
gabaritado para opinar sobre os rumos do Ministério da Educação”!
Mas coisa pior ainda viria. Nomear José Serra para a
pasta de Relações Exteriores foi um tremendo erro cometido por Temer, para
manter a aliança com o PSDB, e os resultados já estão sendo sentidos. Além de outros
grandes vexames internacionais, vale destacar o fato de o Brasil mudar seu voto
em uma resolução em defesa do patrimônio histórico nos territórios da Palestina
que classificava Israel como país ocupante. O Brasil havia votado a favor. Uma
mudança de voto não alteraria o resultado (33 a 6 em favor da Palestina),
apenas marcaria uma nova posição de alinhamento aos EUA, que votaram contra.
Mas a mudança deixou uma péssima impressão na ONU e Serra foi o protagonista da
farsa. Logo na primeira entrevista após sua posse, Serra foi questionado sobre
a NSA e respondeu com outra pergunta: “NSA, o que é isso?”
Aí o Temer resolveu passear e visitar a Índia e ao
Japão para “fazer negócios”. Levou, em sua comitiva, o tal ministro Marcos
Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e Blairo Maggi (Agricultura)
e o chanceler José Serra. Ou seja, o Brasil foi representado no exterior por um
presidente sem voto, um chanceler que não sabe o que é NSA (Agência de
Segurança Nacional dos EUA), um bispo da Universal e o maior desmatador da
Amazônia. Vocês acham mesmo que a imprensa internacional teria deixado isso
passar sem comentários?
E, para finalizar os vexames, o presidente interino foi
à reunião do BRICS, na Índia. Mas foi o único chefe de Estado a não ser
recebido pelo presidente russo, Vladimir Putin.
• E as maldades não param, agora com ajuda do Judiciário. Os “nobres senhores” juízes do Supremo Tribunal
Federal estão fazendo a sua parte para “ajudar” o governo golpista a impor sua
agenda neoliberal. Na quinta-feira (27) aprovaram que os administradores
públicos (leia-se governos) podem cortar o salário dos trabalhadores em greve!
A verdade é que o nosso “judiciário” está se tornando o
principal aliado das políticas de “austeridade” que o FMI exige e se
transformou na principal ameaça aos direitos dos trabalhadores, como comentamos
em Informativos anteriores.
O funcionalismo público foi agredido por uma decisão de
seis votos a quatro. Votaram favoráveis à sentença (contra os funcionários) os
ministros Dias Toffoli, relator do caso, Gilmar Mendes, Luís Roberto Barroso,
Teori Zavascki, Luiz Fux e a presidenta do STF, Cármen Lúcia. Foram contrários
Rosa Weber, Edson Fachin, Marco Aurélio Mello e Ricardo Lewandoski. Celso de
Mello não compareceu à sessão.
Fachin tentou defender, em vão, o direito do
trabalhador de fazer greve, lembrando que o direito é assegurado
constitucionalmente. Na mesma linha, Marco Aurélio disse que a suspensão na
folha de pagamento é uma punição ao cidadão que exerce seu direito.
Vejam a lógica do governo golpista: primeiro congelam
os salários dos servidores com a PEC 241, depois “aprovam” uma medida do STF
dizendo que o servidor não pode fazer greve. Não é legal? Nem o terrível Calígula
pensaria uma coisa dessas!
• E lá vem chumbo grosso! A volta da CPMF, que seria usada para diminuir pela metade as alíquotas
do INSS pagas por patrões (22%) e empregados (11%), e o fim de ICMS e ISS, que
seriam substituídos por um Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Essas são as
principais propostas do novo relator da Comissão Especial da Reforma
Tributária, deputado Luiz Carlos Hauly (PSDB-PR)!
A proposta vai manter a carga tributária nos atuais 35%
do Produto Interno Bruto (PIB), desonerar tributos de empresas e manter as
arrecadações de União, estados e municípios nos níveis atuais.
A CPMF faria parte do fisco federal, junto com o
Imposto de Renda (das pessoas físicas e jurídicas) e INSS. A CSLL seria
extinta. Além do IVA, haveria um imposto seletivo nacional sobre determinados
produtos, cujas alíquotas seriam usadas para diminuir a do IVA. E no projeto
está totalmente descartada a criação de um imposto sobre grandes fortunas!
• Os golpistas na Venezuela. Como havíamos escrito várias vezes, aqui no Informativo, o projeto de
Washington tinha endereços certos: o golpe em Honduras, depois no Paraguai, uma
eleição forjada na Argentina e o golpe no Brasil. Próximos passos: Venezuela,
Bolívia e Equador. O mais preocupante é que, para a Casa Branca, tudo precisa
estar resolvido até janeiro de 2017, final do mandato de Obama e posse do novo
presidente.
Depois de uma longa campanha de calúnias e difamações
contra o governo de Nicolás Maduro, a direita internacional logrou uma vitória
significativa ao conseguir a maioria no Congresso venezuelano. A partir dali,
sob o comando de Henrique Caprilles (conhecido golpista), Jesús Torrealba,
Ramón Medina e outros, deram início a uma série de movimentos para inviabilizar
o governo do presidente eleito.
Só para lembrar, quando derrotado no Brasil o candidato
Aécio Neves declarou aos jornais que seu partido e os aliados não deixariam a
Dilma governar e que bloqueariam qualquer medida do PT no Congresso. Pois é a
mesma tática usada pelos golpistas venezuelanos. Mas eles foram além disso.
Todos os grandes comerciantes e industriais começaram a esconder produtos,
estocar ou vender através da fronteira com a Colômbia, para criar um
desabastecimento e o caos social no país.
Agora estão partindo para uma nova fase do golpe.
Resolveram, mesmo que rasgando a Constituição (como foi feito no Brasil),
partir para o ataque e tentar derrubar Maduro com medidas supostamente
“legais”.
Quando essa chamada “oposição”, toda ela escondida
dentro do MUD (Mesa de Unidade Democrática, um verdadeiro saco de gatos de
todas as cores) conquistou a maioria na Assembleia Nacional, em dezembro passado,
prometeu que em seis meses derrubaria o governo de Maduro. Coisa muito estranha
em um processo eleitoral que deveria ser político, pois os candidatos do MUD
não tinham propostas administrativas, mas apenas uma promessa de derrubar o governo
eleito. Isso é democracia?
Lendo as mais recentes notícias sobre a Venezuela,
lembrei do golpe militar no Brasil, em 1964, quando o Congresso, invadido pelos
militares, declararam a vacância do cargo mesmo sabendo que João Goulart ainda
estava em território nacional e em pleno gozo de seu mandato.
As notícias que nos chegam da Venezuela dizem que o
presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Henry Ramos Allup, conhecido
golpista financiado por Washington, convocou uma marcha para o Palácio de
Miraflores no dia 3 de novembro para entregar a declaração de abandono do cargo
ao presidente Nicolás Maduro.
Henrique Capriles, outro líder golpista e governador do
Estado de Miranda pela MUD (isso me lembra Carlos Lacerda), já havia dito que a
AN poderia tomar tal medida. O secretário executivo da coalizão MUD, Jesús Chúo
Torrealba, mais um conhecido golpista, também convocou para sexta-feira (28)
uma greve geral a todos os venezuelanos que se opõem ao presidente. Ele pediu
que ninguém saia de casa na data. Sua “greve” fracassou de forma vergonhosa.
• O neoliberalismo e os trabalhadores.
(Ernesto
Germano Parés)
Estamos, sem dúvidas, vivendo um novo avanço do projeto
neoliberal em nosso país. Os ataques contra os direitos dos trabalhadores são
constantes, como temos tentado demonstrar. Mas é preciso ir ainda mais longe
para podermos entender o que realmente está acontecendo no mundo do trabalho
com os avanços desse modelo excludente e perverso.
Como prometemos no número anterior do Informativo,
vamos fazer uma série de pequenos artigos sobre os avanços neoliberais contra
os direitos dos trabalhadores no mundo e, principalmente, contra suas entidades
representativas, os sindicatos.
E quando falamos em trabalhadores não estamos nos
referindo apenas aos trabalhadores da ativa. Certamente que o neoliberalismo
atinge também trabalhadores aposentados no mundo inteiro, como temos registrados
em pequenas matérias. E a primeira lembrança que temos é de uma declaração do
ministro da Previdência Social do Japão, o “senhor” Taro Aso, dizendo que os
idosos são uma carga no orçamento do seu país e pedindo para que parem de tomar
remédios para abreviar as suas vidas.
Não, não é brincadeira! A matéria foi publicada em
vários jornais europeus, no dia 22 de janeiro de 2013, e causou protestos e
muito repúdio internacional. Em seu próprio país, foi grande a reação dos
trabalhadores, não só porque o Japão tem uma imensa parcela de pessoas com mais
de 60 anos, mas, principalmente, porque o tal ministro é funcionário público e
tinha 75 anos na data da declaração!
Mas os avanços contra nossos direitos são muito amplos.
Grécia, Espanha, Itália, Alemanha, Grã-Bretanha e outros países europeus já
convivem com cortes nos salários feitos por decretos, redução nos valores das
aposentadorias, redução da jornada de trabalho com redução dos salários, etc. E
a situação não é muito diferente na América Latina, África ou Ásia. Em muitos
casos os avanços sobre os direitos dos trabalhadores são ainda piores.
Mas, qual a razão dessa política? O que precisamos
entender com urgência?
Há algum tempo, estamos acompanhando atentamente as
muitas matérias na mídia para desvalorizar os Sindicatos e mostrar os
sindicalistas como um “bando de desocupado que só quer ganhar dinheiro às
custas dos trabalhadores”. Falseando informações, inventando acusações contra
as entidades dos trabalhadores, mentindo descaradamente sobre a legislação
sindical e trabalhista, essa imprensa venal está cumprindo com mais um objetivo
do projeto neoliberal no planeta: silenciar as entidades dos trabalhadores para
que possa explorar mais e retirar direitos históricos que foram duramente
conquistados ao longo de muitas dezenas de anos.
Qual o motivo dessa nova “avalanche” contra os
Sindicatos? O que está escondido de nós pela imprensa?
Friedrich von Hayek, um dos principais pensadores do
neoliberalismo e considerado seu maior mentor, escreveu um livro chamado “O
caminho da servidão” e ataca violentamente qualquer papel social do Estado.
Para ele, “o Estado de bem-estar
social destrói a liberdade do cidadão e a vitalidade da economia, prejudicando
a concorrência”. Ou seja, o Estado não deveria se preocupar com os
trabalhadores ou com os mais pobres. E escreve que “as pessoas são desiguais por natureza, mas isto é bom porque as
contribuições dos bem-nascidos, dos mais bem-educados, dos mais fortes,
beneficiarão a todos. Nada é devido em particular aos débeis, aos de pouca
educação, o que acontece com eles é sua culpa, nunca culpa da sociedade”.
Perceberam aí o discurso da meritocracia que hoje é constante na nossa
imprensa?
Margareth Thatcher, uma das melhores discípulas de
Hayek, chegou a afirmar em um dos seus discursos que “é nossa tarefa glorificar a desigualdade”. Em outra ocasião ela
declarou que “não conheço sociedade, apenas indivíduos”!
Milton Friedman, um dos principais economistas
neoliberais, chegou a escrever em um dos seus livros que “o que precisamos é de
uma boa lei para acabar com os sindicatos”.
Mas, qual a razão de tanta raiva contra os sindicatos?
Simples: porque eles acham que os sindicatos e as organizações populares, ao
reivindicarem aumentos de salários ou melhorias sociais, mais educação ou
saúde, transporte e outras coisas estão “solapando a base da acumulação
capitalista”. Ou seja, cada vez que reivindicamos algum avanço social estamos
tirando um pouco do lucro do patrão.
E o modelo imposto ao mundo no final do século passado
tem por base reduzir os ganhos dos trabalhadores para facilitar essa
“acumulação do capital” de que falam os pensadores liberais.
E, é claro, essa nova fase não podia deixar de trazer
as consequências para os trabalhadores. Em primeiro lugar, uma mudança tão
grande em todo o processo de produção, com a especialização e prioridade para alguns
setores, tinha que trazer um crescimento muito grande no desemprego. Para dar
um exemplo, algumas empresas na indústria automobilística e eletroeletrônica –
por exemplo – estão descobrindo que fica mais barato (e aumenta o lucro) mandar
fabricar peças e componentes de seus produtos de alta tecnologia e montar produto
final em outro país, com mão-de-obra mais barata. Com isto, aumentam o desemprego
em seus países de origem e vão afastar os trabalhadores de outros setores nos
países em que passam a montar o produto final. Toda a economia volta-se,
apenas, para o setor que interessa ao sistema.
Nos países chamados “em desenvolvimento",
particularmente, essa política vem deslocando grandes quantidades de trabalhadores
do campo para a cidade e causando a queda na produção de alimentos básicos e
uma superpopulação nos grandes centros.
Mas, como toda a economia desses países não
desenvolvidos está voltada para produzir visando o pagamento da dívida externa,
a prioridade é, também, limitar sua indústria ao que é determinado pelo mercado
internacional pois precisam exportar. O trabalhador é afastado do campo, deixa
de produzir alimentos e vai disputar emprego com os demais, fazendo baixar
ainda mais os salários. Com isto, a povo não tem condições de consumir o que é
produzido dentro do país e o excedente vai para a exportação. Toda a economia
entra em recessão, com graves consequências para os trabalhadores.
(Este artigo
continua...)
• Quem deseja o caos? (1) Notícias divulgadas pelo jornal israelense Maariv
anunciam que o país está adquirindo três novos submarinos nucleares da classe
Dolphin na Alemanha no valor de 1 bilhão e 300 milhões de dólares. A matéria
afirma ainda que “os novos submarinos prometem ser maiores, mais avançados e
dotados de melhor equipamento”. Com esses, Israel contará agora com seis
submarinos capazes de lançar mísseis nucleares.
O Ministério de Defesa de Israel não quis comentar a
matéria, mas funcionários consultados pelo jornal dizem que o objetivo
principal é assegurar capacidade de inteligência às forças israelenses.
Especialistas militares internacionais calculam que o
país tenha cerca de 200 ogivas nucleares e mísseis, mas isso nunca foi confirmado
por Israel.
• Quem deseja o caos? (2) Aviões da Força Aérea da Turquia penetraram no espaço
aéreo da Síra, ao norte da província de Alepo, mas se retiraram depois de
receber avisos por parte de aviões militares russos e sírios na região.
Cumprindo cegamente o plano traçado por Washington, a
Turquia tem se desdobrado em provocações no território sírio quase diariamente,
inclusive através de invasões por tropas terrestres sob a desculpa que estão
combatendo terrorista do Estado Islâmico.
Com o apoio de uma autodenominada “oposição” síria, o
Exército da Turquia criou uma operação militar chamada de “Escudo do Eufrates”
para, supostamente, lutar contra o Daesh. Na verdade, trata-se de um plano
estadunidense para dividir a Síria e isso fica claro ao sabermos que o exército
turco já ocupou e controla a localidade de Yarabulus, ao norte do país.
• Quem deseja o caos? (3) Diuturnamente estamos acompanhando a manipulação de
matérias sobre a Síria na grande imprensa internacional. Não são poucas as
mentiras que encontramos nos grandes jornais e que estão criando uma opinião
pública favorável a uma invasão do país por forças da OTAN sob o comando de
Washington.
A principal fonte de toda essa campanha é uma suposta
ONG que se intitula “Observatório Sírio de Direitos Humanos”, com sede em
Coventry, no Reino Unido. E o tal “observatório” foi criado e é dirigido por
uma só pessoa, Rami Abdulrahman, um sírio que é também proprietário de uma
fábrica de roupas que serve de fachada para seus negócios com a CIA.
Abdulrahman esteve preso em seu país, acusado de
espionagem e terrorismo, mas conseguiu fugir para o Reino Unido, em 2.000.
Desde 2011, quando teve início a guerra comandada por Washington contra a
Síria, ele passou a fornecer “informes” para as grandes agências de notícias,
sempre falando em “morte de civis”, “rebeldes sírios” e “desertores do
exército”. Ou seja, tenta criar uma imagem de derrocada.
Há um circo midiático criado em torno do que acontece
na Síria para justificar a política de invasão do país e dividir toda a região,
para garantir o espaço militar favorável no Oriente Médio e ajudar Israel a se
expandir.
• Quem deseja o caos? (4) O chefe do Comando Aéreo da OTAN, major-general
Jeffrey Taliaferro, informou no domingo (23) que aviões das Forças Armadas dos
Estados Unidos realizaram 700 bombardeios no Afeganistão em 2016, quase o dobro
dos realizados no ano passado.
Informes da Casa Branca dizem que o presidente Barack
Obama autorizou, em junho passado, um plano para ampliar as ações de tropas
estadunidenses no Afeganistão, sob a desculpa de que estaria “dando combate a
grupos terroristas. Sabe-se, oficialmente, que Washington mantém 9.800 soldados
e a OTAN mantém 12.000 efetivos no país.
• Resultado da invasão do Afeganistão. A produção de ópio voltou a crescer no Afeganistão, em
2016, alcançando agora 4.800 toneladas, um aumento de 43% em relação ao ano
anterior!
E a informação não é de qualquer jornal “de esquerda”
ou “terrorista”. Está em um relatório divulgado pelo Escritório das Nações
Unidas para o Controle de Drogas e Prevenção ao Crime (UNODC). O documento diz
ainda que a área agora destinada à plantação de papoulas, base para a produção
do ópio, foi aumentada para 201.000 hectares, um crescimento de 10% em relação
aos 183.000 hectares em 2015.
Durante o regime talibã o país produzia 185 toneladas
por ano. Desde a invasão estadunidense, em 2001, a produção de drogas no
Afeganistão aumentou mais de 40 vezes e o país é o “número um” em produção de
ópio no planeta e principal exportador para a Europa e EUA!
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