O tão esperado "duelo" entre o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o juiz Sergio Moro será para sempre
lembrado como um dos momentos mais marcantes da história do País. Como diria
Lula, nunca antes um réu chegou para depor nos braços do povo, num tribunal
isolado e cercado por policiais, de onde saiu para um comício onde foi saudado
aos gritos de "presidente".
Nada disso, no entanto, muda o destino
de Lula, que, na prática, já está condenado pelo juiz Sergio Moro. Ainda que
não existam provas materiais da posse do tal "triplex do Guarujá",
Lula será sentenciado, dentro de algumas semanas, por seu "conjunto da
obra" – não por ter tirado 40 milhões de pessoas da pobreza ou conduzido o
Brasil no seu período de maior crescimento com distribuição de renda, mas por
ter mantido, aos olhos da força-tarefa curitibana, relações próximas demais com
grandes empreiteiras.
A partir de agora, começará uma contagem
regressiva que tentará subordinar o Poder Judiciário ao calendário político do
País. Como já demonstraram diversas pesquisas, se as eleições presidenciais
ocorressem hoje – como, por sinal, é o desejo de 85% dos brasileiros – Lula
seria eleito mais uma vez presidente da República. No entanto, como ainda
faltam quase 18 meses, a estratégia das forças que derrubaram a presidente
Dilma Rousseff será pressionar o Tribunal Regional Federal da 4a. Região, para
que Lula seja condenado em segunda instância e se torne "ficha-suja",
tornando-se, assim, impedido de concorrer.
Essa manobra atende aos interesses da
direita orgânica brasileira, que ainda não tem um candidato. Seus principais
nomes, no PSDB, também foram abatidos pela Lava Jato e o deputado Jair
Bolsonaro (PSC-RJ), que hoje desponta em segundo lugar nas pesquisas, sendo o
grande beneficiário da destruição do sistema político brasileiro, não inspira a
confiança do chamado sistema político e econômico.
Inabilitar Lula, no entanto, é uma
estratégia de altíssimo risco. Lula tem voto, tem carisma e tem povo, como ficou
demonstrado na última quarta-feira. Retirá-lo das urnas por meio de uma decisão
judicial significaria excluir da disputa, com uma canetada jurídica,
praticamente todo o campo popular, enfraquecendo ainda mais a já combalida
democracia brasileira e reduzindo a disputa a um jogo oligárquico. Se o Brasil
ainda quiser ter o respeito da própria população e também da comunidade
internacional, Lula terá que ser julgado pelo povo.
www.brasil247.com 14/05/2017
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