NOTA DE TEMER FOI TIRO NO
PÉ E CONFIRMA CRIME DE RESPONSABILIDADE
A nota oficial divulgada por
Michel Temer para se defender da entrevista em que o empresário Joesley Batista
o acusa de ser o chefe da "maior e mais perigosa organização criminosa do
País" foi um verdadeiro tiro no pé.
Num dos trechos, ele
confirmou os diálogos com Joesley no Jaburu e os crimes de responsabilidade
apontados em seus 14 pedidos de impeachment – um deles apresentado pela Ordem
dos Advogados do Brasil.
"Ao delatar o
presidente, em gravação que confessa alguns de seus pequenos delitos, alcançou
o perdão por todos seus crimes", diz a nota palaciana.
Temer não só confirma os
diálogos, como também admite nada ter feito e classifica como "pequenos
delitos" saber que Joesley estava segurando juízes e procuradores, assim
como comprando o silêncio do presidiário Eduardo Cunha.
"Mesmo que o áudio
tivesse alguma edição, as duas declarações públicas de Temer confirmam o teor
do diálogo. E isso que é indiscutível. A decisão da OAB levou mais em
consideração o fato de o presidente ter escutado tudo que escutou e não ter
feito nada em relação a isso", diz Claudio Lamachia, presidente da OAB.
A nota de Temer:
"Em 2005, o Grupo JBS
obteve seu primeiro financiamento no BNDES. Dois anos depois, alcançou um
faturamento de R$ 4 bilhões. Em 2016, o faturamento das empresas da família
Batista chegou a R$ 183 bilhões. Relação construída com governos do passado, muito
antes que o presidente Michel Temer chegasse ao Palácio do Planalto. Toda essa
história de "sucesso" é preservada nos depoimentos e nas entrevistas
do senhor Joesley Batista. Os reais parceiros de sua trajetória de pilhagens,
os verdadeiros contatos de seu submundo, as conversas realmente comprometedoras
com os sicários que o acompanhavam, os grandes tentáculos da organização
criminosa que ele ajudou a forjar ficam em segundo plano, estrategicamente
protegidos.
Ao bater às portas do Palácio
do Jaburu depois de 10 meses do governo Michel Temer, o
senhor Joesley Batista disse que não se encontrava havia mais de 10 meses com o
presidente. Reclamou do Ministério da Fazenda, do CADE, da Receita Federal, da
Comissão de Valores Mobiliários, do Banco Central e do BNDES. Tinha, segundo
seu próprio relato, as portas fechadas na administração federal para seus
intentos. Qualquer pessoa pode ouvir a gravação da conversa na internet para
comprová-lo.
Em relação ao BNDES, é
preciso lembrar que o banco impediu, em outubro de 2016, a transferência de
domicílio fiscal do grupo para a Irlanda, um excelente negócio para ele, mas
péssimo para o contribuinte brasileiro. Por causa dessa decisão, a família
Batista teve substanciais perdas acionárias na Bolsa de Valores e continuava ao
alcance das autoridades brasileiras. Havia milhões de razões para terem ódio do
presidente e de seu governo.
Este fim de semana, em
entrevista à revista "Época", esse senhor desfia mentiras em série.
A maior prova das inverdades
desse é a própria gravação que ele apresentou como documento para conseguir o
perdão da Justiça e do Ministério Público Federal por crimes que somariam mais
de 2000 mil anos de detenção. Em entrevista, ele diz que o presidente sempre
pede algo a ele nas conversas que tiveram. Não é do feitio do presidente tal
comportamento mendicante. Quando se encontraram, não se ouve ou se registra
nenhum pedido do presidente a ele. E, sim, o contrário. Era Joesley quem queria
resolver seus problemas no governo, e pede seguidamente. Não foi atendido
antes, muito menos depois.
Ao delatar o presidente, em
gravação que confessa alguns de seus pequenos delitos, alcançou o perdão por
todos seus crimes. Em seguida, cometeu ilegalidades em série no mercado de
câmbio brasileiro comprando US$ 1 bilhão e jogando contra o real, moeda que
financiou seu enriquecimento. Vendeu ações em alta, dando prejuízo aos
acionistas que acreditaram nas suas empresas. Proporcionou ao país um prejuízo
estimado em quase R$ 300 bilhões logo após vazar o conteúdo de sua delação para
obter ganhos milionários com suas especulações.
Os fatos elencados demonstram
que o senhor Joesley Batista é o bandido notório de maior sucesso na história
brasileira. Conseguiu enriquecer com práticas pelas quais não responderá e
mantém hoje seu patrimônio no exterior com o aval da Justiça. Imputa a outros
os seus próprios crimes e preserva seus reais sócios. Obtém perdão pelos seus
delitos e ganha prazo de 300 meses para devolver o dinheiro da corrupção que o
tornou bilionário, e com juros subsidiados. Pagará, anualmente, menos de um dia
do faturamento de seu grupo para se livrar da cadeia. O cidadão que renegociar
os impostos com a Receita Federal, em situação legítima e legal, não conseguirá
metade desse prazo e pagará juros muito maiores.
O presidente tomará todas
medidas cabíveis contra esse senhor. Na segunda-feira, serão protocoladas ações
civil e penal contra ele. Suas mentiras serão comprovadas e será buscada a
devida reparação financeira pelos danos que causou, não somente à instituição
Presidência da República, mas ao Brasil. O governo não será impedido de apurar
e responsabilizar o senhor Joesley Batista por todos os crimes que praticou,
antes e após a delação.
Secretaria Especial de
Comunicação Social da Presidência da República
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