O povo brasileiro recebeu, no
mesmo dia, 11 de julho, dois golpes fatais contra os direitos e a democracia em
nosso país: o presidente ilegítimo Michel Temer (PMDB) sancionou o PLV 12/2017,
até então Medida Provisória (MP) 759/2016, tida como a "MP da Grilagem",
e o Senado aprovou a Reforma Trabalhista. No dia seguinte, para desviar o foco
do cenário de horrores de tais reformas, o juiz Sérgio Moro condenou, sem
provas, o ex-presidente Lula a nove anos e meio de prisão.
A Comissão Pastoral da Terra
(CPT) já denunciou, em Nota do dia 06 de junho de 2017, o grave perigo que a MP
759 significa para as populações do campo. Neste mesmo sentido, a aprovação da
Reforma Trabalhista e a rápida sanção presidencial dela demostram um esquema
ágil e articulado de usurpação total de direitos do povo brasileiro, o que vai
expor a população às mais diversas e cruéis violências sociais.
Todo este projeto de desmonte
de direitos dos cidadãos e cidadãs significa um pesadelo sem prazo para acabar
e que resultará em muitos e graves retrocessos e perdas: regularização de
terras griladas e entrega de terras a estrangeiros, com o consequente aumento
da grilagem; desmonte e abandono dos assentamentos rurais, provocando o êxodo;
violência agravada na cidade e no campo – a CPT já registrou em 2017, até o
momento, 48 assassinatos de camponeses em conflitos no campo; aumento do
desemprego, precarização da saúde e da educação, recessão econômica, domínio da
terceirização e outros males.
A elite política e econômica
perdeu o pudor e, descaradamente, sem nenhum escrúpulo, joga num poço de lama a
população e suas perspectivas e possibilidades de melhoria de vida, tudo isso
para garantir seus privilégios escandalosos.
A crise sem precedentes que
vivemos é uma demonstração da total subordinação dos poderes da República aos
interesses do capital. Para isso, sacrificam-se, sem cerimônias, os direitos
dos mais pobres, duramente conquistados.
No âmbito do Judiciário, a
postura do juiz Sérgio Moro em relação a Lula já era esperada e revela uma
atuação política, não independente, parcial, que tende a dominar os tribunais
brasileiros, num judicialismo antirrepublicano.
Como se não bastasse, o
"leilão" promovido por Temer para "comprar" com dinheiro
público e cargos os votos dos deputados da Comissão de Constituição e Justiça
(CCJ) a seu favor, pela rejeição da denúncia contra ele por corrupção passiva,
enterra de vez a credibilidade da República brasileira.
A esperança está nas ruas.
Não se pode tolerar que uma
classe política tão corrompida decida os destinos de um povo tão diverso e com
tantas potencialidades.
Junto com o povo exigimos Eleições Diretas Já e a revogação de
todas as reformas feitas contra os trabalhadores e os mais pobres.
Com o profeta Miqueias
dizemos: "Ai dos que vivem maquinando a maldade, planejando seus golpes,
deitados na cama. É só o dia amanhecer e o executam porque está a seu
alcance" (Mq 2,1).
Goiânia, 14 de julho de 2017.
Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da
Terra
Fonte:
RBA
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