PROCUREM O
CONCORRENTE, POR FAVOR!
Um amigo, recém-retornado ao
Brasil depois de muitos anos trabalhando no exterior, resolveu abrir, outro
dia, com parte de suas economias, uma conta na agência Styllus do Banco do
Brasil do Setor Sudoeste, em Brasília, e não conseguiu.
A justificativa, citada pela
atendente - que não quis nem saber sequer quanto ele tinha para depositar e
aplicar, foi "tout court", "superlotação", como se tratasse
não de uma agência bancária top de linha, mas de uma vulgar - e desumana - cela
de prisão.
A verdadeira razão da recusa?
A apressada e repentina decisão
do governo Temer, tomada a toque de caixa, com menos de seis meses de governo e
sem discussão com a sociedade, de fechar ou transformar em postos de
atendimento centenas de agências do BB, apesar de o Banco do Brasil não ter
tido um centavo de prejuízo nos ultimos 15 anos e dos seus funcionários já
estarem atendendo, em média, mais de 400 contas por cabeça quando a medida
entrou em vigor.
Orientado, em nova agência, a
tentar abrir sua conta pela internet, ele tentou várias vezes, mas também não
conseguiu, embora o governo tenha feito paradoxalmente há alguns meses
campanhas na televisão sobre apps do banco, em seu esforço de tentar molhar a
pata de veículos que - com seus próprios interesses em vista e decepcionados
com a baixíssima popularidade de Temer - agora mordem a sua mão.
Conversando com outro
funcionário, na porta do estabelecimento, foi lhe explicado, diretamente e sem
subterfúgios, que, com a desculpa de "modernizar" o banco, se está
sabotando deliberadamente o Banco do Brasil - como se fez no governo FHC - com
a intenção de privatizá-lo, de forma fatiada, a médio prazo.
Na verdade, esse é um movimento
que já começou, com a venda de ações do Banco do Brasil do Fundo Soberano, que
fará cair a participação do governo para apenas 50,7% do total.
Enquanto isso, entrega-se,
diminuindo a qualidade do atendimento ao consumidor, parcelas cada vez maiores
do seu público e de seu mercado aos bancos privados, corrigindo o
"crime" perpretado por Lula e Dilma, de terem fortalecido - da Caixa
Econômica federal ao BNDES - o papel dos bancos públicos e aumentado o
percentual de sua participação no mercado financeiro e na economia
nacionais.
As perguntas que ficam agora
são as seguintes:
Quantos clientes do Banco do
Brasil, ou potenciais clientes, como esse, se passaram, nos últimos meses -
irritados com a queda de qualidade do atendimento - para bancos particulares,
ou pior, para bancos particulares estrangeiros - como o Santander, que em plena
pressão pela Reforma da Previdência, acaba de ter 338 milhões de reais em multa
perdoados pelo CARF - desde que começou, no BB, essa pilantragem chamada
genericamente de "restruturação"?
A quem interessa arrebentar com
os nossos bancos públicos - a Caixa e o BNDES também estão sob insuportável
pressão - indiscutíveis e estratégicos instrumentos para o desenvolvimento
nacional?
Por que os sindicatos não
entram - ou não entraram - na justiça para contestar essas medidas?
Por que o extremamente bem
sucedido Ministro da Fazenda de um governo sem voto, que ganhou de fontes
privadas mais de 200 milhões de reais em "consultoria" nos últimos
quatro anos - de um país de uma justiça absurda, no qual tem gente que está se
arriscando a ser preso e ter seus direitos políticos cassados por ser
"dono" de um apto do qual não possui escritura, cujas chaves nunca
recebeu - não tenta aplicar, para mostrar confiança na nação - pelo menos uma
parte dessa "merreca" no Banco do Brasil?
Texto
original : MAURO SANTAYANA
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