Privatização
da Eletrobras é uma tragédia
José Eduardo Bernardes
A proposta do governo
golpista de Michel Temer de privatizar a Eletrobras é uma "tragédia"
e vai afetar diretamente o consumidor. A avaliação é de Gilberto Cervinski,
coordenador nacional do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB).
O coordenador comenta a
proposta do governo ilegítimo, enviada na segunda-feira (21), para que o
Ministério de Minas e Energia entregue ao Programa de Parcerias e Investimentos
a tarefa de vender ações da Eletrobrás, empresa responsável pela geração,
distribuição e transmissão de energia elétrica.
"O que eles estão
propondo é uma tragédia. Vai explodir, vai dar um choque, se você pegar e
analisar, é um impacto muito grande, do ponto de vista na conta de luz",
disse.
Gestão
Ao todo, a empresa administra
47 hidrelétricas, 270 subestações de energia, seis distribuidoras e possui 70
mil quilômetros de linhas de transmissão. Essas linhas atendem 12 milhões de
habitantes em seis estados.
Cervinski explica que as
empresas administradas pela Eletrobrás já tiveram seus gastos amortizados,
principalmente pela contribuição arrecadada com as tarifas de luz pagas pelos
usuários. Com a privatização, ele afirma que o povo voltará a pagar contas mais
altas para cobrir novos gastos estimulados pelo próprio mercado.
Consumidor
O governo espera arrecadar R$
20 bilhões com a privatização. A Eletrobrás já tem suas ações na bolsa de
valores, ou seja, é uma empresa de capital misto. O governo brasileiro detém
grande parte dessas ações, cerca de 40%, que garantem a soberania do setor
elétrico nacional.
Para Luiz Pinguelli Rosa,
ex-presidente da empresa na primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, são
os usuários que vão arcar com os custos da privatização.
"Certamente vai aumentar
a tarifa. Porque você vai revalorizar ativos amortizados, que terão que ser
remunerados de novo para compensar o investidor. Deve ser algo em torno de 8% a
10%", disse.
Pinguelli lembra ainda que
apesar do governo afirmar que a tática é utilizada para cobrir um rombo nas
contas, revelada na semana passada, e que chega a R$ 159 bilhões, a escolha do
governo golpista de privatizar a Eletrobras é ideológica.
"Esses caras aprenderam
desde criancinha que têm que privatizar tudo que estiver na frente deles. Então
isso é uma regra deles. Vão obter algum fundo para compensar o rombo gigantesco
que foi produzido, mas muito pouco. Soberania nacional não existe na cabeça do
Temer. Ele é uma espécie de governo lacaio", criticou.
Em nota, a Eletrobras afirmou
que ainda não há aprovação da proposta enviada por Temer, nem modelo definido
de como poderá ocorrer a privatização.
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