sábado, 18 de novembro de 2017

Informativo Semanal do Prof Ernesto Germano Pares






O nosso dinheiro desaparece!
Se toda a arrecadação para a seguridade social prevista na Constituição de 1988 tivesse sido usada para os fins a que se destina, o setor teria hoje um fundo de R$ 3 trilhões. A revelação foi feita pelo senador Paulo Paim (PT-RS), presidente da CPI da Previdência.
Com o cálculo, Paim mostra, em entrevista ao programa Argumento, da TV Senado, que o déficit alegado pela equipe econômica do Governo Temer não existe. Ele questiona também por que não são cobrados os grandes devedores, optando-se por deixar a conta para os trabalhadores e aposentados.
Segundo o senador, somente as grandes empresas – bancos, montadoras, frigoríficos – devem R$ 800 bilhões. Com a aprovação do Pert (o novo Refis), cerca de R$ 25 bilhões dessa dívida serão perdoados. “Mas ainda sobram os outros R$ 775 bilhões”, afirma.
Ele adianta que procuradores da Fazenda garantem que, com a estrutura adequada, têm condições de recuperar 94,1% desse débito. O valor significaria quatro vezes o que o governo alega que conseguiria com a Reforma da Previdência, que o senador classifica de desnecessária e mal elaborada, por não tratar de sonegação, nem de melhorias de gestão.
Uma das propostas do relatório será garantir, via Orçamento da União, a contratação de mais procuradores e auditores-fiscais. Outra sugestão é mudar o Código Penal para garantir execução rápida daqueles que não pagam a Previdência. Segundo Paim, em torno de R$ 30 bilhões por mês são descontados dos trabalhadores, mas não são repassados aos cofres públicos.
O senador Hélio José (Pros-DF) apresentou na segunda-feira (23) seu relatório final na CPI da Previdência, no qual defende que a Previdência Social não é deficitária.
O texto de 253 páginas aponta erros na proposta de reforma apresentada pelo governo; sugere emendas à Constituição e projetos de lei; além de indicar uma série de providências a serem tomadas para o equilíbrio do sistema previdenciário brasileiro, como mecanismos de combate às fraudes, mais rigor na cobrança dos grandes devedores e o fim do desvio de recursos para outros setores.
O relatório alega haver inconsistência de dados e de informações anunciadas pelo Poder Executivo, que “desenham um futuro aterrorizante e totalmente inverossímil”, com o intuito de acabar com a previdência pública e criar um campo para atuação das empresas privadas.
“É importante destacar que a previdência social brasileira não é deficitária. Ela sofre com a conjunção de uma renitente má gestão por parte do governo, que, durante décadas: retirou dinheiro do sistema para utilização em projetos e interesses próprios e alheios ao escopo da previdência; protegeu empresas devedoras, aplicando uma série de programas de perdão de dívidas e mesmo ignorando a lei para que empresas devedoras continuassem a participar de programas de empréstimos e benefícios fiscais e creditícios; buscou a retirada de direitos dos trabalhadores vinculados à previdência unicamente na perspectiva de redução dos gastos públicos; entre outros”, resume Hélio José em seu relatório.
Segundo o relatório da CPI, as empresas privadas devem R$ 450 bilhões à previdência e, para piorar a situação, conforme a Procuradoria da Fazenda Nacional, somente R$ 175 bilhões correspondem a débitos recuperáveis.
A CPI foi instalada no final de abril e, desde então, promoveu 26 audiências públicas. O presidente Paulo Paim (PT-RS) disse que a comissão está cumprindo seu papel, apesar de ter sido ignorada pelos meios de comunicação: “Os grandes devedores da Previdência também são clientes da mídia. Sabíamos que uma CPI deste vulto não teria cobertura da grande imprensa. Mas o importante é o trabalho e vamos concluir até 6 de novembro”, afirmou.
Mas é fácil saber para onde vai. Pois é, mais uma vez os “nobres” deputados salvaram a pele do golpista Michel Temer. Mas não havia muito o que esperar, mesmo. Temer conseguiu 251 votos e foi beneficiado com duas abstenções e 25 ausências. Votaram contra o peemedebista 233 deputados
Foi quase uma reprise. Após uma sessão marcada por um problema de saúde do acusado, o esforço da oposição em obstruí-la e novas negociatas à luz do dia e em tempo real, a Câmara barrou a segunda denúncia apresentada pelo ex-procurador-geral Rodrigo Janot contra Michel Temer, acusado de organização criminosa e obstrução de Justiça.
Enquanto Temer cuidava de uma “obstrução urológica” no Hospital do Exército, em Brasília, a oposição tentava obstruir a sessão para impedir a análise. Com 8 horas e meia de duração, a estratégia dificultou o início da análise, que só teve quórum suficiente após os deputados governistas apresentarem um requerimento para retirada de pauta, de forma a pressionar os oposicionistas a entrar no plenário. Pouco após às 17h, o quórum foi finalmente atingido.
A verdade sobre a tal “votação” aparece em matéria do jornal Deutsche Welle em sua versão brasileira. Segundo a matéria o golpista distribuiu nada menos do que 1,8 bilhão de reais em emendas, além de farta distribuição de cargos e atender às demandas de ruralistas. Mesma estratégia para repetir vitória na Câmara.
E mais uma vez os números contrastam com o discurso de “sacrifício” que Temer. Nas semanas que precederam a votação da primeira denúncia, que ocorreu no início de agosto, emendas liberadas pelo governo e o anúncio de verbas para governos e prefeituras somaram 17 bilhões de reais. Nesta nova rodada, novas emendas e descontos fiscais pedidos pelos deputados podem adicionar mais 10 bilhões nessa conta.  
O sindicalismo na encruzilhada! (10) (Ernesto Germano Parés)
Em 2004, convidado pelo então Secretário de Formação da CUT-RJ, preparei uma série de palestras sobre questões do sindicalismo e tivemos uma excelente audiência. No quarto módulo eu trazia como tema “Os desafios do movimento sindical”. Ou seja, depois de uma série de encontros onde conversamos sobre as propostas neoliberais para os trabalhadores, enfrentamos o desafio de debater quais as maiores preocupações que deveríamos ter e para onde dirigir nossas organizações e nossas forças. Resumidamente, trago de volta os temas que debatemos e gostaria de manter essa discussão.
A – Principais mudanças na economia.
O movimento sindical deve estar preparado para alguns desafios que aparecem nesta nova transformação da economia mundial e procurar analisá-los corretamente para encontrar a forma de resistência e de organização mais adequadas.
1) Mudanças econômicas – para o movimento sindical, nesta categoria aparecem os principais problemas a serem enfrentados, aqueles que mais são sentidos pelo conjunto dos trabalhadores e que certamente demandarão mais atenção por parte do movimento: crise persistente na economia; inflação; crescimento do desemprego.
2) Inovações tecnológicas – as constantes mudanças desencadeadas pelo avanço tecnológico atingem diretamente os conceitos de trabalho até aqui utilizados pelo movimento e as relações entre os vários setores da economia, alterando sensivelmente a correlação de forças entre empregados e empregadores. O tema será tratado adiante.
3) População ativa – os conceitos historicamente utilizados para definir “população economicamente ativa” estão passando por mudanças que merecem a atenção do movimento sindical. O crescimento do setor de serviços, o aumento da participação das mulheres no mercado de trabalho e a maior utilização do trabalho precário e intermitente são fatores para considerarmos nesta avaliação. Em particular, um desafio que se apresenta para os sindicatos é o crescimento da participação das mulheres, historicamente com menos participação na vida sindical em função da sua dupla jornada (trabalho e lar). Mas não se pode deixar de ver com preocupação a precarização do trabalho que traz para a cena uma quantidade de trabalhadores sem uma categoria específica.
Sempre que falamos em trabalhador assalariado, a imagem que temos é a do operário manual da indústria, em geral um homem adulto com certa garantia do emprego. Mas esta situação mudou acentuadamente nos últimos tempos. Números recentes de instituições internacionais nos mostram que, nos países industrializados, o setor manufatureiro não representa mais do que um quinto (no máximo a quarta parte) do volume total de empregos. E acrescente-se a isto o fato de que as mulheres representam uma proporção crescente dos assalariados.
Outros fatores vão ainda se somar para a mudança dessa imagem. O crescimento do chamado emprego a tempo parcial, os contratos por tempo determinado e o mercado de trabalho paralelo (precário e/ou clandestino) são realidades que podem se tornar características principais nos próximos anos. E vale anotar que todas essas formas de “trabalho” afastam o trabalhador dos sindicatos, uma vez que não podem ser por eles representados.
4) Comportamentos individuais – certamente que a mudança na composição da população ativa vai trazer também mudanças no comportamento individual dos trabalhadores. A ação coletiva e a solidariedade, bandeiras importantes e históricas para o movimento, estão cedendo espaço para a busca do êxito pessoal. A influência dos grandes veículos de informação e propaganda tem um papel fundamental nesta mudança.
5) Globalização econômica – a maior parte das atuais alterações no mundo do trabalho são consequências desse processo de globalização, com o aumento do papel das grandes empresas multinacionais e a expansão dos chamados blocos regionais de comércio.
Para o capital, a meta atual é atingir uma condição de “universalidade” nas relações trabalhistas. E, quanto mais flexível forem, melhor para os lucros. Em verdade, a forma de garantir que exista uma mesma relação capital/trabalho em todo o mundo é exatamente fazendo com que não existam leis trabalhistas diferenciando um país de outro. Quanto menos regulamentação do Estado no mundo do trabalho, mais próximo estarão da livre negociação ou do livre contrato preconizado por Hayek e seus discípulos.
B – Inovações tecnológicas.
A burguesia não pode existir sem revolucionar constantemente os instrumentos de produção, portanto as relações de produção, e por conseguinte todas as relações sociais...” (Marx e Engels - O Manifesto Comunista)
A questão do avanço das novas tecnologias no mundo globalizado tem recebido uma abordagem quase que unilateral. A grande maioria das análises feitas limita-se ao mercado de trabalho, perda do emprego e necessidade de requalificação do trabalhador para operar essas tecnologias ou a questão da competitividade das empresas, o aumento do lucro e a conquista de novos mercados.
Sem percebermos, reproduzimos exatamente aquilo que o sistema deseja: “a culpa do desemprego é do próprio trabalhador” e “a alternativa para o país crescer é investir em tecnologia”, esta mesma tecnologia que desemprega milhares/milhões a cada ano. Em outras palavras, sem tecnologias não há desenvolvimento; com tecnologia há desemprego! E nos tornamos, assim, como a célebre piada do cachorro que corre atrás do rabo!
Antes, porém, de prosseguirmos neste ponto, gostaríamos de evitar um entendimento errado das posições aqui expostas: não somos contra as novas tecnologias, mas sim contra a utilização destas como parte de um processo de dominação.
1) As novas tecnologias como uma necessidade de expansão do sistema: ao longo de sua história, o capitalismo tem revolucionado os modos de produção como forma de expandir sua produção e ampliar seus lucros. Em sua nova roupagem, estabelece novos parâmetros de produção/comercialização e novas metas para administrar o que é produzido de forma a atender aos seus interesses.
Além disso, o monopólio destas novas tecnologias pelos países industrializados, como mostraremos a seguir, aumenta o poder de dominação sobre os não-desenvolvidos. É marcante e significativa a maneira como essas nações protegem as patentes de seus avanços tecnológicos. Veja-se, por exemplo, o atual impasse na discussão da Lei das Patentes através da OMC.
2) Tecnologia e desnacionalização do conhecimento: a onda das chamadas “novas tecnologias” ocorre paralelamente ao processo de expansão do projeto neoliberal.
Não por coincidência: a - as privatizações aceleram a introdução de novas tecnologias; b - as privatizações determinam o fechamento dos chamados centros de pesquisas nos setores privatizados da economia (vide CSN, Usiminas, Embraer, etc.); c - as políticas de novas tecnologias (Planejamento e Desenvolvimento) no campo (agricultura, pecuária, etc.) ficam restritas às áreas de interesses dos blocos comerciais e dos produtos aprovados em organismos internacionais, retirando assim a independência e a iniciativa do Brasil neste terreno;  d - o próprio ensino técnico é reformulado nos países “em desenvolvimento” (vide mudanças curriculares ocorridas a partir da década de 80).
Assinala a professora Vera Maria Vidal Peroni Universidade Federal do Mato Grosso do Sul: “Constatamos que as justificativas para se reformar o Estado têm, como premissa, a crise fiscal e, que, mais do que uma crise fiscal, estamos em meio a uma grande crise do capital. A crise fiscal é apenas uma das facetas dessa crise, e, portanto, toda a estratégia de reforma do Estado proposta, além de resolver só parte do problema, fragiliza o Estado no que se refere às políticas sociais.”
“Essa é uma questão básica, pois os projetos de política educacional estão baseados nessa premissa, a de crise fiscal, e, portanto, propõem a racionalização de recursos, sendo a descentralização parte da estratégia para se atingir esse fim.” (O Estado brasileiro e a política educacional dos anos 90) (Este artigo continua)
De olho na Argentina. Já comentamos várias vezes em nosso Informativo a importância de estarmos acompanhando o que se passa na Argentina. Desde o golpe “democrático” que levou Macri ao poder já alertávamos sobre as consequências para a América Latina e para o Brasil.
Apesar de todos os nossos jornais anunciarem alegremente a “vitória de Macri” ao alcançar um bom resultado na capital, Buenos Aires, e ampliar sua participação no Parlamento, a ex-presidenta Cristina Fernandez de Kirchner foi eleita para o Senado e seu partido se tornou a principal força de oposição à Mauricio Macri. “Fomos capazes de somar votos, capazes de crescer apesar de termos enfrentado a maior e inédita concentração de poder da qual se tem memória desde a restauração democrática, e devemos estar orgulhosos”, disse Cristina aos apoiadores. A UC “é a principal força opositora contra o modelo político e social de ajuste”, afirmou.
Por que as mentiras contra Cristina? Na manhã de segunda-feira (23), logo após a divulgação do resultado das eleições, toda a imprensa golpista da Argentina publicava matérias falando de uma “derrota acachapante” do partido de Cristina Fernández de Kirchner. Sequer noticiaram que ela tinha sido eleita para o Senado!
Ora, bolas! Na política, já aprendemos ao longo de muitos anos, ninguém “chuta cachorro morto”! Então, qual a razão de toda a campanha para anunciar apenas a “vitória de Macri” e de seu partido?
Do que sabemos, pelos dados que recebemos, é que depois de assumir o Governo a direita (Macri) multiplicou por quatro seus gastos em publicidade e encheram os cofres da mídia local.
O jornal “Crónica” talvez seja um dos mais descarados. Publicou uma foto do direitista Macri dançando e colocou a manchete: “arrasou”! Ou seja, toda a imprensa corrupta argentina está empenhada em mostrar os resultados como números definitivos a longo prazo. A ideia é mostrar Macri como “imbatível” no futuro e levar o povo a um sentimento de derrota e de inutilidade de lutar! Mas vamos continuar acompanhando a Argentina. Vamos ver os próximos passos.
Família de Santiago Maldonado não reconhece versão oficial sobre sua morte. Familiares do ativista político Santiago Maldonado asseguram que o Governo de Macri plantou pistas falsas e que jornais do grupo Clarín trabalham para “desinformar” sobre o crime.
Como evidência, os familiares de Maldonado publicaram uma série de matérias falsas do jornal “Clarín” usando dados que já haviam sido descartados pelo juiz Lleral responsável pelo acompanhamento do caso.
Mais uma neta recuperada, na Argentina. As conhecidas “Avós da Praça de Maio” anunciaram nesta semana a recuperação da identidade da “Neta 125”!
Não poderia ter sido mais significativo o dia em que comemoravam os 40 anos da criação do grupo “As Avós da Praça de Maio”, disse Estela Carlotto, uma das líderes do movimento. “As Avós da Praça de Maio anunciam com a maior alegria a restituição da filha de Lucía Rosalinda Victoria Tatagila”, disse ela ao anunciar a identificação da neta 125.
A mãe da nova neta identificada, Lucía Rosalinda Victoria Tatagila, foi sequestrada no dia 27 de novembro de 1977 em La Plata, onde estudava direito e militava na Juventude Universitária Peronista. Um ano depois de seu desaparecimento seu irmão recebeu uma carta onde Lucía dizia que estava sequestrada. Ela ficou em vários centros clandestinos da repressão. Depois, em outra carta, dizia que estava grávida e esperava ter a criança no início de 1979. A identidade do pai ainda não foi confirmada.
Povos do Caribe debatem mudanças climáticas. Começou na quinta-feira (26) e terá encerramento solene na segunda-feira (30) a VII Assembleia dos Povos do Caribe para debater as mudanças climáticas na região. O objetivo é discutir sobre os principais problemas sociais, econômicos e ambientais que afetam os países daquela região.
As comissões encarregadas de debater os temas propostos são formadas por delegados de Dominica, Antígua e Barbuda, Guadalupe, Porto Rico, San Vicente e Granadinas, Curaçao, Suriname, Santa Luzia, Barbados, Trinidade e Tobago, Jamaica, Martinica, Granada, Bahamas, Guiana Francesa, Guiana, Cuba e algumas organizações da República Dominicana.
Uma das questões que está recebendo atenção especial dos participantes são os temas relativos às alternativas ao modelo neoliberal na região, a integração caribenha e as ofensivas da direita e do Imperialismo/colonialismo. E um dos problemas que está despertando maior interesse entre os participantes é a questão das mudanças climáticas que afetam em especial os países tropicais com baixos recursos econômicos.
Sem condições de criarem uma proteção contra os efeitos da contaminação no meio ambiente, muitas nações padecem com o fenômeno já que não possuem recursos econômicos e materiais necessários para evitar um grave dano à população.
Há uma série de países que são mais propensos às mudanças climáticas que, como ficou demonstrado nas apresentações, afetam as regiões com graves problemas econômicos.
Foi citado o exemplo de Moçambique com graves inundações, ciclones e secas, além de problemas oriundos da contaminação e do desflorestamento local. Dominica é outro país muito afetado pela atividade humana. As altas temperaturas são um grande problema para os habitantes das Bahamas!
Mais de 50 milhões de escravos no planeta! Vivemos a época com maior número de escravos na história. A afirmação, em entrevista à Agência Sindical, é do experiente historiador José Luiz Del Roio, também escritor e ex-senador pela Itália. Segundo Del Roio, que já foi exilado e viveu na condição de apátrida, “a ONU estima entre 50 e 54 milhões de pessoas escravas ou em condições assemelhadas à escravidão”.
“A criação da miséria e a exploração de escravos são condições do capitalismo”, observa, ressaltando que a Portaria 1.129/2017 do governo Temer – que dificulta a fiscalização do trabalho escravo – não pode ser vista fora de contexto. Del Roio diz, com ênfase: “Eles não são burros. Eles são maus”.
Para ele, são muitos os motivos e as fontes fornecedoras de mão de obra escravizada. “Há as minorias raciais, os refugiados de guerra, as rixas tribais, a intolerância religiosa muitas vezes construída e orquestrada, as vítimas de acidentes climáticos e os que se rendem em razão da miséria mesmo”.
Del Roio mostra que a escravidão tem escala. “Não é o sujeito isolado que explora o outro. Há toda uma rede e infraestrutura, muito dinheiro que circula, inclusive por dentro dos bancos. Existe também a omissão dos Estados organizados ou de Estados desagregados por potências estrangeiras, como a Líbia. Lá, eles vêm aos milhares do centro da África, se posicionam no Sul do território Líbio e dali são enviados para países da Europa, geralmente em embarcações precárias, que muitas vezes naufragam”, comenta.
Esse escravo moderno, quase sempre de baixa instrução, muitas vezes é jogado num país estranho, de língua estranha, sem documentos, sem dinheiro, sem condições de retornar à sua terra. “Muitos são encaminhados à agricultura. Um setor que os ocupa é a produção de tomates, onde trabalham durante 12 ou mesmo 16 horas diárias, vivem em cabanas, recebem salários ínfimos. Terminou a colheita, são descartados, simplesmente”, ele conta.
José Luiz Del Roio conta que o socialista utópico Saint Simon (nobre; viveu de 1760 a 1825), ao ver que o capitalismo estava criando máquinas, vislumbrou a oportunidade de erradicar a miséria nas cidades europeias. Num congresso na Inglaterra, apresentou seu projeto de acabar com a miséria, mas foi refutado e acusado de louco. Ele arremata: “Acabar com a miséria não faz parte do projeto capitalista. Eles, aqui ou lá fora, não são burros. Eles são é maus”.
O Parlamento catalão declara a Independência! Em votação secreta, o Parlamento da Catalunha aprovou por 72 votos a favor, 10 votos contrários e duas abstenções a Independência da região.
O Generalitat (Parlamento da Catalunha) reuniu-se na sexta-feira (27) e aprovou uma declaração unilateral de independência do território. A resolução aprovada proclama uma nova República separada da Espanha, elevando a Catalunha a um Estado soberano e independente. O texto ainda pede a abertura de negociações com Madri e o reconhecimento internacional da União Europeia (UE).
O vice-presidente da Catalunha, Oriol Junqueras, usou sua conta no Twitter para comemorar o resultado da votação no Parlamento catalão. “Sim. Nós ganhamos a liberdade de construir um novo país”, escreveu Junqueras.
Já no Parlamento e na praça em frente ao órgão, dezenas de deputados e prefeitos pró-separação gritavam “liberdade” após a votação. Eles ainda pediam a libertação dos “presos políticos” Jordi Sanchez e Jordi Cuixart, que foram detidos há duas semanas em Madri.
Minutos após a declaração de independência, o premiê da Espanha, Mariano Rajoy, publicou em sua conta do Twitter um pedido de “calma” a população e disse que o “Estado de Direito irá restaurar a legalidade na Catalunha”.
“Democracia” é só para os que são contra o sistema. Pois é. As nações submissas a Washington adoram falar de “democracia” quando se trata de atacar Cuba, Venezuela, Irã e outras nações que não rezam pela cartilha neoliberal. Mas quando a coisa é no seu próprio quintal mandam a “democracia” pastar e agem com toda a truculência.
O Senado da Espanha aprovou na tarde de sexta-feira (27) a aplicação do artigo 155 da Constituição do país no território catalão. Na prática, isso permite ao governo central, em Madri, intervir na Catalunha, que, pouco antes, aprovou sua declaração de independência.
A aplicação do artigo foi aprovada por 214 votos a favor e 47 contrários. Esta aprovação já era esperada, já que o premiê Mariano Rajoy tem maioria na Casa.
Pouco antes, o Parlamento da Catalunha havia aprovado uma declaração unilateral de independência, proclamando a criação da República Catalã. É importante lembrar que a Espanha é um país monárquico.
Catalunha resiste! Até o momento do fechamento deste número do Informativo, na tarde de sábado, a situação na Catalunha permanecia indefinida e muito tensa.
A região amanheceu sob o comando político do governo espanhol após a destituição do então presidente, Carles Puigdemont, e de seu vice, Oriol Junqueras. O “capacho estadunidense” Mariano Rajoy designou os poderes e as funções administrativas para sua vice, Soraya Saenz, segundo informou um boletim do Estado espanhol publicado no Diário Oficial.
“O Conselho dos Ministros assume as funções e as competências que correspondem ao Conselho de Governo da Generalitat da Catalunha”, informa o Diário Oficial, destacando que os ministros de Madri irão também cumprir seus cargos na região.
Mas nem tudo vai ser tão fácil como pensam os ditadores do “governo” espanhol. Os representantes catalães ignoraram as medidas e mantiveram sua agenda para o sábado, que inclui uma reunião para preparar as “eleições constituintes” da nova “República catalã”. E vale lembrar que a Espanha é uma monarquia imposta pelo então ditador e assassino Francisco Franco.
Um dos ministros catalães, Josep Rull, se manifestou publicamente sobre a decisão do governo espanhol e disse que o Parlamento e seus líderes continuarão “andando adiante”.
Mas a violência dos tiranos espanhóis não tem limites no momento. O mesmo governo de Rajoy, que faz discursos contra o Governo da Venezuela dizendo que não respeitam os direitos dos cidadãos e a democracia resolve, além de destituir as lideranças e o Parlamento catalão, destituir do comandante do Mossos d'Esquadra, a polícia local. Josep Lluis Trapero foi removido por ordem do Ministério do Interior por conta de não ter seguido as ordens do governo de Madri e impedido as manifestações em Barcelona em 20 e 21 de setembro.
Democraticamente e civilizadamente, os Mossos não se colocaram contra a população, ignorando as ordens do governo espanhol e mantendo a segurança do povo. As notícias locais dizem que cerca de 150 funcionários do então governo catalão foram destituídos de seus cargos nas últimas 24 horas.
Resistir! Puigdemont convocou a imprensa catalã para uma declaração oficial pedindo que o povo tenha “paciência, perseverança e resistência diante da agressão”.
Apesar de ter seu mandato cassado, ele não reconheceu a medida do “governo” de Rajoy e conclama o povo da Catalunha a fazer uma “oposição democrática” ao regime de força decretado pelos capachos da UE.
Isso é o capitalismo neoliberal. Para quem já esqueceu, em julho de 2008, no auge da crise financeira que brotava nos EUA, a General Motors anunciou o início de sua crise e um plano “mirabolante” que incluía a demissão de 47 mil trabalhadores.
No dia 19 de dezembro de 2008, o governo de George W. Bush destinou US$ 13,4 bilhões para a GM a fim de salvar a montadora da falência. Vale lembrar que era dinheiro público, do Tesouro Nacional, dado a título de “fundos perdidos”, ou seja, não seria recuperado. Mas não foi suficiente e, em fevereiro de 2009 a GM pediu mais US$ 16,6 bilhões em empréstimos ao governo.
Tudo inútil! Em junho de 2009 a GM, símbolo do “sonho estadunidense”, entrou com um pedido de falência. Entrou em concordata, recebeu novas “ajudas” para salvar o símbolo estadunidense. E agora?

No dia 24 de outubro de 2016 a General Motors comunicou oficialmente uma perda líquida de 2 bilhões e 980 milhões de dólares! Ou seja, depois de destruir milhares de empregos e consumir dinheiro que seria do povo estadunidense, a GM continua afundando. Receberá nova “ajuda”, agora do Trump? 

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