Julgamento de Lula aponta para uma encruzilhada: democracia ou estado de exceção
Para chamar a atenção, Thompson Flores fala, de uma forma genérica, em ameaças
Que papelão está desempenhado o presidente do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Carlos Thompson Flores. Ele foi fazer exercício de pirotécnica ao se encontrar com a presidenta do Supremo Tribunal Federal, Carmen Lúcia e com a Procuradora Geral da República, Raquel Dodge, em Brasília. Com ampla cobertura midiática, como queria Thompson Flores, o desembargador disse em alto e bom som que há ameaças contra os integrantes da 4ª Região que no dia 24 de janeiro estarão apresentando a decisão sobre o caso do apartamento triplex.
Fica cada vez mais claro que o objetivo principal é esvaziar a movimentação programada para Porto Alegre pelos correligionários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e demais defensores do processo democrático. Para chamar a atenção da opinião pública, Thompson Flores fala, de uma forma genérica, em ameaças. Claro, com o respaldo da mídia comercial, as palavras, repetidas inúmeras vezes, objetivam que virem verdades absolutas e, na prática, chancelem o veredicto final, que já parece apontar pela confirmação da sentença de condenação proferida pelo juiz Sérgio Moro, não se excluindo também a possibilidade de os desembargadores decidirem até aumentar a pena para acima dos nove anos e meio.
O que está em questão é o julgamento de um político que vem sendo duramente criticado há alguns anos e qualquer veredicto, mesmo sem provas, acaba tendo o objetivo de virar uma verdade incontestável. No caso do tal apartamento triplex, o que vale mesmo, mas não foi observado por Moro, é o titulo de propriedade, que não está no nome do acusado.
Vale então a pergunta óbvia: como condenar alguém com acusação de recebimento de propina se não tem a propriedade do imóvel no Guarujá? Com isso fica cada vez mais pairando dúvidas sobre o procedimento da justiça de primeira instância que condenou Lula e do endeusado pela mídia comercial juiz Sérgio Moro.
O que está em jogo é a credibilidade da justiça, cujo juiz Sérgio Moro é considerado uma figura impoluta, mas que na prática, como já foi dito em algumas ocasiões pelos seus opositores, está apenas cumprindo missão burocrática com o claro objetivo de impedir que o ex-presidente seja novamente submetido ao julgamento popular nas urnas.
Resta aguardar o veredicto da instância judicial em Porto Alegre. Não se trata de partidarizar a questão, mas simplesmente concluir que o resultado fortalecerá ou a democracia ou ao estado de exceção. Podem estar certos que o desejo da maioria da população, independente do juízo de valores que a mídia comercial vem apresentando já há algum tempo, é prevalecer o estado de direito e a democracia.
Em suma, o Brasil está em uma encruzilhada decisiva para o seu futuro. Para os que não querem Lula, que o enfrentem nas urnas e não via judicial de cartas marcadas com as condenações por falta de provas. Ou seja, que a última palavra sobre Lula seja dada nas urnas.
Edição: Mariana Pitasse
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