quinta-feira, 26 de abril de 2018

LESA-PÁTRIA Petrobras indica executivo da Shell para Conselho de Administração, denuncia FUP

LESA-PÁTRIA

Petrobras indica executivo da Shell para Conselho de Administração, denuncia FUP

Em manifestação no Rio, coordenador dos petroleiros defendeu 'enfrentamento ao golpe nas casas, nas ruas, nas praças, no parlamento, nas universidades"
por Redação RBA publicado 26/04/2018 19h16, última modificação 26/04/2018 19h26
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Zé Maria Rangel
Zé Maria Rangel: "2018 é um ano decisivo pra gente saber o que vai querer da vida"
São Paulo – A Federação Única dos Petroleiros (FUP) liderou nesta quinta-feira (26) um ato público no Rio de Janeiro, junto com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, movimentos sociais e centrais sindicais para denunciar como “crimes de lesa-pátria” o avanço da privatização da Petrobras, a entrega de ativos estratégicos da estatal e inúmeras iniciativas contra a soberania nacional. Os próximos alvos são as refinarias, terminais e oleodutos.
A Assembleia Geral dos Acionistas da Petrobras elege hoje o Conselho de Administração, e entre os indicados pelo governo está José Alberto de Paula Torres, que trabalhou por 27 anos como executivo da Shell, além de representantes da Maersk Drilling e Instituto Brasileiro de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (IBP), entidade que representa interesses do mercado e concorrentes da Petrobras.
“Como a Petrobras indica para seu conselho representantes de uma empresa concorrente?”, questionou o coordenador da FUP, José Maria Rangel, em discurso na manifestação do Rio. Ele foi didático: “Na prática, é como se colocassem o Eurico Miranda, que já foi presidente do Vasco, para ser presidente do Flamengo”.
Segundo o dirigente, “a Petrobras caminha para ser uma empresa apequenada”. “Todo mundo está de olho no pré-sal e só o presidente da Petrobras (Pedro Parente) e Michel Temer que não querem.”
Zé Maria acusou a mídia de colaborar com a política de esvaziamento, venda de ativos e desconstrução da companhia para favorecer interesses do capital privado no setor de petróleo e gás. “Disseram que a gente era uma empresa quebrada. No ano passado, a Petrobras destinou ao mercado financeiro 137 bilhões de reais. Que empresa quebrada é essa?” Segundo a FUP, a companhia pagou esse valor em juros e amortizações de dívidas, indicando o avanço da “financeirização” da empresa.
A mídia tentou passar à sociedade a ideia de que o pré-sal não tinha importância, afirmou. “Esse presidente golpista que está aí (Parente) disse que estávamos endeusando o pré-sal e muita gente achou que era verdade. Sem o pré-sal, que foi descoberto no governo do PT, de Lula, esta empresa não seria nada.”

Lula

No discurso, o petroleiro afirmou que a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não se deu por acaso. “A direita não pensava que chegaríamos a esse instante com Lula como líder em todas as pesquisas. O nosso grande líder hoje está preso e não por conta de um tríplex, que o MTST naquele ato de vanguarda demonstrou que não teve reforma alguma, que foi tudo uma farsa. O MTST deixou nu o rei.”
Ele defendeu que os petroleiros, os trabalhadores, os estudantes, as frentes, movimentos sociais e partidos políticos continuem “denunciando, acumulando forças, brigando no bom sentido, e não como eles querem, a política do ódio”.
Para o coordenador da FUP, o ano de 2018 é decisivo. “Pra gente saber o que vai querer da vida. Temos que fazer o enfrentamento nas nossas casas, nas ruas, nas praças, no parlamento, nas universidades, denunciar o golpe em curso.”
Sem citar nomes ou legendas, Zé Maria Rangel não poupou “aqueles que se dizem defensores da classe trabalhadora e pregam Lula na prisão fazendo coro com a direita”. Afirmou ainda que é preciso denunciar esses grupos. “Eles podem ser tudo, menos defensores da classe trabalhadora.”

Liquigás

Após fracassar em sua primeira tentativa de vender a Liquigás, a Petrobras tenta uma nova estratégia. No final de fevereiro, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) vetou o negócio fechado com a Ultragaz, avaliado em R$ 2,8 bilhões, anunciado em novembro de 2016.
Segundo o Cade, a transação deve ser entendida como a “fusão entre as duas principais distribuidoras de um insumo presente em 94% dos lares brasileiros – o gás de cozinha”. Por isso, “a operação significaria a eliminação de um concorrente relevante em um mercado onde as quatro maiores empresas respondem por mais de 85% de toda a oferta".
Para driblar o entendimento do Cade, agora a Petrobras vai procurar grupos estrangeiros. A estratégia jurídica é evitar a caracterização de um possível negócio como concentração de mercado.

Outro objetivo da Petrobras é a venda da BR Distribuidora, uma das "joias da coroa". 

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