ARTHUR CHIORO: SEM CUBANOS, MILHÕES FICARÃO SEM ASSISTÊNCIA
Ministro da Saúde do governo Dilma e executor do Mais Médicos, o professor da Unifesp Arthur Chioro aborda a desestruturação do programa, e alerta para o caos na saúde pública que a saída dos cubanos, somada à implementação da PEC do teto dos gastos, irá causar, podendo deixar 30 milhões de brasileiros sem assistência médica primária; "Sem ironias, eu torço muito para que os médicos brasileiros ocupem o novo edital, caso contrário, teremos desassistência e morte", lamenta Chioro em entrevista à TV 247; assista
23 DE NOVEMBRO DE 2018 ÀS 21:36 // INSCREVA-SE NA TV 247
TV 247 - Ministro da Saúde do governo Dilma e executor do programa Mais Médicos, o professor da Unifesp Arthur Chioro aborda a desestruturação do programa Mais Médicos, e alerta para o caos na saúde pública que a saída dos médicos cubanos, somada à implementação da PEC de gastos, irá causar, podendo deixar 30 milhões de brasileiros sem assistência médica primária. "Sem ironias, eu torço muito para que os médicos brasileiros ocupem o novo edital para o Mais Médicos, caso contrário, teremos desassistência e morte", lamenta.
Corporativismo em alta
Chioro relata a dificuldade de empregar médicos nas regiões mais periféricas e distantes do Brasil, produzindo uma situação de extrema iniquidade. "Quando construímos o Mais Médicos, como política de Estado, colocamos o dedo na ferida na questão do provimento dos médicos, que historicamente foi regulamentada pelas corporações", expõe.
"O ministério da Educação e o ministério da Saúde começaram a pensar um projeto de País para atender a demandas sociais", destaca Chioro, ao denunciar o corporativismo presente em algumas categorias médicas. "Em nome da reserva de mercado chegou-se a formar apenas dois neurocirurgiões por ano no Estado do Rio de Janeiro".
Mais Médicos: paliativo e essencial
O ex-ministro recorda que em 2003, quando o Brasil vivenciava o pleno emprego, o governo Dilma abriu edital para o programa Mais Médicos "com prioridade para os médicos brasileiros e depois ofertadas aos intercambistas". "Somente após esse processo, as vagas não preenchidas eram disponibilizadas aos profissionais de outras nacionalidades, no caso, os médicos cubanos", explica Chioro.
Enquanto os médicos cubanos ocupavam seus postos nos rincões e regiões vulneráveis do Brasil, de forma paliativa como estabeleceu o programa, o governo Dilma investia na expansão de matrículas nos cursos de medicina, para que os futuros profissionais brasileiros ocupassem as vagas dos estrangeiros, nos próximos anos.
Chioro relembra que, "quando lançado, o programa garantiu emergencialmente 18. 268 médicos, espalhados por todo País, que puderam prestar atendimento básico para 60 milhões de brasileiros". "Era gente pobre sendo atendida como nunca foi", exalta.
Novo edital: vagas serão preenchidas?
Após a ruptura de Bolsonaro com o governo cubano, um novo edital do programa Mais Médicos foi publicado nesta terça-feira (20), no Diário Oficial da União. A publicação ocorre no dia seguinte ao anúncio do Ministério da Justiça de que serão ofertadas 8.517 vagas para atuação em 2.824 municípios e 34 áreas indígenas, antes ocupadas por médicos cubanos.
Chioro acredita que a grande maioria dos profissionais inscritos são estudantes recém-formados, que aguardam o resultado das provas de residência. "Ou seja, muitos médicos ou não irão começar imediatamente ou sairão assim que iniciarem a residência", projeta.
"Sem ironias, eu torço para que as vagas sejam ocupadas, pois serão 30 milhões de brasileiros que ficarão sem atendimento médico, caso as 8.550 vagas não sejam repostas".
Ele afirma que a prioridade do governo Bolsonaro na área da saúde é o serviço privado, beneficiando os tubarões dos planos de saúde. "Com a manutenção da PEC 95, que congela os gastos públicos no período de 20 anos, somado a saída dos médicos cubanos, o resultado será a total desassistência e morte", condena.
Relembre como Bolsonaro pôs fim a parceria de sucesso com os cubanos
Em protesto contra o presidente eleito no Brasil Jair Bolsonaro, Cuba decidiu abandonar o programa Mais Médicos, que leva profissionais do país caribenho para outras nações com o objetivo de otimizar o atendimento à população. "O presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, com referências diretas, depreciativas e ameaçadoras à presença de nossos médicos, declarou e reiterou que modificará os termos e condições do Programa Mais Médicos, com desrespeito à Organização Pan-Americana da Saúde e ao acordo desta com Cuba, ao questionar a preparação de nossos médicos e condicionar sua permanência no programa à revalidação do título e como única forma de se contratar individualmente", diz o texto do Ministério da Saúde cubano.
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