Comentários
de viajante.
Aos amigos e companheiros que recebem o nosso
Informativo, peço desculpas por uma edição improvisada. Passei três dias fora
do Rio de Janeiro e sem tempo para estar perto de um computador, participando
de um Congresso Sindical de Profissionais de Educação, em Aracaju.
Adiante citarei alguns trechos da análise de conjuntura
que eu havia encaminhado para eles e que foi aprovada pelos participantes do
Congresso, com algumas correções e esclarecimentos.
Mas, para essa abertura, gostaria de fazer alguns “comentários
de viajante”.
No hotel onde estava hospedado havia sempre o jornal
local, “Correio de Sergipe”, visivelmente um noticiário para e da direita
local. Peguei um para ler ao final do encontro, enquanto fazia hora antes de ir
para o aeroporto. Conclusão: como jornalista, nunca vi um grau tão grande de
desinformação, distorção de notícias e escamotear informes realmente
importantes.
Vejamos alguns casos que chamaram mais minha atenção:
1 –
Senador eleito e interesses da direita.
Pelas informações que tenho, Sergipe elegeu dois senadores - Delegado
Alessandro Vieira (Rede) e Rogerio Carvalho Santos (PT). Mas o jornal não faz
qualquer menção ao segundo e gasta mais de meia página (além da chamada de
capa) para o primeiro.
Pela sua apresentação de nome político, incluindo a “qualidade”
de delegado ao nome, já podemos entender quem é o sujeito, não é? Pois a
matéria entrevistando o “delegado” agora senador ocupa um enorme espaço na
página 3 do jornal (página considerada “nobre”) para dizer que ele defende e
acredita em uma próxima fusão entre o seu partido (Rede) e o PPS, de Roberto
Freire.
Durante parte do voo de volta ao Rio fiquei imaginando
o tamanho do monstrengo que está sendo gestado, cria de Marina e Roberto
Freire!
2 –
Lei Maria da Penha não tem origem conhecida. Outra matéria com chamada de primeira página e grande espaço no
interior do jornal é um levantamento sobre a violência contra a mulher no
município de Aracaju. De forma até elogiável, a matéria começa dizendo que 61 homens
já foram presos com a aplicação da Lei. Diz que 1.991 Boletins de Ocorrência já
foram publicados e 890 foram transformados em inquéritos. Foram emitidas 445 medidas
protetivas!
Sim, tudo isso é muito importante e precisa ser divulgado
para ver se começamos realmente a tomar iniciativas contra essa barbaridade de feminicídios
que já transformaram o Brasil em quinto colocado no planeta. Mas a matéria é
muito estranha.
Mas, indo à página interna para ler a íntegra da
matéria que recebeu um espaço considerável, vamos ver que utiliza um grande
espaço dando voz à delegada que cuida da Delegacia da Mulher local, dizendo que
a Lei “veio para atuar de forma mais rígida nos crimes de violência doméstica...”.
Refere-se à Lei como se fosse apenas um “pequeno detalhe” da repressão ao crime
contra as mulheres.
Porém, o que mais chamou a nossa atenção é o fato de
que a longa matéria, com entrevista da delegada, não cita uma única vez a
origem da Lei Maria da Penha, como surgiu, a partir de quais situações, quem
foi Maria da Penha, etc. Em nenhum ponto diz que foi assinada em 2006 pelo
então Presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tudo isso é irrelevante para o tal
jornal.
3 –
O importante é manchar o PT! O ponto
culminante do jornal é a primeira página do Caderno CS Brasil com uma enorme
manchete: “Justiça Federal torna Lula e Dilma réus em ação sobre organização
criminosa”.
Nem vou perder muito tempo comentando. A matéria é uma
obra prima de distorção de notícias, denúncias que são apresentadas como provas
já confirmadas e o incansável uso de termos para reforçar a opinião de que o PT
é realmente uma quadrilha. Em nenhum momento o jornal fala que são acusados,
mas diz que são denunciados por formar “grupo criminoso”. Ou seja, o autor da
matéria já investigou, julgou, condenou e bateu o martelo.
E ainda chamam isso de jornalismo?
4 –
Mas para o “mito” só elogios e normalidade. Impressionante é que na mesma página do rosário de mentiras contra o
PT, pouco abaixo, vem uma matéria tentando acalmar os eleitores do ex-capitão.
Com o título “Quadro de Bolsonaro é normal, dizem
médicos”, o jornal tenta mostrar tranquilidade diante da grave situação do
canalha eleito. Não falam da gravidade da doença, mas, como legenda de uma foto
do ex-militar, dizem que “Médicos garantem que adiar a cirurgia indica
prudência”!
Estranho, não é? Se a chamada diz que o seu estado é “normal”,
como o adiamento da cirurgia significa “prudência”? Qual o motivo da “prudência”?
Curioso é o último parágrafo da matéria que em nenhum
momento fala de “facada” ou “atentado”, mas termina com a entrevista de um
médico, cirurgião especializado em aparelho digestivo, professor da USP, dizendo
que “a inflamação do peritônio verificada é normal em casos semelhantes ao dele”.
Como assim? Todo mundo que leva uma facada tem isso? Ou o caso dele não foi uma
facada?
5 –
Médicos cubanos. Com chamada pequena de primeira página, mas matéria
longa no interior do jornal, o Correio de Sergipe diz que “Cubanos já deixam
Sergipe”. Repararam? A matéria não fala “médicos cubanos”, mas apenas “cubanos”!
Só lendo a matéria vamos saber que são 17 dos 96
médicos cubanos que trabalham em Sergipe atendendo à população em 35 municípios!
E a matéria não mostra qualquer alternativa nem fala na falta que certamente farão.
Apenas diz que o Ministério da Saúde divulgou “medidas que serão adotadas” e
que um edital para seleção de candidatos ainda será publicado (está sendo
estudado)!
Enquanto isso, se o cidadão pobre ficar doente...
Bem, o jornal é um primor de propaganda da direita e
agressões ao PT. Daria para encher as páginas desse Informativo só comentando
matérias, mas vamos falar de coisas mais importantes.
Análises
em nosso Informativo.
Com falei, estive participando do Congresso dos professores
de Aracaju e lá debateram análises da conjuntura internacional e nacional que
tive o prazer de rascunhar para que servisse de eixo para os debates.
Aproveitando que nosso Informativo tem por hábito
trazer esses tipos de informes, vou abusar e transcrever aqui uma parte para
reflexão de todos.
A Análise de Conjuntura é o estudo das diversas partes
que compõem o panorama (político, econômico, social) que nos cerca, visando o
que está em jogo em uma determinada situação, a tendência do momento, para onde
caminha o conjunto do panorama analisado.
a – há uma
conjuntura de ascenso - de acordo com o nosso objetivo ao fazer a análise, podemos
concluir que é um momento de crescimento, e que é propício a certos tipos de
ações;
b – há uma conjuntura
de equilíbrio - isto é, vive-se em uma conjuntura onde as mudanças estão ocorrendo
lentamente ou que as forças se equivalem;
c – há uma
conjuntura de descenso - isto é, nossa avaliação mostra um momento de queda na
avaliação geral. Por exemplo, o início de uma recessão econômica ou de uma
crise política séria.
E o nosso XV
Congresso está acontecendo dentro de um cenário de recuo do movimento popular e
sindical organizado. E isso não ocorre apenas no Brasil, como mostraremos
adiante.
O outro aspecto
que devemos considerar no decorrer dos debates e que receberá um espaço
especial nesta Tese é o recuo que está acontecendo na questão do ensino público
no Brasil. Não só nas mudanças que já estão sendo propostas pelos
representantes da ideologia vitoriosa em outubro passado, mas também pelo que
já vinha ocorrendo desde 2016.
(...)
A implantação do projeto neoliberal, iniciada na segunda
metade da década de 1980, e o avanço das intenções do grande capital sobre as
fontes de energia e água do planeta, além das disputas comerciais que agora se
acirram, levaram o mundo que conhecemos a uma situação de extrema gravidade
onde os principais atingidos são os/as trabalhadores/as e a população pobre.
Em nosso
último encontro falamos sobre a importância do Brasil para uma nova política
independente na América Latina, através do Mercosul e da Unasul. Mostramos também
o importantíssimo papel do BRICS para o reequilíbrio de forças na economia
mundial acostumada com o mando único do FMI e o Banco Mundial, ambos meros instrumentos
dóceis aos interesses dos Estados Unidos e do grande capital internacional.
Acreditamos
que esses dois fatores foram os determinantes para o Brasil ficar como
principal alvo dos ideólogos neoliberais e foi o grande motor do golpe contra o
PT que foi arquitetado durante os quatro últimos anos com precisão e muito
dinheiro envolvido.
A verdade é que, depois da queda de Dilma Rousseff e
dos avanços ameaçadores dos EUA sobre a Índia e a África do Sul, o BRICS, que
seria uma esperança para os países interessados em fugir da dominação neoliberal,
ficou praticamente limitado à China e à Rússia, os dois grandes adversários do
pensamento único neoliberal na atualidade. (sobre
a posição da África do Sul em relação ao presidente eleito no Brasil, veja na
parte nacional)
Em nosso último encontro conversamos sobre as cinco
crises que nosso mundo enfrenta. Fazendo uma revisão daquela informação vamos ver
que pouca coisa mudou. Em alguns pontos talvez tenha piorado.
A – A crise
ambiental – falávamos sobre a situação do planeta diante do avanço da
degradação e lembramos, naquela ocasião, que os cientistas acreditavam que, se o mundo continuar neste ritmo,
precisaremos de 2 planetas Terra em 2050 para que a humanidade sobreviva!
Pelo que acompanhamos desde então, a situação só piorou. E agora a
ameaça principal à vida passou a ser a qualidade do ar que respiramos.
Segundo a
Organização Mundial de Saúde, em 2016, 125.000 crianças menores de cinco anos
de idade morreram na Índia devido à contaminação do ar! O informe tem o título
de “Contaminação do ar e a saúde infantil”. Não trata somente do caso da Índia,
que é alarmante, mas de situações que são vividas no mundo moderno.
Um fato
curioso a ser destacado nesse relatório é que um grande número dessas crianças
não foram vítimas apenas da contaminação do ar no próprio país, mas são
consequências da produção mundial de gases em função da queima de combustíveis
fósseis (petróleo, carvão e gás).
Em outro
estudo divulgando recentemente e intitulado “Relatório Anual do Estado do Ar no
Globo” vamos ver que mais de 95% da população do planeta respira ar impróprio, e
as nações mais pobres são as mais afetadas.
E o estudo
mostrou também que, em 2016, 2 bilhões e meio de pessoas – um em cada três
habitantes do planeta – estiveram expostas à contaminação do ar.
Apesar de
todos esses alertas de institutos e organizações ambientais, sabemos que no ano
passado o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, retirou o seu país do
conhecido Acordo de Paris – um acordo mundial para estabelecer metas de redução
de emissões de gases do efeito estufa.
B – A crise
energética – só para lembrar, dizíamos que do total de energia produzida no
mundo, 38% provém do petróleo; 26% do carvão; 22% do gás natural; 7% da geração
nuclear e os 7% restantes da geração hidráulica, solar, eólica, etc. Ou seja, a
produção de energia do planeta é fortemente dependente das reservas finitas
(petróleo, carvão e gás).
A Rússia concentra
27% das reservas de gás do planeta, sendo a maior conhecida. E é também a
primeira produtora mundial, extraindo atualmente 22% do total de gás negociado.
E aqui vamos
encontrar uma das causas dos atuais conflitos (e ameaças de guerras abertas)
que acompanhamos nos jornais internacionais.
O governo dos EUA
tentou com todas as suas artimanhas impedir a construção do gasoduto russo Turk
Stream, um projeto para levar o gás das grandes reservas naquele país até a
Europa, altamente dependente do gás para produzir sua energia. A Rússia fornece
mais de um terço das necessidades de gás da Europa e tem recebido uma forte
pressão de Washington que usa seu poder sobre a Alemanha para tentar impor o
seu próprio gás à Europa. A Casa Branca chegou a ameaçar países que se
dispunham a colaborar no projeto anterior, o Nord Stream 2. Mas o novo gasoduto,
muito mais barato e com participação de países que dependem desse gás, deixou
Donald Trump em um canto. Vários países europeus já assinaram o acordo com Moscou
e vão participar da construção de um novo gasoduto que sai da Rússia e chegará
até a Alemanha, atravessando o Báltico.
E vale lembrar
que as atuais reservas de petróleo confirmadas na Venezuela colocam o país
latino-americano como o maior produtor do mundo, superando a Arábia Saudita.
Em encontro
com empresários venezuelanos e chineses, na I Feira de Importações de Shangai
2018, o presidente venezuelano Nicolás Maduro garantiu que seu país está pronto
para levar um milhão de barris diários de petróleo para a China, “com chuvas ou
trovoadas” disse ele.
“Nós vamos
levar um milhão de barris para a China, aconteça o que acontecer, e precisamos
investir (...) temos a Faixa Petrolífera do Orinoco e lá tem todo o petróleo de
que a China necessita para o seu desenvolvimento pelos próximos 50 ou 100
anos”, disse ele.
Atualmente a
Venezuela envia cerca de 640.000 barris diários para a China, de acordo com as
cifras conhecidas oficialmente.
E esse ponto é
muito importante para analisarmos a guerra estadunidense contra a Venezuela e a
atual disputa de Trump com a China, com a implantação de sanções econômicas
prontamente respondidas pelo governo chinês.
C – A crise
dos alimentos – A concentração de poder nas grandes empresas do ramo não
modificou desde a nossa última análise. Apenas 50 empresas controlam toda a
produção agrícola mundial, detendo a terra, os cultivos, a industrialização e a
comercialização; apenas 5 grandes redes controlam quase todo o mercado mundial.
Os maiores são: Wal-Mart (4.500 lojas em 14 países e lucro maior do que o PIB
da Arábia Saudita), Carrefour e Home Depot; apenas 10 empresas controlam 84% de
todo o mercado mundial de agrotóxicos. As principais são: Bayer, Syngenta, Basf
e Monsanto; apenas 10 empresas controlam o mercado mundial de sementes. As
principais são: Monsanto (90% das sementes transgênicas), Dupont e Syngenta.
O que mudou
foi o aumento, nesses últimos anos, da concentração de terras nas mãos de poucos
grandes proprietários. E fenômeno não é apenas brasileiro.
D – Crise das instituições – esta talvez seja a que mais nos interessa no
momento atual brasileiro. Demonstramos, no documento anterior, que há um
crescimento da descrença dos cidadãos nas instituições dos países, sejam políticas,
sociais ou quaisquer outras. E aqui vamos adiantar um parecer que estaria na
parte nacional da nossa análise, mas que demonstra claramente a nossa crise.
Já comentamos que
uma expressiva parte da população mundial já não acredita nas instituições, em
particular na política. E podemos constatar isso através do enorme índice de
abstenções eleitorais em países como Inglaterra, França, Estados Unidos, etc.
Agora sabemos
que o Brasil vai pelo mesmo caminho, mesmo sendo o voto obrigatório!
Nosso país tem
pouco mais de 147 milhões de eleitores em condições de votar. Porém o candidato
fascista agora eleito recebeu apenas 57,7 milhões de votos – muito menos da
metade do eleitorado nacional!
E deparamos
com o grande problema que temos comentado. Foram mais de 11 milhões de eleitores
escolhendo o voto em branco ou nulo. Para piorar o quadro, 31 milhões não compareceram
às urnas. Somando isso vamos descobrir que pouco mais de 42 milhões de
brasileiros não escolheram entre um dos candidatos à presidência.
Agora podem
fazer as contas: 42 milhões de brasileiros se abstiveram! Isso significa quase 7
vezes toda a população do Paraguai, nosso vizinho! Mais de quatro vezes a
população de Portugal e quase igual à população total da Argentina ou da
Espanha!
E – Crise econômica – esse aspecto, já levantado em nosso Congresso
anterior, pode ser melhor avaliado se pontuarmos.
A. 2008
ainda não acabou! O relatório da
Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostra que a
sombra (ou as sementes) da crise de 2008 persistem e podem demorar a
desaparecer. E a “dor de cabeça” já começa quando vemos que houve uma revisão
para baixo da projeção de crescimento do Brasil neste ano, dos 2% previstos em
maio para 1,2%.
Mas as notícias não são boas, como dissemos. O documento
diz que a expansão econômica global, importante principalmente para os países
dependentes da exportação de commodities, parece ter atingido seu pico, com
perspectivas de crescimento divergentes em todo o mundo e intensificação dos
riscos.
Espera-se uma escalada de tensões comerciais, situações
de aperto financeiro nos países emergentes e riscos políticos generalizados. Ou
seja, não dá para ter esperanças sobre um crescimento mundial forte e sustentável
a médio prazo, alerta o organismo. A OCDE prevê que a economia global cresça
3,7% em 2018 e 2019, pouco abaixo dos 3,8% estimados em maio, com diferenças
cada vez maiores entre os países em contraste com a ampla expansão observada no
fim de 2017 e no início deste ano.
Os sinais agora recolhidos indicam a exaustão da
política que associa liberdade sem limites para a iniciativa privada, em
especial para as multinacionais, à derrubada das salvaguardas nacionais,
combinação apresentada sob o título de “globalização econômica”, um dos pilares
do neoliberalismo como solução para o mundo há cerca de 40 anos.
Ao empurrar o modelo de globalização do Pós-Guerra além
de seus limites, economistas e formuladores de políticas negligenciaram o que
havia sido o segredo de seu sucesso original. O resultado foi uma série de decepções.
A globalização financeira acabou promulgando instabilidade em vez de maior
investimento e crescimento mais rápido. Dentro dos países, gerou desigualdade e
insegurança em vez de oportunidades iguais para todos.
O sistema de produção global moveu-se do comércio de
mercadorias e serviços para o de informação, com as corporações multinacionais
tentando obsessivamente evitar vazamentos de propriedade intelectual para os
concorrentes.
B. Washington espera uma crise do dólar? O dólar
estadunidense terá uma queda em torno de 40% frente ao euro, em 2024, assegurou
Ulf Lindahl, diretor geral da consultoria A.G. Bisset Associates LLC, citado pela
agência de notícias Blumberg.
O economista é especializado em mercado de capitais e
explica que desde a crise de 1970 o dólar vem repetindo um ciclo de perdas e
ganhos a cada 15 anos, e este padrão está agora se repetindo. “O dólar vai cair
simplesmente porque vai repetir o ritmo das últimas quatro décadas”, disse ele.
E alertou também que a queda do dólar terá implicações massivas para todos os
mercados financeiros.
Ele diz que a queda em 2017 foi só o começo da crise,
prevendo que o preço chegará até dois dólares por euro (hoje o euro vale 1,15
dólar americano) e 75 ienes por dólar (hoje o iene vale 0,0089 dólar
americano).
A agência Blumberg ouviu outros analistas que esperam
uma crise em menores proporções e que, em 2022, o euro custará 1,28 dólar.
C. Seguro morreu de velho? O Banco Central da
Rússia está se desfazendo dos bônus do Tesouro dos EUA. A proporção dos
investimentos russos na dívida estadunidense está se aproximando de zero.
Segundo analistas, as medidas tomadas por Moscou merecem atenção tanto em termos
políticos como econômicos.
A Rússia reduziu os investimentos em bônus
governamentais dos EUA até um teto de 14 bilhões de dólares, em agosto deste
ano. Dois meses antes a parte dos bônus nas reservas russas não superava 10% e
agora caiu a quase zero.
Segundo análises, o Banco Central da Rússia não vê sentido
em financiar o orçamento de um país que segue em uma política abertamente
hostil. A solução parece lógica também do ponto de vista econômico no contexto
das sanções contra empresas russas. Tudo poderia terminar com um congelamento
dos ativos e, para se precaver contra as perdas, as autoridades financeiras
tomaram medidas de emergência para manter sua carteira de divisas.
Sabemos que a Turquia também está se desfazendo dos
bônus governamentais estadunidenses pela pressão econômica que sofre. O Japão,
segundo maior possuidor dos bônus estadunidenses também está reduzindo sua
participação e China já iniciou o mesmo processo.
Nacional
(parte)
O resultado é que chegamos às eleições deste ano com
uma direita fracionada e muito fraca, mas todo o espaço do discurso contra o PT
foi ocupado pela extrema-direita, pelos fascistas que não tinham qualquer escrúpulo
em apoiar o grande capital, mesmo vendendo a soberania.
E isso foi agora confirmado nas urnas. Além de uma
votação ridícula para a Presidência, a direita (PSDB e MDB) sofreu uma derrota
que vai durar muito até esquecerem. Vão “lamber as feridas” por muito tempo, ainda.
Mas o Brasil agora está definitivamente dividido.
Os partidos PT e PSL foram os que mais elegeram
deputados federais para a Câmara para os próximos quatro anos. O MDB, que
durante os últimos anos foi a maior bancada da Casa, perdeu espaço. Em 2014, o
PT elegeu 69 deputados e desta vez foram 56. Apesar da queda, ficou com a maior
bancada na Câmara dos Deputados. O PSL, legenda do também candidato Jair
Bolsonaro, saltou de um deputado eleito, há quatro anos, para 52. Mas aqui
devemos considerar também alguns que mudaram de partido no decorrer do período.
O MDB, que tradicionalmente integra a Presidência da
Câmara e do Senado, caiu para quase metade em tamanho. Em 2014, foram eleitos
65 deputados, agora serão 34 parlamentares.
No total, serão 30 legendas com representação na
Câmara. O tamanho das bancadas é importante para que os deputados sejam indicados
para funções específicas e relevantes no funcionamento do Parlamento.
Pelo Regimento Interno da Câmara e negociações, o maior
partido ou bloco tem peso na escolha da Presidência da Casa e para ocupar o
comando de comissões de maior destaque, como a de Constituição e Justiça e a de
Finanças e Tributação.
Mas é preciso estar “de olho”, porque até fevereiro de
2019 (data da posse dos eleitos) há negociações sobre cargos federais e
estaduais, assim como a possibilidade de mudanças de partidos políticos.
Para os que fazem o discurso de que o PT foi o grande derrotado
em 2018 é bom recordar que, mesmo perdendo a eleição presidencial em um segundo
turno muito disputado e com o seu principal candidato impossibilitado de
concorrer, houve um grande avanço.
O PT conseguiu o melhor desempenho, com a eleição de
153 candidatos, seguido do MDB, PSL, PP e PSDB, que elegeram 149, 140, 121 e
112 candidatos, respectivamente. Foram 2 deputados distritais (DF), 83 deputados
estaduais, 56 deputados federais, 4 governadores, 4 senadores, 2 como 1º
suplente de senador, 2 como 2º suplente de senador e 1 vice-governador.
O Partido estará à frente de quatro estados onde moram
30,6 milhões de pessoas: Bahia, Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte. O cálculo
considera as projeções populacionais do IBGE e o resultado das eleições deste ano.
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