segunda-feira, 17 de dezembro de 2018

LINHA 6-LARANJA Primeira PPP do Metrô de SP é desfeita depois de gastar R$ 2,6 bi em obras abandonadas


LINHA 6-LARANJA

Primeira PPP do Metrô de SP é desfeita depois de gastar R$ 2,6 bi em obras abandonadas

Governo paulista rescindiu contrato com o Move São Paulo. Consórcio não conseguiu concluir nenhum trecho da obra paralisada em 2015, mas rendeu recursos a campanhas tucanas
por Rodrigo Gomes, da RBA publicado 14/12/2018 23h03, última modificação 16/12/2018 19h18
DIEGO PADGURSCHI/FOLHAPRESS
Revogação contrato ppp do metrô
Canteiro de obras da futura estação Freguesia do Ó, que teve apenas as aberturas de poços para iniciar os trabalhos
São Paulo – Depois de gastar R$ 2,6 bilhões e não concluir nenhum trecho em três anos de trabalho, a primeira Parceria Público-Privada das empreiteiras Odebrecht, Queiroz Galvão e UTC – que formaram o consórcio Move São Paulo – com a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) teve seus contratos rescindidos ontem (13), conforme publicação no Diário Oficial do Estado de São Paulo.
O objetivo era construir a linha 6-Laranja. A via ligaria o distrito de Brasilândia, região noroeste da capital, à estação São Joaquim da linha 1-Azul, na região central, O trajeto de 19 quilômetros contaria com 15 estações e deveria proporcionar conexões com duas linhas da companhia de trens (linhas 7 e 8) e com a linha 4-Amarela do metrô, além da linha 1.
A linha foi anunciada em 2008 (transição do governo tucano de Geraldo Alckmin para o do também tucano José Serra) com previsão de conclusão parcial em 2012, Mas foram iniciadas em 2015. Um ano depois, já em outra gestão do ex-governador Geraldo Alckmin, foram abandonadas.
Nesse período, o governo paulista gastou R$ 984 milhões para realizar todas as desapropriações de imóveis necessárias à passagem da linha. O gasto ficou 46% maior do que o previsto. Além disso, foi investido R$ 1,7 bilhão nas obras hoje paralisadas. R$ 680 milhões vieram do governo paulista e pouco mais de R$ 1 bilhão de empréstimos do BNDES. O custo total da obra era estimado em R$ 9 bilhões.
O principal problema teria sido a dificuldade das empreiteiras em obter empréstimos por estarem envolvidas em esquemas de corrupção. No ano passado, executivos da Odebrecht declararam em acordo de delação premiada que o custo da obra incluía recursos a serem destinados a financiamento da campanha de Alckmin à reeleição em 2014. 
Duas empresas estrangeiras foram sondadas pela Move São Paulo para assumir a obra, mas declinaram: A espanhola Cintra Ferrovial e a chinesa China Railway Engineering Corporation. Os equipamentos e canteiros de obras serão vigiados por funcionários pagos pelo consórcio nos próximos meses.
A previsão é de que a linha recebesse 630 mil passageiros por dia. E a concessão às empreiteiras seria de 25 anos. As obras tiveram início com acelerada ação de desapropriação de imóveis. No entanto, com o abandono das obras, muitos escombros das casas demolidas não foram sequer removidos dos locais.
A Secretaria dos Transportes Metropolitanos (STM) informou ter aplicado R$ 259 milhões em multas ao consórcio. Não há previsão para retomada das obras. 

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