Corrente do bem: as ações solidárias inspiradas por Marielle Franco
Após a sua morte, a vereadora é ponto de união de ações solidárias que promovem a empatia no Brasil
Rede Emancipa
A Rede Emancipa, movimento social de educação popular, possui atualmente 61 unidades de cursinhos pré-vestibular espalhados por oito estados brasileiros. Três deles têm o nome Marielle Franco como forma de “manutenção da memória”, segundo Danillo Prisco, um dos coordenadores do núcleo de Natal (RN).
Ele relembra que a própria vereadora foi aluna de cursinho popular e acredita que usar o nome dela é uma forma de homenagem.
Uneafro
Uma das unidades da União de Núcleos de Educação Popular (Uneafro) homenageou a vereadora com seu nome. Nascida a partir de um coletivo da periferia de São Bernardo, a união surgiu primeiramente como uma biblioteca comunitária, onde os moradores locais frequentavam para estudar.
David Adao, um dos coordenadores do núcleo, explica que visando uma educação pública, gratuita e de qualidade que atraísse mais jovens, a organização decidiu fazer uma parceria com a Uneafro. “Queremos ajudar os jovens, negros e periféricos a entrar na universidade”, disse ele.
Além do cursinho popular, a Uneafro promoveu também, no mês de abril, a 1º edição do Prêmio Marielle Franco, que homenageou personagens como Sueli Carneiro e Regina Militão.
Pré-Vest Comunitário
Outra ação solidária e educacional que foi inspirada na parlamentar é o Pré-Vestibular Comunitário Marielle Franco, criado em dezembro por participantes da Igreja Batista do Caminho, que oferece aulas gratuitas no centro do Rio de Janeiro a jovens de baixa renda. Além dos estudos nas salas de aula, são promovidas atividades artísticas e culturais como rodas de conversa, cineclubes e visitas a espaços culturais.
Fundo Baobá
No início de abril, a Fundação Ford, a Open Society Foundations e o Instituto Ibirapitanga doaram juntos cerca de US$ 3 milhões ao Fundo Baobá, instituição dedicada à luta pela igualdade racial no Brasil, e criaram o Programa Marielle Franco de Aceleração do Desenvolvimento de Lideranças Femininas Negras, um fundo financeiro de incentivo às mulheres negras que visam ingressar em cargos de liderança. O diretor-presidente do Instituto Ibirapitanga, Andre Degenszajn, explicou que o projeto funciona como combate ao racismo e terá frutos em aproximadamente 5 anos de funcionamento.
Bolsa Siaparto
Em junho, o Simpósio Internacional de Assistência ao Parto (Siaparto) ofereceu 100 bolsas de estudos a profissionais negras que atuavam com partos e/ou populações vulneráveis, em homenagem à ex-vereadora. Foram ao todo três dias de oficinas dadas por diferentes palestrantes.
Bolsa de estudos Marielle Franco
No final do ano passado, a Escola de Estudos Internacionais Avançados da Universidade Johns Hopkins (SAIS), considerada uma das melhores instituições de ensino dos Estados Unidos, recebeu uma doação anônima com o nome da vereadora e, então, criou a Bolsa Marielle Franco. O programa é voltado para mestrado em Relações Internacionais com foco na América Latina.
Diploma de Direitos Humanos
A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) criou, em junho, o Diploma de Direitos Humanos Marielle Franco, tornando o Senado Federal responsável pela premiação, que ocorrerá anualmente. A ideia é prestigiar pessoas que tenham sido importantes na defesa dos Direitos Humanos.
Marielle Award
Durante a 8ª Conferência Internacional sobre Resiliência, ocorrida em novembro em Portugal, também houve homenagens através do Marielle Franco Community-Design Award, que ofereceu como prêmio o valor de 10.000 euros e funcionou como instrumento de incentivo a arquitetos que trabalham em favelas e/ou zonas de vulnerabilidade social.
Instituto Marielle Franco
Os familiares de Marielle Franco anunciaram no final do mês passado que estão organizando a fundação de um instituto que funcione para auxílio psicológico e judiciário, eventos, ações, acervos e oficinas que carreguem o legado da luta pelos Direitos Humanos deixado pela ex-vereadora. Ainda não há uma data oficial para o lançamento.
“É uma causa mundial. E nós temos sangue de Marielle. Não tínhamos como ficar parados e não darmos continuidade a tudo que ela começou. Decidimos então unir forças para fazer algo pra honrar o nome e o nosso sangue ali derramado”, falou Anielle Franco, irmã de Marielle, ao portal Alma Preta.
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ESCRITO POR MARINA SOUZA
Estagiária de Jornalismo do site de CartaCapital
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