terça-feira, 2 de julho de 2019

Ex-presidente do BNDES, Levy desmonta tese da “caixa-preta”: Passam informações incompletas para Bolsonaro

02 DE JULHO DE 2019, 10H33

Ex-presidente do BNDES, Levy desmonta tese da “caixa-preta”: Passam informações incompletas para Bolsonaro

Uma das principais lendas propagadas durante a campanha eleitoral do "mito" Jair Bolsonaro - juntamente com a mamadeira de piroca e o kit gay -, a tese da "caixa-preta" do BNDES foi desmontada pelo ex-presidente do banco, Joaquim Levy, que deixou o cargo no dia 16 de junho
Paulo Guedes empossa o presidente do BNDES, Joaquim Levy, observado por Bolsonaro (Reprodução)
Uma das principais lendas propagadas durante a campanha eleitoral do “mito” Jair Bolsonaro – juntamente com a mamadeira de piroca e o kit gay -, a tese da “caixa-preta” do BNDES foi desmontada pelo ex-presidente do banco, Joaquim Levy. Indicado por Paulo Guedes, ministro da Economia, para o cargo, Levy se demitiu no último dia 16.
“Ele (Bolsonaro) tem uma preocupação com o tema. Às vezes as pessoas talvez passem informações incompletas (para ele) e houve mal-entendidos”, disse Levy, em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo nesta terça-feira (2), ao ser indagado sobre o “discurso da abertura da caixa-preta”.
Sobre o tema pelo qual teria sido fritado por não ter tomado as devidas providências, o ex-presidente do BNDES diz que o que há é apenas uma “distorção” pelo fato de, muitas vezes, empreiteiras serem donas de obras inteiras.
“Por exemplo, num projeto de US$ 2 bilhões, US$ 1,3 bilhão era destinado para pagar despesas no País da obra, ou para comprar equipamento, por exemplo, uma turbina ou um guindaste. Eram esses equipamentos o motivo original de o BNDES financiar a exportação. Mas o grosso do equipamento não saía do Brasil. Na verdade, nesse exemplo, apenas uns US$ 150 milhões iam para pagar produtos brasileiros. Aí, eram financiados US$ 550 milhões, US$ 600 milhões em serviços de engenharia”, disse, afirmando que esse modelo gerava uma “fragilidade grande”.
“Uma fragilidade grande, porque não se conseguia medir uma fração muito grande do empréstimo. É o que chamei na CPI de uma questão aritmética”.
“Governo tem de dizer o que quer”
Segundo Levy, Bolsonaro e Guedes implantaram uma confusão na gestão econômica com o objetivo de privatizar tudo o que for possível e falta direcionamento na política do BNDES.
“O governo tem de explicitar o que quer do BNDES. Por que é fácil vender IRB, debêntures da Vale, privatizar a Codesa (Companhia de Docas do Espírito Santo)? Porque tem um marco legal muito claro. Tem a legislação do PND (Programa Nacional de Desestatização). Agora, vamos vender as ações da Petrobrás? Então preciso saber o que fazer com o dinheiro. O governo tem de dizer o que ele quer”, afirmou.

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