Frota aponta traições de Bolsonaro
O deputado federal Alexandre Frota (PSDB-SP) criticou, em entrevista ao Pânico, nesta segunda-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro. Apoiador do capitão reformado desde o começo da campanha presidência, Frota disse que ele “se transformou” após assumir o cargo.
“O Jair se transformou a partir do momento que sentou naquela cadeira”, disse o parlamentar. “Aqueles que estavam ao lado dele blindaram o Bolsonaro”, continuou.
Frota usou Magno Malta como exemplo. O ex-senador foi um dos principais apoiadores de Bolsonaro e chegou a ser convidado para a vice-presidência, mas acabou sendo limado da base do presidente. “Nós estávamos na casa do Jair às 23h do dia que ele ganhou as eleições. Às 7h [do dia seguinte], o Magno Malta era persona non grata”, disse. “Ele deixou de fazer a campanha para o Senado para apoiar o Jair Bolsonaro.”
Olavo de Carvalho e Eduardo Bolsonaro
O parlamentar também atacou Olavo de Carvalho e disse que o escritor exerce uma grande influência no governo. “Se eu soubesse que votar no Jair Bolsonaro estaria colocando o Olavo de Carvalho no Planalto, eu não votaria”, cravou, responsabilizando o filósofo por demissões de ministros e pela “humilhação do Exército”.
Ainda falando sobre o presidente, Frota criticou uma das falas de Bolsonaro ao defender a indicação de seu filho Eduardo para a embaixada do Brasil em Washington. Na ocasião, Jair disse que, se possível, sempre daria filé mignon aos filhos dele. “O Bolsonaro fala que vai dar filé mignon pro filho dele, a gente critica e é expulso do partido”, desabafou, lembrando que o ex-presidente Lula foi criticado pela mesma coisa.
Para ele, Eduardo Bolsonaro não é a melhor escolha para a embaixada. “Existem profissionais, diplomatas e pessoas de carreira que estão lá há mais tempo”, disse. “O Bolsonaro decide da noite pro dia que vai colocar o filho de embaixador, eu não posso aceitar isso”, criticou.
Expulsão do PSL e reforma da Prvidência
Fora do partido do presidente, Alexandre Frota afirmou que o processo de expulsão era “inevitável” por causa de suas críticas a Bolsonaro. “Infelizmente não pode criticar. Falar a verdade incomoda demais”, disse.
Um dos motivos alegados para a expulsão de Frota foi seu voto no segundo turno da votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O parlamentar se absteve do voto.
“A abstenção na Previdência foi um recado”, explicou. Alexandre Frota afirmou, no entanto, que só fez isso porque tinha certeza de que a proposta seria aprovada. “Eu fui coordenador da Previdência, votei com o governo no primeiro turno. No segundo turno, de 10h30 às 15h, fiquei reunido com o Rodrigo Maia [presidente da Câmara] e outros líderes montando um mapa. Nós já sabíamos que iríamos ganhar”, disse. “Meu voto foi de protesto, mas foi seguro.”
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