segunda-feira, 21 de outubro de 2019

CULTURA Sebastião Salgado recebe Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães


Sebastião Salgado recebe Prêmio da Paz dos Livreiros Alemães

Lélia Wanick e Sebastião Salgado
LÉLIA WANICK E SEBASTIÃO SALGADO

O cineasta Wim Wenders pronunciou o discurso em homenagem ao brasileiro, primeiro fotógrafo a ganhar o prêmio

O fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado recebeu neste domingo 20 o Prêmio da Paz concedido pela Federação do Comércio Livreiro Alemão. A recompensa é uma das mais importantes do setor cultural na Alemanha. Ela é entregue todos os anos, desde 1950, no último dia da Feira do Livro de Frankfurt.
A cerimônia de entrega do prêmio aconteceu na imponente igreja de São Paulo, no centro de Frankfurt, decorada com duas fotografias imensas do fotógrafo brasileiro. A cerimônia contou com a presença de 700 pessoas e foi transmitida ao vivo pela TV alemã.
Sebastião Salgado é o primeiro fotógrafo a receber a recompensa, de um valor de € 25 mil, que já agraciou personalidades como Vaclav Havel, Jürgen Habermas, Susan Sontag e Margaret Atwood. Ele foi premiado por seu trabalho que promove a justiça e a paz social, além de alertar para a necessidade de preservação da natureza.

O cineasta Wim Wenders pronunciou o discurso em homenagem ao fotógrafo brasileiro. Wenders, que é alemão, conhece bem a obra de Salgado. Ele realizou o documentário O Sal da Terra sobre o trabalho do brasileiro, em 2014, que foi nomeado ao Oscar.
Em sua fala, Wenders ressaltou três projetos importantes de Salgado: TrabalhadoresÊxodos e Genesis. Segundo o cineasta alemão, “estes três trabalhos monumentais mostram as condições essenciais para a paz. Não é possível ter paz sem justiça social, trabalho, dignidade humana e respeito às belezas naturais da Terra”.

Homenagem a Lélia Wanick Salgado

Sebastião Salgado agradeceu e disse que se sente honrado em receber o prêmio. Ele fez em Frankfurt um resumo de sua vida, engajamento e 50 anos de carreira. O brasileiro se emocionou durante seu discurso e chegou a interromper a fala para enxugar suas lágrimas.
Ele disse que “passou grande parte de sua vida testemunhando o sofrimento do nosso planeta e de seus habitantes que vivem em condições cruéis e desumanas”. “A missão de iluminar a injustiça guiou meu trabalho como fotógrafo social”.
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No final, ele denunciou enfaticamente “a política destrutiva do novo governo brasileiro” em curso na Amazônia. Ele pede que os homens encontrem uma nova forma de coabitação e acredita “que o futuro da humanidade está nas nossas próprias mãos”. “As minhas fotografias mostram o presente e por mais que ele seja doloroso, nós não temos o direito de desviar nosso olhar”.
Salgado dividiu e dedicou o prêmio às populações exiladas e ameaçadas que fotografa, mas principalmente a sua mulher Lélia Wanick Salgado, companheira de toda sua vida, colaboradora de todos os seus projetos.

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