quinta-feira, 15 de abril de 2021

Deu na imprensa

 

Fundação Perseu Abramo - Deu na Imprensa
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A pressão sobre Bolsonaro continua nas manchetes dos jornais. Dois fatos relevantes dividem-se destaques dos principais diários brasileiros: 1) a confirmação da CPI da Covid pelo STF, que coloca o presidente na linha das investigações sobre a condução da pandemia; e 2) a encruzilhada do ex-capitão do Exército, que terá de escolher se acata as sugestões de Paulo Guedes sobre os cortes no orçamento – e compra uma guerra política – ou alimenta a fome de poder e verbas do Centrão, liderado por Arthur Lira.

FolhaO Globo e El País vão de política. O primeiro destaca na manchete principal que o Supremo confirma CPI da Covid e deixa Senado sob pressão. O jornal carioca repete a informação sobre a confirmação do STF, como acrescenta que  a maioria quer iniciar os trabalhos já. Já o El País Brasil informa que Bolsonaro terá minoria em CPI da Covid-19 e já avalia ceder mais cargos no Governo. Todos os jornais informam que o MDB é favorito para ficar com relatoria de comissão, provavelmente nas mãos de Renan Calheiros. A Presidência de CPI pode ir para Randolfe Rodrigues (Rede-AP). Painel destaca que Lula pediu 'postura guerreira' de petistas na CPI da Covid.

Estadão fala dos caminhos do presidente: Orçamento força Bolsonaro a optar por Congresso ou Guedes. Na FolhaBruno Boghossian antevê a derrota do ministro da Economia. "Na disputa pelo Orçamento, Guedes perdeu a chave do cofre", escreve o colunista. Já Valor vai de economia ao dar em manchete que Estados alocam R$ 1,7 bilhão para ajudar empresas.  

O outro tema relevante presente em todos os jornais é abertura de processo contra o General Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que se torna o primeiro general de Bolsonaro processado pelo MPF. Ele responderá a ação de improbidade em Manaus. Na FolhaVinícius Torres Freire alerta que o governo está fazendo jogo de cena com a Pfizer e que vai faltar ainda mais vacina para o país.

Enquanto isso, o presidente faz o de sempre: distribui patadas contra os adversários. Sua reação ontem mostra o sinal claro de desespero. A apoiadores na frente do Alvorada, Bolsonaro disse que espera um 'sinal' da população e deixou uma ameaça no ar. Disse que o país está 'no limite' e ele está disposto a tomar providências. Ele declarou que o Supremo Tribunal Federal (STF) determinou a instalação da comissão com objetivo de atingi-lo. E disse que o "Brasil está no limite", sugerindo que estaria disposto a "tomar uma providência", bastando "o povo dar uma sinalização".

A decisão do STF confirmando a abertura da CPI para investigar a condução do governo Bolsonaro com a pandemia é destaque no New York Times e no Washington Post. Despacho da Associated Press é reproduzido nos dois influentes diários estadunidenses apontando que a Suprema Corte deu luz verde para a investigação da resposta de Bolsonaro ao vírus. A AP ainda relata que o plenário do Supremo Tribunal também "começou a pesar o futuro político do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, um rival poderoso em potencial para Bolsonaro".

Ainda sobre o ex-presidente, a edição brasileira do jornal El País traz entrevista da ex-presidenta Dilma Rousseff apontando que o julgamento de Lula põe em jogo a democracia. Ela afirma que uma série de manobras judiciais acabou mudando a história do país e que hoje "há uma certa inconformidade e temor dos mesmos que prenderam o Lula de que ele possa ser candidato à Presidência". "Em 2018, o Lula foi tirado da eleição porque ele ganharia de Bolsonaro. Elegemos uma pessoa completamente despreparada para o exercício da presidência. Veja como é grave interferir no processo democrático", adverte.

Sobre Dilma, todos os jornais informam que o Tribunal de Contas da União absolveu ontem a ex-presidenta no caso da refinaria de Pasadena. Para relator, ministro Vital Rego, os membros do Conselho de Administração da Petrobrás não agiram 'com dolo nem má-fé' em operação alvo da Lava Jato. José Gabrielli, ex-presidente da Petrobras foi responsabilizado. Dilma era ministra de Minas e Energia e presidente do Conselho de Administração da estatal quando exercia a chefia da Casa Civil de Lula.

Na política, a decisão do STF sobre as condenações de Lula e suspeição de Sérgio Moro é o assunto quente de hoje. O STF retoma o julgamento depois de passar a fase preliminar, com os ministros discutindo na tarde de ontem se deveriam o recurso que trata do futuro político do ex-presidente deveria ser examinado pelo plenário ou na 2ª Turma da Corte. Coube ao ministro Ricardo Lewandowski fazer a defesa mais enfática de que o caso deveria ser analisado pela turma. 

Para Lewandowski, a decisão só foi afetada ao plenário porque envolve o petista. "Por que justamente no caso do ex-presidente? Será que o processo tem nome e não capa? A última vez em que se fez, isso custou ao ex-presidente 580 dias de prisão, e causou a impossibilidade de se candidatar a presidente da República", disse sobre o julgamento do habeas corpus que levou Lula à cadeia em 2018. O assunto é tema de alguns dos principais colunistas da imprensa. 

O site Poder 360 destaca em manchete que Lula ampliou vantagem sobre Bolsonaro no 2º turno e venceria a eleição presidencial hoje por 52% contra 34%. O líder petista tem 18 pontos de vantagem sobre o ex-capitão do Exército. Bolsonaro não só está em declínio como assiste ao aumento da sua rejeição entre eleitores. A pesquisa PoderData mostra que Bolsonaro não derrotaria ninguém. Tanto Lula quanto Luciano Huck o derrotariam. Moro, Ciro Gomes e João Doria ficariam empatados. Números do 1º turno variam pouco. 

O inglês Financial Times alerta como a Polícia Militar está atuando nos debates sobre as restrições da Covid no Brasil"A morte do soldado tornou-se um grito de guerra anti-lockdown para partidários radicais de Jair Bolsonaro", informa o diário. "Há temores de que o descontentamento entre os oficiais possa ser manipulado para ganho político por seguidores do Bolsonaro, cuja negação da gravidade da crise da saúde dividiu a sociedade brasileira e ganhou o opróbrio internacional". 

O português Diário de Notícias destaca as novas insinuações de uso da força por parte do presidente. "Bolsonaro diz que confinamentos transformaram o Brasil num 'barril de pólvora'" informa o jornal. "'O Brasil está no limite, avisou o presidente brasileiro sobre as medidas de controle da pandemia", noticia o periódico, a partir de despacho da agência de notícias Lusa

Já o Libération dá manchete de primeira página e mais quatro páginas sobre a "tragédia brasileira da Covid". O jornal diz que o país vive "um colapso da saúde sem precedentes", equivalente a um 11 de setembro diariamente e a 25 acidentes aéreos por dia. "A terrível escalada de mortes de Covid-19 no Brasil se presta às mais horríveis comparações", aponta o jornal. 

O diário francês, um dos mais influentes na Europa, destaca a cidade de Araraquara, onde o confinamento foi feito para evitar o caos. "Segunda-feira, 6 de abril: Enquanto o número de mortes da Covid-19 batia um novo recorde no Brasil - 4.195 mortes em 24 horas - Araraquara saboreou a vitória sobre o vírus. Pela primeira vez". Libé ainda traz uma entrevista com o cientista e médico brasileiro Miguel Nicolélis, que alerta: "A pandemia não será controlada no mundo se não for no Brasil". Ele tem sido uma das vozes mais fortes no país. Por fim, o jornal aponta porque a variante brasileira não está progredindo na França. 

Nos portais, a BBC Brasil destaca em manchete a declaração da vice-presidente do Parlamento Europeu para o Brasil, a alemã Anna Cavazzini: "Bolsonaro é o grande responsável por desastre da Covid". Eurodeputada pelo Partido Verde, ela participa nesta quinta-feira de reunião tendo como pano de fundo a abertura da CPI para investigar a crise do coronavírus no país e os recordes de mortes. Ela descreve o que o Brasil vive como "um verdadeiro desastre".


MERCADANTE

No Vi o Mundo, Aloizio Mercadante, presidente da Fundação Perseu Abramo, concede entrevista e diz que Lula, assim como Joe Biden, terá de romper com o neoliberalismo se for eleito presidente da República em 2022. Luiz Carlos Azenha diz que o ex-ministro é a antítese de Paulo Guedes. "O otimismo dele tem a ver com a rápida recuperação da economia chinesa pós-pandemia e com o fato de que, depois que Joe Biden assumiu o poder nos Estados Unidos e deu um cavalo de pau no comportamento da Casa Branca em relação à Covid, já há sinais de forte recuperação da economia a médio prazo, que começou pela redução do desemprego. Infelizmente, o Brasil não faz parte deste trem. Ainda", escreve. 


NA GRINGA

Reuters reporta que o comissário da UE criticou a promessa climática do Brasil por não ir longe o suficiente. A principal autoridade ambiental da União Europeia disse ao Brasil na quarta-feira que a promessa climática atualizada do país sul-americano "envia um sinal ruim" ao se comprometer apenas a atingir as emissões líquidas de carbono zero até 2060.

O jornal Financial Times repercute o esforço do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, em busca de US$ 1 bilhão adiantados para a preservação da Amazônia. Ele diz que governo de Bolsonaro fez o suficiente para merecer o financiamento"O pedido assustou diplomatas estrangeiros, que afirmam que o Brasil deve mostrar resultados na redução dos níveis crescentes de desmatamento antes de receber qualquer apoio financeiro", diz o jornal. "A mensagem foi transmitida ao governo brasileiro em uma reunião entre vários embaixadores ocidentais e Carlos França, o novo ministro das Relações Exteriores do Brasil".

Sobre a crise sanitária, em outro despacho, a Reuters informa que o Brasil passou a investigar relatos de troca de vacinas por ouro ilegal no Norte do país. O Ministério Público Federal de Roraima está apurando denúncias de que ouro extraído ilegalmente está sendo trocado por vacinas Covid-19 na reserva indígena Yanomami.

Sobre a crise sanitária, um relato da Reuters destaca que um estudo indica que a mutação da variante do coronavírus P1 do Brasil pode se tornar mais perigosa. A descoberta mostra que a variante do vírus está sofrendo mutações que podem torná-lo mais capaz de escapar de anticorpos, de acordo com cientistas. 

A mídia internacional repercute os novos números da pandemia no Brasil, que registrou 3.459 mortes por Covid na quarta-feira. Foram registrados 73.513 casos adicionais, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde. A situação brasileira é preocupante e a Reuters reporta que há uma onda de fome no país. Caixas de comida chegaram ontem às favelas brasileiras. Isso apesar de o Brasil ser um dos produtores agrícolas mais importantes do mundo. Ainda assim, milhões de pessoas no maior país da América Latina estão lutando para colocar comida na mesa enquanto o surto de Covid-19 está causando estragos na economia.

Outra reportagem da Reuters informa sobre o iminente colapso do sistema de saúde, à medida que casos de Covid-19 aumentam em São Paulo. "O estado mais rico e populoso do Brasil, São Paulo, alertou que sua capacidade de cuidar de pacientes gravemente enfermos com Covid está à beira do colapso", noticia. "O consumo de medicamentos essenciais está perigosamente baixo, de acordo com uma carta ao governo federal".

INTERNACIONAL

No cenário internacional, muitas notícias ganham as manchetes dos principais jornais do mundo. O americano The New York Times destaca na capa a declaração do presidente Joe Biden de que "é hora de acabar com a guerra para sempre" ao anunciar a retirada de tropas americanas do Afeganistão. Também ganha chamada na primeira página do Wall Street Journal, Financial TimesThe Guardian e The Times e Frankfurter Allgemeine Zeitung.

O presidente dos EUA disse que o principal objetivo de garantir que o Afeganistão não seja uma plataforma de lançamento para o terrorismo foi alcançado e que é hora de as tropas americanas voltarem para casa. O jornal The Washington Post também deu destaque ao anúncio de Biden de que ciclo 'não pode continuar' no Afeganistão.

O inglês The Times aposta que a retirada das tropas americanas representará o retorno do Afeganistão à barbárie. "É quase certo", opina o tradicional jornal britânico. "Sucessivos presidentes dos EUA enfrentaram a tarefa de encerrar a guerra dos Estados Unidos no Afeganistão sem repetir as cenas humilhantes que marcaram sua capitulação final no Vietnã", destaca. "Ao contrário de Saigon 1975, não haverá voos desesperados de helicóptero do telhado da embaixada quando as últimas tropas dos EUA retirarem em 11 de setembro". O jornal ainda reporta que o Taleban reivindica vitória sobre os Estados Unidos e se prepara para atacar as forças da Otan no Afeganistão, argumentando que o presidente Biden renegou um acordo para retirar as forças dos EUA no início de maio. 

Outra notícia que repercute em todo o mundo é a morte do megainvestidor Bernie Madoff, aos 82 anos, na prisão. Wall Street Journal relata que o "investidor desgraçado executou o maior esquema de fraudes da história". O ex-presidente da Bolsa de Valores Nasdaq e presença permanente em Wall Street por décadas chocou o mundo em dezembro de 2008, quando confessou que seu negócio de investimento era um esquema de pirâmide multibilionário.

Financial Times e Wall Street Journal destacam em manchete principal a estreia da Coinbase na bolsa, movimentando US$ 76 bilhões na primeira grande bolsa de criptomoedas a ser listada no mercado de ações. O jornal afirma que essa avaliação é superior à da empresa que administra a Bolsa de Valores de Nova York, dando "validação mainstream" a ativos digitais como o Bitcoin, que são negociados via Coinbase.

Na Europa, Le Monde fala da BidenmaniaOs economistas e políticos franceses aderem à defesa de um novo plano de recuperação mais ambicioso. E destacam o exemplo americano"Em poucas semanas, Joe Biden, tornou-se uma espécie de ícone para parte da classe política francesa, assim como para muitos economistas, inesgotável na necessidade de seguir o exemplo americano aumentando impostos, e mobilizando muito, muito mais dinheiro para impulsionar a economia. Ideias, em suma, em linha com a tradição colbertista francesa", diz o jornal.

 

AS MANCHETES DO DIA

Folha: Supremo confirma CPI da Covid e deixa Senado sob pressão

Estadão: Orçamento força Bolsonaro a optar por Congresso ou Guedes

O Globo: STF confirma CPI, e maioria quer iniciar os trabalhos já

Valor: Estados alocam R$ 1,7 bilhão para ajudar empresas

El País (Brasil): Bolsonaro terá minoria em CPI da Covid-19 e já avalia ceder mais cargos no Governo

BBC Brasil: Bolsonaro é 'grande responsável' por 'desastre' de covid, diz vice-presidente de delegação do Parlamento Europeu para o Brasil

UOL: SP: com pouco kit intubação, hospitais privados mudam protocolos nas UTIs

G1:  STF decide que cabe ao plenário analisar anulação das condenações de Lula

R7: Auxílio emergencial é pago nesta quinta-feira para 2,49 milhões de beneficiários nascidos em maio

Luís Nassif: As discussões sobre o pacote Biden e o pensamento econômico

Tijolaço: A autochicana de Fachin é um problema moral e psiquiátrico

Brasil 247: Lula pede que petistas sejam guerreiros na CPI do genocídio

DCM: A autochicana de Fachin é um problema moral e psiquiátrico

Rede Brasil Atual: STF mantém decisão de Fachin de enviar caso de Lula ao plenário

Brasil de Fato: STF decide que plenário julga nesta quinta anulação de sentenças de Moro contra Lula

Ópera Mundi: André Singer afirma que 'autoritarismo furtivo' leva democracia ao colapso

Vi o Mundo: Mercadante espera passar do Lula Livre ao Lula Lá e diz que, como Biden, ex-presidente tem de romper com o neoliberalismo

Fórum: Disparou: Pesquisa mostra Lula com 52% e Bolsonaro 34% em um eventual 2º turno

Poder 360: Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro no 2º turno e venceria por 52% a 34%

New York Times: "É hora de acabar com a guerra para sempre"

Washington Post: Biden: Ciclo 'não pode continuar' no Afeganistão

WSJ: Valor da Coinbase é de US$ 85 bilhões na estreia das ações na montanha-russa

Financial Times: A estreia de US$ 76 bilhões da Coinbase selou a classe de ativos de criptomoedas

The Guardian: Cão de guarda alerta que a exigência de passaportes secretos pode ser ilegal

The Times: Turistas esperam seis horas no aeroporto

Le Monde: Relançamento: O efeito Biden nos debates na França

Libération: Covid. A tragédia brasileira

El País: UE confia à vacina de Pfizer sua estratégia de imunização

El Mundo: A Polícia audita seus 'erros' no comício Vox em Vallecas e repensa seus planos de segurança

Clarín: Suspensas as aulas presenciais na AMBA e fica proibido circular das 20h às 6h

Página 12: Governo dará ajuda de 15 mil pesos para os setores mais vulneráveis

Granma: As primeiras delegações do 8º chegam a Havana. Congresso do Partido

Diário de Notícias: Autarcas e bombeiros exigem ação ao governo para manter o SIRESP

Público: Governo reabre todas as escolas, mas admite trava nos conselhos de maior risco

Frankfurter Allgemeine Zeitung: Biden quer acabar com a "guerra mais longa da América" no Afeganistão

Süddeutsche Zeitung: Cobertura do aluguel. Um experimento fracassado, não o fim da discussão

The Moscow Times: Menos de 10% das pessoas vacinadas em Moscou, centro da campanha de vacinação da Rússia

Global Times: Porque o relatório conjunto OMS-China incluiu hipóteses sobre a cadeia de frio e os jogos militares mundiais

Diário do Povo: Xi recebe credenciais de 29 embaixadores

LEITURA RECOMENDADA

Julgamento de Lula põe em jogo a democracia, diz Dilma Rousseff

Ex-presidenta afirma que uma série de manobras judiciais acabou mudando a história do país e que hoje "há uma certa inconformidade e temor dos mesmos que prenderam o Lula de que ele possa ser candidato à Presidência"

Regiane Oliveira | El País

De sua casa em Porto Alegre, de onde não sai desde o início da pandemia, a ex-presidenta Dilma Rousseff também acompanha os julgamentos no Supremo Tribunal Federal (STF) na tarde desta quarta-feira. Para a ex-presidenta, há uma série de manobras judiciais que acabou mudando a história recente do país. "Em 2018, o Lula foi tirado da eleição porque ele ganharia de Bolsonaro. Elegemos uma pessoa completamente despreparada para o exercício da presidência. Veja como é grave interferir no processo democrático", afirma a ex-presidente, que acha curioso que tanto um caso que afeta o futuro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quanto o futuro de Jair Bolsonaro, a depender do resultado da CPI no Senado, sejam julgados no mesmo dia.

A ex-presidenta lembra que ela também foi vítima de algumas dessas manobras jurídicas, inclusive com a conivência do Supremo. A primeira delas em 2016, quando o juiz Sergio Moro, mesmo sabendo que a presidenta havia sido gravada em um grampo da Polícia Federal contra o ex-presidente Lula, decidiu derrubar o sigilo e divulgar a conversa. "Ali o Supremo podia ter dado um basta no Sergio Moro. Eu fui gravada como presidenta da República sem autorização do Supremo", afirma. Na época, Moro pediu "respeitosas escusas" à Corte, porém não houve punição pela gravação e divulgação da presidenta em exercício. "O Supremo foi gentil com Moro. Faz isso em qualquer outro país para ver as consequências?"

Outro episódio onde o Supremo teve papel determinante foi no próprio impeachment de Dilma. A presidenta lembrou em que dezembro de 2015, Rodrigo Janot, então procurador-geral da República encaminhou um pedido ao STF para que afastasse Eduardo Cunha da presidência da Câmara dos Deputados. "Acho que houve uma falha grave aí, porque ele pediu o afastamento de Cunha ao perceber que ele usava a condição de presidente da Câmara para obter vantagens", afirma. "O interessante é que só depois que ele [Cunha] cumpre a função de criar as condições para me tirar do cargo, ele foi afastado", diz Rousseff.

A ex-presidente acredita que o STF está em um momento de se redimir de seus erros recentes. Para ela, tanto o anulamento dos processos de Lula ― que, por uma questão de territorialidade, nunca deveriam ter sido em Curitiba―, quanto a determinação da suspeição de Moro no caso do triplex do Guarujá, determinado pela maioria dos ministros da Segunda Turma conseguiram restabelecer a ordenamento jurídico. "Eu estava achando que a justiça ia falhar, por isso fiquei contente dela só ter tardado. "Tenho expectativa de que os juízes façam justiça a Lula".

O que está em jogo no Supremo

Na pauta do plenário da Corte desta quarta-feira está os recursos tanto da Procuradoria-Geral da República quando da defesa de Lula, que vão determinar se os processos do ex-presidente na Lava Jato voltam à estaca zero, isto é, à fase inicial de investigação, ou se serão mantidas as decisões do ex-juiz. Na prática, isso vai definir o futuro de Lula como candidato à presidência em 2022. "Há uma certa inconformidade e temor dos mesmos que prenderam o Lula por 580 dias —indevidamente, fato hoje reconhecido pelos ministros do Supremo—, de que ele possa ser candidato à Presidência da República", afirma Rousseff.

Os recursos foram encaminhados ao plenário do STF pelo ministro Edson Fachin, o mesmo que determinou que Curitiba era incompetente para julgar o ex-presidente. "Estão tentando reabrir os casos da incompetência e suspeição [de Moro], levando para o plenário, na suposição de que pode ser alterada as decisões anteriores", afirma a ex-presidenta. Na teoria, a declaração de parcialidade do juiz Moro no chamado caso do triplex do Guarujá, que já foi julgada pela Segunda Turma, não deveria ser matéria do plenário da Corte. Porém, a expectativa é que a Corte volte ao tema para definir se a declaração de parcialidade também anula por completo os processos do sítio de Atibaia, Instituto Lula e apartamento de São Bernardo.

Rousseff afirma que há forças internas e externas ao Supremo pressionando os ministros para tentar impedir a candidatura de Lula. "Todo mundo ficou estarrecido com uma fala do ministro Fachin à Veja na qual ele diz que não seria inusual, ou seja, não seria surpreendente, que o Plenário revogasse o que disse a Turma", afirma a ex-presidenta. "É estranho que um ministro que votou a favor de algo defenda que sua decisão possa ser anulada".

Um artigo publicado pelo general reformado Sergio Etchegoyen, ministro do Gabinete de Segurança Institucional sob o Governo Temer, também deixou Rousseff perplexa. O militar criticou a "canetada monocrática" de Fachin. "Mais uma vez o STF sacode o Brasil com decisões que aprofundam a insegurança jurídica, criam vácuos legais que nenhum daqueles magistrados vai resolver, desestabilizam o universo político e obrigam o país a retroceder muitos passos no penoso esforço pela moralidade", escreveu o militar na página Clube Militar. Segundo Rousseff, "forças militares querem novamente interferir numa decisão que, sobre todos os aspectos constitucionais, é própria e exclusiva do Supremo".

https://brasil.elpais.com/brasil/2021-04-14/julgamento-de-lula-poe-em-jogo-a-democracia-diz-dilma-rousseff.html

 

 

Lula amplia vantagem sobre Bolsonaro no 2º turno e venceria por 52% a 34%


Presidente não derrotaria ninguém. Lula e Huck ganhariam de Bolsonaro. Moro, Ciro e Doria ficariam empatados/ Números do 1º turno variam pouco

Pesquisa PoderData, realizada em todo o Brasil com 3.500 entrevistas nesta semana (12-14.abr.2021), indica que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teria 18 pontos de vantagem sobre Jair Bolsonaro (sem partido) num eventual 2º turno na disputa pelo Palácio do Planalto. O petista teria 52% contra 34% do atual presidente.

A eleição presidencial está marcada para 2 de outubro de 2022. Os cenários testados agora devem ser tomados com uma radiografia do momento, em que o país enfrenta o pior impacto da pandemia de coronavírus, muitos Estados mantêm negócios fechados e há incerteza sobre a recuperação da economia.

Nesse contexto, a pesquisa PoderData captou uma piora das intenções de voto para Bolsonaro na comparação com 1 mês antes, quando apenas Lula e Ciro Gomes (PDT) venceriam o atual num eventual 2º turno. Agora, ele já não ganha de ninguém com segurança.

Mas é muito importante registrar que numa conjuntura adversa –com a CPI da Covid quase entrando em funcionamento–, Bolsonaro segue com o apoio fiel de 1/3 do eleitorado. É um sinal de que as vicissitudes não provocaram uma erosão no bolsonarismo de raiz.

Segundo o PoderData, Bolsonaro perderia hoje num confronto direto para Lula (52% X 34%) e para o empresário e apresentador da TV Globo Luciano Huck (48% X 35%).

Contra outros 3 possíveis candidatos testados, Bolsonaro ficaria apenas em situação de empate técnico (a margem de erro da pesquisa é de 1,8 ponto percentual, para mais ou para menos): Bolsonaro 38% X 37% João Doria (PSDB); Bolsonaro 38% X 37% Sergio Moro (sem partido); Bolsonaro 38% X 38% Ciro Gomes.

Chama a atenção a melhora do tucano João Doria, justamente no período em que o governador de São Paulo reduziu os atritos públicos com seu partido (o PSDB) e também quando o Instituto Butantan conseguiu acelerar a vacinação contra a covid-19. O eleitorado reagiu e Doria agora subiu de 31% para 37% em duas semanas numa simulação de 2º turno contra Bolsonaro, segundo o PoderData.

Também foi registrada uma melhora do ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro (de 31% para 37%) na simulação de 2º turno. E uma expressiva pontuação de Luciano Huck, que em duas semanas saiu de 40% para 48%. Huck e Moro, além de Doria, são sempre citados como possíveis nomes para satisfazer uma corrente que se autodenomina "de centro" e que gostaria de ter um candidato em 2022 fora da polarização Bolsonaro-Lula.

Além de Bolsonaro, quem coletou um resultado negativo nesta rodada do PoderData foi o pedetista Ciro Gomes. Ele variou negativamente dentro da margem de erro na simulação de 2º turno (de 39% para 38%), mas viu Bolsonaro nesse cenário encostar, saindo de 34% para 38%. Há duas semanas, Ciro venceria. Agora, fica empatado com o atual presidente –talvez um sinal de que seu nome não agrade ao eleitorado situado do centro para a direita do espectro político.

A pesquisa foi realizada pelo PoderData, a divisão de estudos estatísticos do Poder360. A divulgação do levantamento é feita em parceria editorial com o Grupo Bandeirantes.

Foram 3.500 entrevistas em 512 municípios, nas 27 unidades da Federação. A margem de erro é de 1,8 ponto percentual. Saiba mais sobre a metodologia lendo este texto.

Para chegar a 3.500 entrevistas que preencham proporcionalmente (conforme aparecem na sociedade) os grupos por sexo, idade, renda, escolaridade e localização geográfica, o PoderData faz dezenas de milhares de telefonemas. Muitas vezes, mais de 100 mil ligações até que sejam encontrados os entrevistados que representem de forma fiel o conjunto da população.

1º TURNO ESTÁVEL NO TOPO

O cenário de 1º turno testado pelo PoderData (só foi testada uma hipótese) apresentou estabilidade no topo da tabela. Bolsonaro tinha 30% duas semanas antes e agora está com 31%, uma variação estritamente dentro da margem de erro de 1,8 ponto percentual. Lula tinha 34% e ficou com o mesmo percentual agora.

Houve algumas variações, entretanto, na parte de baixo da cartela de candidatos, sempre de no máximo 3 pontos percentuais –tudo próximo ou dentro da margem de erro.

2º TURNO: HUCK, DORIA, MORO E CIRO

O presidente da República seria derrotado por Luciano Huck no 2º turno. Empataria com João Doria, Sergio Moro e Ciro Gomes.

ESTRATIFICAÇÃO

O levantamento do PoderData mostra ainda a estratificação das intenções de voto no 2º turno nas seguintes disputas:

  • Bolsonaro X Lula:

Bolsonaro é tem mais intenções de voto entre: os que ganham mais de 10 salários mínimos (61%) e dos homens (47%). Lula supera o presidente em todos os outros, com destaque para os jovens (69%) e as mulheres (61%).

  • Bolsonaro X Luciano Huck:

Bolsonaro tem mais intenções de voto entre: homens (45%), pessoas de 25 a 44 anos (40%); moradores da região Sul (42%); os que têm só o ensino fundamental (39%); e os que ganham mais de 10 salários mínimos (71%);

Huck tem mais intenções de voto entre: mulheres (53%); pessoas de 16 a 24 anos (72%); moradores da região Norte e Nordeste, 50% em cada uma; os que têm só o ensino fundamental (49%); e os que recebem de 5 a 10 salários mínimos (50%).

  • Bolsonaro X Ciro Gomes

Bolsonaro tem mais intenções de voto entre: homens (39%), pessoas de 16 a 24 anos (49%); moradores da região Sul (45%); os que têm ensino superior (54%); e os que ganham de 2 a 5 salários mínimos (43%);

Ciro tem mais intenções de voto entre: homens (44%); pessoas de 25 a 44 anos (46%); moradores da região Norte (55%); os que têm só o ensino fundamental (40%); e os que recebem mais de 10 salários mínimos (65%).

https://www.poder360.com.br/poderdata/lula-amplia-vantagem-sobre-bolsonaro-no-2o-turno-e-venceria-por-52-a-34/

 

 

Polícia militar do Brasil é pega em debate sobre as restrições da Covid 

A morte do soldado tornou-se um grito de guerra anti-lockdown para partidários radicais de Jair Bolsonaro

Michael Pooler | Financial Times

Antes de ser morto a tiros por companheiros da Polícia Militar no Brasil, Wesley Góes, de 38 anos, disparou seu rifle para o alto e gritou: "Não vou permitir que violem a dignidade humana do trabalhador". 

Góes, cujo rosto estava pintado com as cores nacionais de verde e amarelo, teria sofrido um episódio psicótico que o levou ao impasse fatal. Após sua morte, suas palavras o tornaram um mártir entre os apoiadores radicais do presidente Jair Bolsonaro, que se opõe às restrições da Covid-19 impostas pelos governadores estaduais. 

O incidente do mês passado na cidade costeira de Salvador, localizada no estado da Bahia, expôs as crescentes preocupações com a polícia militar, ou PM, uma força de rua fortemente armada frequentemente associada a táticas violentas e tradicionalmente uma base leal para o líder brasileiro.  

"Já vivi muita coisa na Polícia Militar, mas ninguém imaginou isso", disse Soldado Prisco, deputado baiano em Salvador e PM. "É um sentimento de medo, porque quem será o próximo Wesley?" 

Nas fileiras, há inquietação sobre seu papel de linha de frente na aplicação das regras do coronavírus, como o fechamento de empresas consideradas não essenciais, de acordo com os atuais e ex-oficiais em exercício - medidas que geraram inquietação em um país onde a pobreza e a fome estão crescendo. 

O coronel aposentado Wellington Corsino, chefe de uma associação de policiais militares e bombeiros, disse que tais ordens "não eram atividades próprias" da polícia.  

"Com esses decretos abusivos de governadores e prefeitos, a polícia está sendo forçada a trabalhar contra tudo em que acredita - proteger os cidadãos. Isso está criando confusão ", disse ele. 

"Tenho medo que as pessoas entrem em um confronto desobediente, porque existe um forte sentimento de repulsa entre os policiais por ter que enfrentar os trabalhadores... Tenho medo de que aconteça uma revolta. 

"Se o Bolsonaro puder [encorajar] os policiais a se rebelarem contra seus governadores em estados governados por rivais políticos... ele pode tornar esses estados ingovernáveis Ignacio Cano, especialista em segurança pública 

Também há temores de que o descontentamento entre os oficiais possa ser manipulado para ganho político por seguidores do Bolsonaro, cuja negação da gravidade da crise da saúde dividiu a sociedade brasileira e ganhou o opróbrio internacional.  

Após o assassinato, alguns usuários de mídia social, incluindo um proeminente legislador nacional, até sugeriram que membros da força não deveriam cumprir ordens "ilegais". Os PMs são controlados no estado, e não no nível federal, e têm um histórico de greves ilegais. 

"Os apoiadores do Bolsonaro viam a Bahia como um laboratório para aumentar as tensões com os governadores e impor sua narrativa populista de direita que diz que o bloqueio não deve acontecer, que não é legal - embora a Suprema Corte já tenha dito que tais medidas são legais", disse Renato Sérgio de Lima, chefe do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.  

O gabinete do presidente não quis comentar. Embora tenha havido manifestações pacíficas na Bahia, até agora nenhuma paralisação significativa entre PM foi registrada.  

Dias após a morte de Wesley, Bolsonaro retirou abruptamente seu ministro da Defesa e todos os três comandantes das Forças Armadas, depois que o alto escalão militar do Brasil se recusou a ceder à cruzada anti-lockdown defendida pelo presidente, um ex-capitão do Exército com tendências autoritárias. 

A medida gerou especulações de que ele pode recorrer ao primeiro-ministro para aumentar suas chances de permanecer no poder à medida que as pesquisas se aproximam no ano que vem.  

"Se o Bolsonaro puder [encorajar] os policiais a se rebelarem contra seus governadores em estados governados por rivais políticos. . . ele pode tornar esses estados ingovernáveis", diz Ignácio Cano, especialista em segurança pública da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.  

"E se ele não aceitar o resultado das eleições de 2022, que já vinha aludindo, poderia usar a polícia militar para tentar resistir". Por enquanto, porém, o risco de desobediência em massa entre o PM pode ser silenciado por um congelamento de salários do setor público imposto pelo governo federal, de acordo com alguns analistas, o que poderia enfraquecer o senso de lealdade dos oficiais para com Bolsonaro. 

Muitos políticos ligados à Polícia Militar minimizam a ideia de greves e radicalização nos quartéis. Em vez disso, eles se concentram nas questões do dia-a-dia que dificultaram o trabalho durante a epidemia, expuseram os funcionários ao risco de infecção e geraram problemas de saúde mental entre os cerca de 400.000 funcionários ativos. 

"O estado não disponibiliza os equipamentos necessários para o trabalho. Não há máscaras suficientes para turnos de oito horas, nem luvas para revistas pessoais", disse Capitão Alden, deputado estadual baiano e ex-PM. 

"A maioria das tropas não quer deixar de cumprir o seu papel, mas desde que tenham as condições adequadas, os equipamentos e sejam apoiados. Fala-se muito sobre ter cuidado para não espalhar o vírus". 

O coronel Wellington, da associação de militares, rejeitou os avisos de que o PM poderia acabar como peões em uma luta pelo poder, descrevendo-o como "retórica de esquerda para explicar a provável reeleição de Bolsonaro". 

"Se houver uma ruptura na ordem democrática e as forças armadas intervirem, junto com elas vamos trazer de volta a ordem democrática", disse ele. "Estamos lúcidos e temos maturidade política para entender quando alguém quer nos manipular". 

Leandro Prior, um oficial da PM e coordenador do movimento antifascista da polícia, disse que seus camaradas rejeitaram a politização da morte de Wesley. 

No entanto, ele disse que havia uma "revolta tangível" por ter que impedir as pessoas de trabalhar enquanto os pagamentos públicos de emergência da Covid não eram suficientes para sobreviver. 

"Como você lida com esse sentimento de indignação? Até que ponto as tropas obedecerão aos governadores que não dão um prato de comida?" ele adicionou. "Quanto mais esse cenário caótico se arrasta, mais essa possibilidade aumenta". 

Reportagem adicional de Carolina Pulice

https://www.ft.com/content/be9b7248-9796-4039-bf5f-74ea0d21f7bf

 

 

 
 
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