quinta-feira, 15 de abril de 2021

“Mea culpa do quê?”, pergunta Gleisi após jornalista da CNN questionar se não é hora de Lula “apontar erros”

 

“Mea culpa do quê?”, pergunta Gleisi após jornalista da CNN questionar se não é hora de Lula “apontar erros”

"E vamos combinar, né, Monalisa. O presidente cumpriu uma pena que não devia, ilegal e injusta, ficou 580 dias preso", disse a deputada em entrevista logo após a decisão do STF que anulou os processos contra o petista

 
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Logo após o julgamento do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou nesta quinta-feira (15) a decisão do ministro Edson Fachin que anulou todos os processos da Lava Jato contra o ex-presidente Lula, a questão da “autocrítica” do PT voltou à tona, desta vez através de uma pergunta feita pela jornalista Monalisa Perrone, da CNN Brasil, à deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), que é presidenta nacional da legenda.

A cobrança por uma critica interna do PT não vem de hoje. Desde o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff que setores da direita pedem para que o partido reconheça supostos erros de seus governos, como forma de alimentar a própria narrativa dos opositores.

“A senhora acha que é hora do ex-presidente Lula fazer aquele ‘mea culpa’, apontar os erros? A gente teve essa decisão [do STF] mas o entorno da Lava Jato, do que estava muito perto do governo, algumas vezes dentro do governo, não na pessoa do presidente… É hora de fazer esse mea culpa, talvez uma outra carta ao povo brasileiro, algo do tipo?”, questionou a jornalista da CNN.

Gleisi, então, foi enfática e deu uma longa resposta. “Monalisa, mea culpa do que se acaba o judiciário dizendo que aquele juízo não poderia ter julgado Lula? Ele não era responsável por aquilo. A justiça tem que investigar quem são os culpados, se teve os culpados, quais são os crimes cometidos, processar e julgar. Ninguém aqui está querendo esconder corrupção ou ser conivente. O que não pode é uma pessoa que não tem culpa, que é inocente, pagar por isso”, disse.

E continuou: “E vamos combinar, né, Monalisa. O presidente ficou mais de 5 anos sendo massacrado na mídia, cumpriu uma pena que não devia, ilegal e injusta, ficou 580 dias preso, não quis fazer nenhuma mediação na justiça, não aceitou prisão domiciliar, tornozeleira. O presidente Lula pagou por algo que não merecia pagar. Todos nós sofremos muito nesses 5 anos. Era lutar contra a corrente, contra uma hegemonia lavajatista, de acusação, dedo em riste, sem provas, de forma política”.

A presidenta do PT, na mesma resposta, ainda lembrou que, além de ser incompetente para julgar o ex-metalúrgico, o ex-juíz Sergio Moro foi declarado suspeito pela Segunda Turma do STF. “Além de incompetente, um juiz suspeito. Um juiz que teve lado, que articulou dentro do processo pra julgar um homem que ele não podia julgar. O presidente Lula está com a consciência muito tranquila e o STF restabeleceu as coisas”, completou.

Durante a entrevista, Gleisi ainda foi perguntada sobre a tese de que Jair Bolsonaro preferiria enfrentar Lula na eleição de 2022. Segundo a deputada, a candidatura do ex-presidente ainda não está definida dentro do partido.

“Nós não temos problemas com adversários. O que nós temos é projeto para o Brasil. E vamos discutir esse projeto com quem quer que seja. Aliás, nós ainda não temos a definição de que o Lula será o candidato do PT. Ele representa uma esperança e claro que quero muito que ele seja, mas não fizemos essa discussão. A única certeza que eu tenho é que depois dessa decisão do STF nós vamos ter eleições livres em 2022, coisa que não tivemos em 2018, quando o candidato que estava na frente foi impedido por uma decisão judicial que agora estamos vendo que não poderia ter sido tomada”, declarou.

Assista.

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Ivan Longo

Jornalista e repórter especial da Revista Fórum.

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