Investigações aumentam ligações da gestão FHC à corrupção na Petrobras
Em
depoimentos à Polícia Federal, lobista e ex-diretor contam que
começaram a praticar seus crimes há mais tempo que a mídia velha tenta
convencer a opinião pública.
Helena Sthephanowitz, via RBA em 24/11/2014
Quando
Aécio Neves e Fernando Henrique Cardoso se juntam para fazer críticas
ao governo Dilma e à Petrobras, ou é sinal de que ambos estão com sérios
problemas de memória, ou que não estão acompanhando as notinhas que vez
por outra têm saído na imprensa amiga dos tucanos
Na sexta-feira, dia 21/11, o ex-gerente da diretoria de Serviços da Petrobras,Pedro Barusco,
depois de fazer acordo de delação premiada como forma de diminuir seu
possível tempo de prisão, relatou em depoimento à Polícia Federal e ao
Ministério Público Federal, que recebeu cerca de US$100 milhões em
propinas por negócios escusos na Petrobras desde 1996, no governo
Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Barusco se aposentou na Petrobras em
2010 e, a partir daí, foi diretor de Operações da Sete Brasil, empresa
que tem contrato atualmente com a Petrobras.
Fazendo
coro com Barusco, na mesma semana foi a vez de outro diretor, o lobista
Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, dizer à
Polícia Federal que começou a fazer negócios com a Petrobras durante o
governo Fernando Henrique Cardoso. Contou Baiano, que, por volta do ano
de 2000, celebrou contratos milionários com uma empresa espanhola, que
na época o país vivia o apagão da energia e que a estatal buscava
parceiros internacionais na área de produção de energia e gás para
suprir a demanda. Ele disse também que conheceu Nestor Cerveró no
governo Fernando Henrique. Na ocasião, segundo ele, Cerveró era um dos
gerentes da Petrobras.
De acordo com uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo no
ano de 2009, sob gestão de FHC a estatal usou decreto criado por ele
mesmo para não aplicar a Lei de Licitações em parte dos contratos.
Amparada por um decreto presidencial de 1998 e por decisões do STF
(Supremo Tribunal Federal), a Petrobras fechou acordos sem licitação de
cerca de R$47 bilhões (valor não atualizados)
Somente
entre 2001 e 2002, no mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso
(PSDB/SP), a Petrobras contratou cerca de R$25 bilhões sem licitações,
em valores não atualizados.
Em 2009
teve uma CPI da Petrobras como agora. O requerimento foi de Álvaro Dias e
recebeu assinaturas de apoio dos então senadores Demóstenes Torres (que
era do DEM) e Eduardo Azeredo (PSDB/MG). Na época ninguém entendeu o
fato de, após alguns dias de funcionamento, a CPI criada por
parlamentares do PSDB ter sido abandonada sem que nada fosse
investigado. A comissão foi instalada em julho e acabou em novembro.
Sérgio Guerra e Álvaro Dias, também do PSDB, abandonaram a comissão no
fim de outubro.
Somente no mês passado todos conheceram o real motivo da desistência.
O
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação
Lava-Jato após decidir colaborar com o Ministério Público Federal,
afirmou em depoimento que repassou propina no valor de R$10 milhões ao
ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra, para que ajudasse a esvaziar uma
Comissão Parlamentar de Inquérito criada para investigar a Petrobras em
2009. Guerra era senador e integrava aquela CPI. Ele morreu em março
deste ano e foi substituído por Aécio Neves no comando do PSDB.
Segundo
depoimento de Costa, as empresas que prestam serviços à Petrobras
tinham como objetivo nessa época encerrar logo as investigações da CPI,
porque as empreiteiras temiam prejuízos. O PSDB sempre culpou o PT e
Lula pelo fim da CPI. Um dos textos do site do PSDB publicado em março
deste ano, traz o seguinte título: “Governo engavetou CPI da estatal em 2009”. Agora sabemos que o PSDB atribuiu ao PT uma culpa que ele não teve.
Junto a todos esses fatos, o dono da UTC, Ricardo Pessoa, disse em depoimento à Polícia Federal que tinha contato próximo com o arrecadador de campanha do PSDB, o Doutor Freitas,
Sérgio de Silva Freitas, ex-executivo do Itaú que atuou na arrecadação
de campanhas tucanas em 2010 e 2014 e que esteve com o empreiteiro na
sede da UTC.
Ainda de acordo com o
depoimento, o objetivo da visita do “doutor Freitas” foi receber
recursos para a campanha presidencial de Aécio originadas de propinas
entre construtoras que prestavam serviços à Petrobras.
Vale
aqui recordar o comentário do jornalista da Rede Band, Ricardo Boechat –
que pode ser taxado de tudo, menos de ser petista: “Fernando Henrique
Cardoso está sendo oportunista quando diz que começa a sentir vergonha
com a roubalheira ocorrida na gestão alheia. É o tipo de vergonha que
tem memória controlada pelo tempo. A partir de um certo tempo para trás
ou para frente você começa a sentir vergonha, porque o presidente
Fernando Henrique Cardoso é um homem suficientemente experiente e bem
informado para saber que na Petrobras se roubou durante o seu governo”.
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