Procurador que vai investigar Capez tem como assessora esposa de Capez
publicado em 28 de janeiro de 2016 às 12:37
A coisa funciona mais ou menos assim…
Fernando
Capez (PSDB) preside a Assembléia Legislativa de São Paulo. É acusado
de receber propina de 10% na venda de merendas para o governo do Estado.
Como parlamentar só pode ser investigado pelo procurador-geral de Justiça em São Paulo, Marcio Elias Rosa, cuja assessora é….Valéria Capez, sua esposa.
A
esposa de Marcio Elias, Maria Rossa Elias Rosa, atua na Consultoria
Jurídica da Secretaria de Governo, ligada à Casa Civil, ou seja,
diretamente ao gabinete do governador.
Capez
já teve seu cunhado, um tal de Rogério Auad Palermo, como assessor
técnico procurador do Tribunal de Contas do Estado. Justamente quem
fiscaliza as coisas como, por exemplo, compra de merenda.
Enfim, como vocês podem perceber, a rede de corrupção no Brasil é mais vasta e larga do que os ingênuos querem acreditar.
Somente uma ampla reforma política pode mudar este quadro.
*****
Governo de São Paulo cancelou contrato para forçar propina, diz delator
REYNALDO TUROLLO JR.,THAIS ARBEX, ALEXANDRE ARAGÃO
28/01/2016 02h00
O
dirigente de uma cooperativa investigada em um esquema de fraude em
merenda escolar em São Paulo afirmou ao Ministério Público que a
Secretaria da Educação do governo Geraldo Alckmin (PSDB) cancelou um
contrato com a entidade para pressioná-lo a pagar propina.
Segundo
Cássio Chebabi, ex-presidente da Coaf (Cooperativa Orgânica Agrícola
Familiar) que fechou acordo de delação, a entidade venceu em 2013 uma
chamada pública –sem licitação, como autoriza a lei em caso de
agricultura familiar– para fornecer cerca de R$ 8 milhões em suco de
laranja para merenda da rede estadual.
Após
o início da produção da encomenda, a maior que a Coaf tinha, o governo
cancelou o contrato, trazendo prejuízos à cooperativa, que precisou
gastar para congelar a matéria-prima.
Foi
quando, de acordo com o delator, um dos operadores do esquema, Marcel
Ferreira Julio, disse ser ligado ao deputado Fernando Capez (PSDB), hoje
presidente da Assembleia Legislativa, e ter poder de destravar o
contrato. Era necessário fazer um “acordo” e pagar um percentual, o que
Chebabi aceitou. O depoimento foi prestado no último dia 21 em Bebedouro
(SP), onde fica a Coaf.
Conforme
a Folha apurou, a versão é considerada factível pelo Ministério Público
e está sob investigação. Em razão da menção a políticos com foro
privilegiado, como Capez, a apuração sobre envolvimento de órgãos
estaduais será feita pela Procuradoria-Geral de Justiça.
A
Secretaria da Educação confirmou à reportagem que cancelou a chamada
pública em setembro de 2013 e que fez uma nova no ano seguinte, vencida
novamente pela Coaf (R$ 8,5 milhões) junto com a Coagrosol (R$ 3,6
milhões) –cooperativa que já era fornecedora do Estado. Sem explicar
motivos do cancelamento da primeira chamada, a pasta disse que o segundo
contrato foi mais vantajoso.
O esquema na merenda, que tem no centro a Coaf, foi desmontado na semana passada pela Operação Alba Branca.
Apontado
como o lobista ligado aos contratos com o governo Alckmin, Marcel é
filho do ex-deputado Leonel Julio. Ele ainda não se apresentou à
Justiça.
O
depoimento do ex-presidente da Coaf prosseguiu relatando que Marcel lhe
contou que a antiga empresa fornecedora da Educação, a Citricardilli,
havia pagado R$ 100 mil para o então secretário da pasta, Herman
Voorwald, para ele não assinar o contrato com a Coaf e abrir uma nova
chamada pública.
Outro
investigado, o vendedor da Coaf Carlos Luciano Lopes, disse em
depoimento que Capez pediu à Educação para abrir nova chamada e advertiu
Voorwald para que a Coaf a vencesse.
O funcionário da cooperativa disse que, nesse contrato, foram pagos 10% de comissão, repassados a Marcel.
O
promotor Leonardo Romanelli, do Gaeco de Ribeirão Preto, que atua na
região de Bebedouro, criticou a divulgação dos nomes de deputados
citados por investigados e disse que essa parte da apuração começará na
próxima semana na Procuradoria-Geral de Justiça, em São Paulo.
OUTRO LADO
A
Secretaria da Educação do Estado de São Paulo afirmou, em nota, que o
contrato advindo da segunda chamada pública foi mais vantajoso que o da
primeira. Questionada, não explicou o motivo técnico do cancelamento.
“A
[segunda] chamada registrou redução no preço de 8,3% no valor para
unidades de suco de laranja de 200 ml –saindo de R$ 1,56 para R$ 1,43– e
de 1,61% nas unidades de 1 litro, saindo de R$ 6,20 para R$6,10″, disse
a secretaria.
“A
Pasta segue a legislação do Programa Nacional de Alimentação Escolar
(PNAE) criado pelo governo federal, que institui a inserção, na
alimentação escolar, de 30% de alimentos cultivados e produzidos por
meio da agricultura familiar e se mantém à disposição da Polícia Civil e
do Ministério Público no que for necessário para dar sequencia às
investigações.”
A Folha não localizou Herman Voorwald ou Marcel Julio. Fernando Capez negou envolvimento no esquema.
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