O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) diz
que o vice-presidente Michel Temer lhe telefonou na véspera da viagem para os
Estados Unidos preocupado com a difusão do discurso de que "há um golpe em
curso no país" e pedindo ajuda para desmontar a tese.
Presidente da Comissão de Relações
Exteriores e Defesa Nacional do Senado, Aloysio afirma em entrevista à BBC
Brasil que defenderá a legitimidade do impeachment em suas reuniões com as
autoridades norte-americanas.
"Conversei pouco antes de vir com
Temer, quando ele manifestou preocupação com esse tipo de orquestração
promovida pelo governo brasileiro, que é profundamente lesiva aos interesses
permanentes do país. Uma das coisas que nos distinguem de muitos desses BRICS
(bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e outros que
concorrem conosco por investimentos internacionais é ser um país onde as
instituições democráticas funcionam normalmente, os direitos são respeitados, a
imprensa é livre, há segurança jurídica", disse o tucano.
Na entrevista, o senador critica o
secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luís Almagro.
"Creio que o diálogo com esse senhor não resultará luz nenhuma. Ele se transformou
num propagandista desta tese que o PT vem sustentando, de que há em curso um
golpe no Brasil", afirma.
O tucano diz não ver problemas que o
impeachment na Câmara tenha sido conduzido por Eduardo Cunha. "Ele tem
essa função. É o presidente da Câmara e será presidente da Câmara até fim do
ano. O que está sendo julgado no impeachment não é o presidente da Câmara, é a
presidente Dilma Rousseff. Ela cometeu delitos que são próprios da Presidência
da República", ressaltou.
Ele ainda defende que o Brasil mude suas
relações com outros países da América do Sul. "O PT, durante muito tempo,
fez política externa baseado numa convicção de que os EUA eram uma potência
decadente, um país imperialista, e era preciso então que o Brasil se alinhasse
a um novo bloco. Isso levou a um desvirtuamento do MERCOSUL, que de bloco
econômico visando a facilitar trocas comerciais e investimentos se transformou
em plataforma política. E levou a um alinhamento com países como Venezuela,
Equador, Bolívia, com prejuízos de interesses brasileiros. Nós queremos mudar
isso. Os EUA têm de ser um grande parceiro nosso", afirmou.
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